Cláudio Loes

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2008

Efemérides

Efemérides, conforme o Dicionário Aurélio significa um "diário, livro ou agenda em que se registram fatos de cada dia". Aqui não serão fatos do dia, se bem que possam servir de estímulo muitas vezes, serão as reflexões,as ideias, os sentimentos. Um diálogo constante com o incerto, o desconhecido, o novo.

21/12/2008 Chega...
Toda essa crise está de um lado sendo administrada em doses homeopáticas de grande burrice. Primeiro ninguém admitia crise nehuma, o presidente do Brasil era confiante e dizia que não tínhamos nada a temer. Como a maioria da população é analfabeta e a rede de televisão passa por cima de detalhes como quanto do FGTS está indo para segurar a quebradeira, estamos em berço explêndido. Você pode dizer: bom tem jornais que são críticos e tornam as informações transparentes. Também reconheço, existem e fazem ainda pior, promovem a divulgação do mesmo remédio para os males da crise. Veja esse trecho da Folha Online de hoje: "Autoridades econômicas advertiram que crise pode piorar em 2009, se governos não tomarem medidas para animar o consumo, os investimentos e a criação de empregos". Se alguém depois dessa crise ainda quiser continuar sendo trouxa e reconhecendo alguma autoridade econômica, tudo bem, penso que elas continuam não servindo para nada que possa servir para toda a sociedade. Agora, continuar achando que dá para enganar é demais, chega. Se o aumento do consumo fosse a solução nós não estaríamos numa crise. Nossa crise econômica só reflete a nossa falta de ética, caráter, capacidade de autocontrole e por aí a fora. Vamos ser transparentes e dizer que é uma luta de poder e que está sendo esquecido um participante, que está agindo bem rápido e pode até colocar de fora todos os outros, inclusive eu e você. A crise econômica é só a ponta do grande iceberg da crise ambiental. Se alguém faltou nas aulas de biologia, procure ler sobre a experiência com ratos e alimentação.

20/12/2008 Moça do baile.
Todos estão vindo para dançar. Ela está lá quieta no seu canto. A música é animada e ninguém vem procurá-la para dançar. Ela até pensa em ir embora, fala com quem está perto e o baile segue. Quando o baile já segue adiantado, o rapaz olha e vê a moça. Vai em sua direção e meio sem jeito diz que não sabe dançar direito e que mesmo assim gostaria de dançar com ela. Ela ceita e saem para dançar. Ela sabe dançar bem e o rapaz acompanha. Descobrem a alegria de uma bela dança e de como é bom estarem juntos num momento de eternidade ao som da música. A noite poderia seguir sem fim para os dois. A orquestra toca a última música e ninguém quer parar de dançar. Daqui a pouco o cantor do conjunto estaria na porta com o microfone procurando o caminho de casa e ninguém notaria, todos continuariam dançando cada um a sua música preferida. O baile termina e a moça também vai para casa. Talvez num próximo, mais confiante, poderá se atrever a tomar a iniciativa. Não importa quem convida e nem o tipo da música o importante é viver o momento de alegria para que a vida possa abrir suas possibilidades de felicidade. Afinal, a moça do baile sabe o que é ficar sentanda vendo os outros dançarem.

19/12/2008 Três amigos.
Dois homens e uma mulher que se reunem para um encontro que poderá ser o último ou o primeiro de muitos que ainda virão. As profissões são diversas e as origens também. Todos tem em comum serem descendentes com costumes e culturas diferentes. Em comum eles tem a capacidade de estarem atentos e perceberem o que acontece sem se enclausurar.

17/12/2008 Dirigir pelos outros.
Recentemente num cursco de direção defensiva ouve grande insistência por parte do instrutor sobre o dirigir pelos outros. Daria para pensar sobre diversos aspectos. Penso que o trânsito tem um fluxo que se cria a todo instante dependendo dos atores presentes. Se estiver pensando em dirigir pelos outros dificilmente sairia do lugar, acontece um certo automatismo do conjunto. O dirigir pelos outros talvez pudesse ser melhor entendido como tomar consciência desse conjunto e dos riscos inerentes a ele. No entanto, após o curso coloquei como objetivo pessoal baixar a agressividade quando ao volante. É de arrepiar o que vai acontecendo, a quantidade de ações perigosas que se passa a observar é tamanha que penso que o próprio ato de dirigir tem ligado a ele essa agressividade. Vestindo a armadura e saindo para lutar, custe o que custar. Por isso, quando posso ainda prefiro o transporte público e ele faz muita falta para que possamos exercer uma convivência melhor do coletivo.

16/12/2008 A imagem também faz parte.
Vendo ultimamente as fotografias de nosso presidente da república dá vontade de pedir para que tire umas férias. Todo inchado, cabelo desarumado, olhos de peixe morto, passa uma imagem de melancolia e tristeza, ou então de fim de festa. Será que isso está contribuindo para os altos índices de popularidade em plena crise? Pelos resultados parece que sim e posso estar sendo meio careta por achar que a imagem também faz parte.

14/12/2008 CET
Deve ser uma sigla que para alguns trás lembranças. Aqui vou colocar algumas: Como Encontrar Tontos, Centro de Encrenca dos Transportes, Condição Estável de Transtornos, Como Enaltecer o Tributo, Centro de Engarafamento e Tumulto. Fique a vontade e acrescente as suas. Aqui deveria ser Companhia de Engenharia de Trânsito. Penso que todos devem ter formação de engenheiros hidráulicos, com todo respeito aos engenheiros hidráulicos. Aqui eles estão em lugar errado, aplicado conhecimentos adquiridos. Um exemplo é ver como os semáforos só abrem quando a rua está cheia até o outro semáforo. É uma ação como encher um tanque de água, quando está quase cheio fechamos a torneira. Numa avenida tem uma placa dizendo, semáforos sincronizados, deve ser mais para decoração natalina do que para fazer fluir. O corredor de ônibus fica tão estreito que o motorista tem que ser um verdadeiro equilibrista, sempre na faixa bamba. Quando o trânsito piora muito do nada um dos palpites que dá certo na maioria das vezes é que o semáforo em frente quebrou e tem um guarda fazendo o controle do fluxo. Isso só não acontece quando descobrem que um somente não consegue dar conta porque na maioria dos locais não dá para saber como estão os outros cruzamentos.

12/12/2008 Pastel na feira.
Hoje fui comer um pastel na feira e a mulher que atendia estava comendo uma banana. Disse a ela que não iria perguntar se o pastel estava bom porque ela já tinha antecipado a resposta. Ela sorriu e disse: é só para mudar o gosto, acho que vamos começar a servir pastel de banana também. O ritmo da feira vai de acordo com o tempo. Quando o dia é ensolarado a movimentação é grande e todos seguem animados, quando o dia é nublado como hoje, quem vende está sem vontade e quem compra também leva pouco. Prefiro os dias nublados, dá para escolher com calma e as frutas e verduras estão melhores.

11/12/2008 Solução para a crise financeira.
Penso que a maioria deve estar com venda nos olhos. Todas as soluções que aparecem só falam de crescer, melhor o crédito e aumentar o consumo como forma de conseguir passar pela crise. Quando é que vamos conseguir ampliar os horizontes e perceber que o problema é justamente o consumo que acaba com o meio ambiente. As empresas tidas como "responsáveis" estão tirando o corpo fora. Deixando de patrocinar projetos que vão no sentido da sustentabilidade mostram claramente quais são seus bojetivos verdadeiros. Ninguém patrocina uma organização que depois venha a fazer críticas ao próprio modelo de negócio do patrocinador. Quando vamos ouvir mais pessoas falando sobre questões mais profundas como por exemplo o número de pessoas que o planeta comporta. Existe um aqui, outro ali, e os que deveriam promover esse diálogo mais amplo promovem justamente o contrário. Afinal, quanto mais pessoas e de preferência pobres, mais fácil torna-se exercer o poder e arrecadar fundos para objetivos que dificilmente serão contemplados na realidade.

10/12/2008 Anos que passam.
Quanto mais velho fico penso que a vida é melhor mesmo com todos os infortúnios. Dizem que não é bom usar a primeira pessoa, mas prefiro porque ela me torna responsável e coresponsável por tudo. Quando digo nós, incluo os outros para poder dar uma desculpa se algo não der certo. Claro que quando só pode dar certo com o nós e não dá aí não tem jeito. Ficar velhos para muitos é um peso e para mim é como se a juventude fosse aumentando. Tenho todas as dores, problemas e tudo o mais da idade, mas a cada dia fico mais impressionada com minha própria vontade de com curiosidade seguir em frente. Mudanças, trapalhadas, novidades, tudo para ser encontrdo quando me encontro comigo mesmo. Quando me encontro sempre posso encontrar os outros e perceber neles suas alegrias, desejos, frustrações e modo de ser.

8/12/2008 Marina.
Hoje fomos visitar uma grande amiga do Grupo Escoteiro Duque de Caxias. Falar da Marina sempre é pouco e nos anos de nossa convivência sempre tivemos bom entendimento e apreço pelo trabalho que desenvolvemos juntos. Ela é uma daquelas pessoas que sempre vai estar no coração e sempre será lembrada. Conhecendo a casa onde mora fiquei admirado com a graça com que apresentou uma árvore frondosa no jardim e que ela mesma plantou. Um exemplo que em meio a tanta destruição do meio ambiente numa cidade como São Paulo prova que se cada um quiser podemos mudar e melhorar aquilo que está próximo, no entorno no qual estamos inseridos. Só posso agradecer e ficar profundamente emocionado.

7/12/2008 Direção Preditiva.
Recentemente, quando da renovação da Carteira Nacional de Habilitação, ao invés de estudar por conta própria e prestar a prova sobre Direção Defensiva e Primeiros Socorros, resolvi fazer o curso. O curso foi muito bom e recomendaria a todos, mesmo aos que já sabem tudo, só a experiência de conviver algumas horas com outros motoristas é um aprendizado. Passaram-se os dias e essa coisa de direção defensiva ficou martelando, pensava quando dirigia e algo não fechou. Parei um pouco mais e aí apareceu. O termo direção defensiva, de certa forma reconhece como legítima a outra parte, digamos uma direção atacante. Ora, nesses tempos de competição, onde tudo gira em torno do obter sucesso, atacar, usar a arte da guerra, o termo direção defensiva é péssimo. Ele vai continuar mantendo o que já existe e simplesmente os que praticarem a direção defensiva sempre se sentirão como bobos e tontos, mesmo com todas as estatísticas sobre mortes no trânsito. Uma mudança só é possível quando o vocabulário relacionado a ela também muda. Assim, lá vai a minha modesta sugestão. Em vez de direção defensiva vamos denominá-la de DIREÇÃO PREDITIVA. Vamos lá, não é que o motorista vai predizer tudo o que pode acontecer, isso nem seria possível, mas seu cérebro estará voltado para possibilidades que podem ou não acontecer. Por exemplo a criança com a bola na calçada, não quer dizer que ela vai sair correndo e atravessar a rua, mas pode acontecer. Como disse o instrutor, antes se aprendia que você dirigia para você e para os outros, hoje se ensina que você dirige para os outros. O termo direção preditiva também tem o seu contrário, mas ele não estaria tão calcado numa cultura da guerra onde um defende e outro ataca. Pensando bem, todo o curso deveria ser reformulado e isso com o tempo iria dar outro visão a quem dirigisse de forma preditiva. Um modo de dirigir evoluído que com certeza contribuiria mais para nossa humanização tão necessária.

28/11/2008 O que falta?
Acompanho e também atuo no trabalho com crianças e ultimamente tenho uma constatação que tem tocado fundo. Nos tempos de criança nós vivíamos na cidade, mas no fundo era um sítio, tínhamos horta, plantas, criação de vaca, galinha, porco e tudo o mais. Minha lembrança remete aos tempos de escola, estudava meio período e no outro meio período ajudava na roça como se dizia e ainda sobrava um tempo para brincar em casa ou com os amigos da rua. Hoje num grupo de crianças que tem acesso a boas escolas e tudo quanto é tipo de informação e livros, vejo que elas ficam anestesiadas e querem estar ou na frente da TV ou jogando algum jogo eletrônico. São capazes de se alimentar e deixar os talheres onde estão sem nem se preocupar em levá-los até a pia. No momento só consigo ficar com a pergunta sobre o que está faltando para de fato podermos mudar e se essa mudança é possível.

27/11/2008 - O imprevisto previsível.
As enchentes de Santa Catarina fazem pensar e quando se está diretamente relacionado existe uma tensão muito grande. Mesmo longe me importo e tenho grande consideração pelos familiares e amizades que moram lá. A última grande enchente que ocorreu foi em 1983 se não estou enganado, de lá para cá uma geração inteira não conviveu com esse problema, ao menos nessa escala. Tem até os que constituiram família, tem filhos e não passaram por momentos difíceis quanto a enchentes. As pessoas continuaram a ocupar os lugares altos e esqueceram que esses lugares são um perigo quando um longo período de chuvas acontece. Isso é previsível, mas como não se tem a vivência o que acontece é tido como imprevisto, improvável. Em nome do crescimento os habitantes esqueceram a recomendação dos fundadores quanto aos locais em que se poderia construir. Foram para o alto porque a enchente não iria atingi-los e acontece que se muito alto tudo também pode vir a baixo. Nesse momento estamos nos mobilizando para a ajuda humanitária necessária e espero que o acontecimento sirva para repensar o nosso relacionamento com a natureza. Ela segue seu curso e se nós estivermos somente destruindo ela não se importará com nossa presença ou não. Somos parte da natureza e como tal devemos proceder procurando uma convivência saudável, benéfica a ambos.

21/11/2008 - Poder e controle.
Estava lendo numa lista sobre o supercomputador da receita federal e de tudo o que ele será capaz de fazer para controlar a sonegação de impostos. O poder nas mãos do estado sendo exercido sem nenhum consentimento de nossa parte. Claro que reconheço que existem problemas e que se todos fôssemos corretos nesta linha, inclui-se aqui quem gasta o imposto que recebe tudo seria melhor. Lembro ter lido algo tempos atrás sobre criação de moedas locais, com a função única e exclusiva de permitir as transações em determinada localidade. Um moeda sem o peso da inflação porque ela só serve para facilitar a troca de bens, produtos e serviços. Não lembro que fizessem menção a um controle que não fosse somente o da moeda em si e da sua circulação. Ela não serve para fazer aplicações, empréstimos ou outro que pode sofrer variações e já carrega o peso da valorização ou desvalorização. Será que não deveríamos pensar melhor e apreciar as novas formas de relacionamento financeiro em vez de grandes controles que são somente um exercício de poder do estado? Poder que é dado por cada um de nós que depois concorda com tudo sem se manifestar. Nossa distribuição de renda é uma vergonha e quando vejo o impostômetro brasileiro na casa de bilhões de reais fico imaginando quantos sonham em poder abocanhar parte e que em conseguindo sempre vão querer mais.

19/11/2008 - Quebradeira.
Toda essa crise está confirmando que o mercado não regula coisa nenhuma e que quando as coisas apertam todos recorrem a socialização do prejuízo. Isso vem mostrar cada vez que o capitalismo, a livre concorrência no fundo no fundo não existem. Uns injetam dinheiro para salvar empresas, outros subsidiam a produção para tornar os produtos "competitivos" e outros impõe barreiras fitossanitárias que no fundo tem o mesmo efeito. E aí vai o dinheiro do contribuinte, daquele que paga seus impostos e que quando não consegue emprego não tem quem o ampare. Por que então ficar salvando empresas? A desculpa é que seriam muitos desempregados, no entanto o desemprego acontece e continuamos a crescer em número de bocas para serem alimentadas. Penso que chegará o momento em que nem com injeção de dinheiro teremos a solução do problema. A GM por exemplo está quebrando porque fez apostas erradas quanto aos tipos de carros, grandes e com consumo alto de combustível. Só que a desculpa da quebra é de que os funcionários tinham salários muito altos fora outras mordomias. Assim, vamos ficar atentos para ao menos não passarmos por trouxas.

15/11/2008 - Quanto vale uma pessoa?
Frente a essa pergunta cada um pode estar dando um valor com base em algo. Por exemplo de acordo com o que ela sabe fazer, pela sua formação e tantos outros. Vou então refazer a pergunta: quanto vale a vida de um ser humano? Sinto em dizer mas nas atuais circunstâncias depende. A ex-dona de um banco tem seu filho morando na Suíça porque ele está ameaçado de rapto. O cliente das Casa Bahia de Itapecerica da Serra - SP, por estar digamos em trajes suspeitos, mesmo mostrando a Nota Fiscal, morreu com um tiro dado pelo segurança, ali na frente de todos. O tio, senhor importante da sociedade, quando chega ao local onde o sobrinho tinha atropelado uma pessoa, pega o rapaz rapidamente e foge. Penso, repenso e vejo a cada instante mais mães criança na ruas e leio por outro lado que já somos pessoas, humanos demais para a terra dar conta. Como tudo é medido por cabeça, você tem um valor para o estado, um para o banco, outro para o comerciante e assim por diante. Passamos a ser peças que podem ser descartadas a qualquer momento, mas não é bom que seja em massa porque isso poderia tirar o poder de alguém. Perdemos todo e qualquer referencial do valor de uma pessoa, da riqueza de sua experiência de vida. Pense e repense, veja como é difícil valorar a partir daquilo que somos, seres humanos.

14/11/2008 - Troca de cartas
Hoje temos uma facilidade incrível para entrar em contato com alguém a qualquer tempo e a qualquer hora. Alguns nem desconfiam algumas vezes do horário, mas tudo bem é alguém querendo falar. Talvez alguns tenham conhecido os tempos sem internet e sem celular. Escrevia-se uma carta e depois ficava-se ansioso esperando a resposta. Com sorte dava para fazer chegar um cartão de aniversário no dia certo, também não existia o serviço de entrega agendada. E com tudo isso ficamos cada vez mais longe, isolados uns dos outros. Se você diz que está indo na casa de alguém, ele automaticamente pergunta o que você quer. Fica todo desconcertado se você diz que só quer conversar um pouco. Fico imaginando quanta coisa acontecia com aqueles que trocavam cartas que levavam dias, semanas, para chegar. A vida precisa ter as pessoas como referência e precisamos aproveitar estar com elas hoje porque amanhã poderão já não estar.

13/11/2008 - Ser aquilo que sou
Uma grande amiga - as amizades verdadeiras duram para sempre mesmo que tenham que passar pela prova do tempo - escreveu: "consegui entrar em seu diário, que aliás achei muito interessante. Você analisa fatos corriqueiros de forma crítica e por vezes bem humorada". Respondi: "Agora que tenho uma leitora crítica preciso prestar mais atenção. Mas, pensando melhor, vou continuar a escrever como sou, prefiro qualquer crítica a ser criticado por não ser aquilo que sou". Nestes tempos de incerteza e de grandes mudanças precisamos cada vez mais ser aquilo que somos, seres que dependem da natureza e que descobrirão no seu próprio ser a harmonia de conviver com tudo e com todos.

12/11/2008 - Espécie autodestruidora
Posso ficar muitos dias sem acesso a notícias e na primeira volta tudo continua na mesma. Somos uma espécie competitiva e predadora. Pior, onde só há competição acontece a autodestruição. O ministro da agricultura do Brasil quer tornar lei ambiental mais "viável", conforme notícia veiculada na Folha Online. "O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) propôs ontem que produtores rurais façam doações em dinheiro para um fundo ambiental como alternativa à recomposição da vegetação devastada em suas propriedades." A vegetação devastada nas propriedades só piora as condições agrícolas das mesmas e recomendo a leitura do livro de Janine M. Benyus, Biomimética - Inovação inspirada pela natureza, para saber mais sobre projetos inovadores que vão justamente no sentido inverso da proposta do ministro. De nada vai adiantar querer compensar os estragos de casa em outro lugar, o estrago sempre vai estar lá e tornará nossa vida enquanto espécie um grande risco. Lembro de um navegador que passando pelo litoral paranaense dizia: estão investindo na preservação da mata atlântica, querem que preservemos o seu jardim, só que isso apesar de bom não será suficiente se também não preservarem os seus próprios jardins, basta um lugar com problemas ambientais e todo o resto vai sofrer as conseqüências. Penso que seria bom pensarmos a respeito.


8/11/2008 - Dois amigos
Estive visitando meu pai que optou por passar sua vida numa casa de descanso e repouso para idosos. Perguntei se estava bem e ele disse: sabe, na minha idade cada vez que se muda de um lugar para outro perde-se algo, aqui tenho meus amigos e amigas, conversamos, rimos, observamos um ao outro e nos visitamos continuamente. Afinal, temos todo o tempo livre para isso e gosto da pontualidade das coisas por aqui. Mais tarde fui tomar café com todos e na mesa outro senhor estava sentando em frente ao pai e disse: seu pai é bom companheiro de dupla quando jogamos. Meu pai responde: ele é que e bom sempre ganha. O amigo retruca: mas se não fosse seu pai não poderia ganhar. Na hora eu parei e é como se algo tivesse passado como um vendaval. Estavam aí dois idosos fazendo o que deveria ser comum a todos nós. Reconhecer que o outro ganhou, reconhecer que o outro ajudou a ganhar, estabelecer um vínculo, uma dupla de ganhadores.

2/11/2008 - Realidade e imaginação.
Penso que a partir do momento que pensamos nossos próprios pensamentos confundem-se com qualquer outra coisas, quer seja real ou não. Afinal, o que é real se não aquilo sobre o que penso, faço interações, crio certezas e enganos. A riqueza está nessa troca constante que talvez tenham feito com que nossa espécie tenha existido até hoje. Tem uma frase que diz mais ou menos assim: "o universo começou sem nossa presença e mais para frente continuará existindo sem nossa presença". Peço desculpas ao autor por não lembrar seu nome. A importância da frase é que faz refletir e perceber que não é possível continuar a cresce e crescer sempre mais e dominar toda a terra. O universo segue seu curso, sua realidade, que nossa imaginação pode criar diversos cenários e nenhum deles ser aquele que está acontecendo. Um confusão que gera a riqueza da incerteza do amanhã.

1/11/2008 - Desenho animado.
Enquanto estava na sala de espera do consultório vi parte de um desenho animado que não sei o nome da série. Tem três garotas que supostamente vão resolver problemas como heroínas. O vilão é um cientista que não agüentava mais ver a destruição das florestas e criou uma planta que quando percebia que um humano se aproximava para destruí-la colocava o dentro de um casulo e mantinha preso com vida. Acontece que o experimento saiu de controle e a árvore defensora passou a agredir as pessoas e as heroínas do desenho conseguiram acabar com ela. Parece até uma estória modesta e possível só que o desenho de certa forma deixa de lado a questão da defesa da floresta e tudo acaba aí. As heroínas não vão cuidar da floresta que existe, simplesmente deixam que tudo o mais aconteça. Não dá para acreditar que o autor do desenho não tenha outras intenções, porque de certa forma ele está incutindo a idéia nas crianças, de forma sutil de que devemos continuar destruindo e seguindo em frente pelo bem de todos. Que bem é esse? O comportamento da árvore defensora que virou agressora, pode ter escondido justamente nosso modo de agir. Começamos como defensores e depois nos tornamos agressores. Isso não aparece e pior ainda é aceito como normal num desenho animado supostamente "inocente".

30/10/2008 - Amigos da rua.
Dois alunos estudam na mesma classe, são vizinhos na rua, quase de frente e não se conhecem. Isso pode ser um fato isolado ou torna-se comum na medida em que vamos nos refugiando dentro de nossos apartamentos e casas. A rua deixou de ser um lugar de convívio social, do bom dia, do sorriso no rosto. Experimente sair com uma cara alegre e cumprimente as pessoas observando suas reações. Tenho feito esse experimento e percebo que os mais idosos sorriem naturalmente como se estivessem recuperando um antigo costume que tornava todos mais humanos, cooperativos, participantes. Sempre cumprimento o porteiro do colégio e experimentei um dia não cumprimentá-lo, ele se levantou e disse: olá, bom dia. Respondi e tive a impressão de que ele ficou contente por ter tomado a iniciativa de algo que deveria ser normal e comum.

26/10/2008 - Quem é o povo?
Pelo visto continua sendo o mesmo dos tempos da idade média ou de qualquer outro tempo. Aquela maioria que não exerce o poder. Se bem que hoje em dia existem folgas de poder e de tempos em tempos faz-se uma troca merecida ou não. E os políticos ainda se consideram povo brasileiro, só que no discurso não é bem assim e podemos ter a seguinte manchete: "...prefeito derrotado diz que população deve fiscalizar a gestão do prefeito eleito..". Isto é, o prefeito derrotado deixou de ser povo, vai estar esperando a próxima oportunidade para tomar o poder. Enquanto isso o povo continua pagando a conta e tendo que por dever exercer o direito de votar. O direito é um exercício livre, não pode ser obrigação. Devemos continuar tendo eleições porque é o melhor que temos para dar condições da sociedade continuar existindo, mas daí ser obrigatório pode ser algo a ser revisto na medida em que a sociedade amadurece.

25/10/2008 - Ser incerto.
É difícil ter que ouvir uma afirmação do tipo: escuta, você não pode dizer que é incerto, ou é sim ou é não. Isso está relacionado a uma pergunta sobre poder assumir um compromisso voluntário por alguns dias daqui a três meses. A situação é que não sei no momento como vou estar daqui a três meses por motivos de mudança. A pessoa queria uma resposta certa e de nada adiantou ponderar que: se tudo estiver certo com a mudança a resposta é sim e que se estiver mudando no mesmo período a resposta é não. Porque queremos nos agarrar a certeza inexistentes, talvez porque gostemos do "Cavaleiro Inexistente" de Ítalo Calvino, por fora tudo dentro dos padrões, das respostas certas e por dentro simplesmente vazio e incerto. Poderia existir ou não. Tudo depende de nossa abertura para o incerto, o imprevisto, o aleatório.

24/10/2008 - Livre?
Agora a pouco li algumas declarações entediantes para esses temos de incerteza econômico-financeira. Devemos continuar acreditando no livre mercado e no livre comércio porque ele é o que até agora nos deu mais empregos, mais condições de sair da pobreza e mais, e mais e mais... Será? Sempre serei a favor da liberdade de pensamento e de expressão, mas será que é tudo isso ou não sabemos mais o que é livre mercado e livre comércio. Penso até que Adam Smith tornou-se uma leitura proibida para capitalistas.

23/10/2008 - Disputa de Poder
Toda essa estória de crise é só um acerto de poder. De um lado está o governo, de outro os investidores, de outro as grandes empresas e por fim a sociedade para pagar a conta de poucos charlatões e aproveitadores. A sociedade como sempre refém de oportunistas e que devido a complexidade das relações consegue ter pouca atuação para termos um mínimo de ética em nossas relações. Por isso que as saídas começam a aparecer nos pequenos grupos que se organizam regionalmente mantendo entre si uma ética comum.

20/10/2008 - Minha Culpa
Recebi uma crítica sobre essa questão de consumir por alguém que anos atrás ouviu proferir uma palestra falando sobre a solução para os negócios na busca do mercado não consumidor, uma vez que os custos entre quem já consumia seriam maiores. Reconheço que falei isso e fico contente em saber que mudei, que consegui perceber que não adianta tentar uma solução econômico-financeira para depois deixar tudo melhor. É necessário mudar o modelo de consumo e que esse deixe de ser o ponto de relacionamento único e exclusivo entre as pessoas. Reconheço também que isso não se adquire de uma hora para outra e que muitas leituras e reflexões foram necessárias para ampliar a questão. Ainda tem muito chão pela frente, o importante é estar aberto e querer mudar.

19/10/2008 - Consumir, consumir, consumir.
Um dia desses vai ser difícil encarar qualquer pessoa que tenha na mão um folheto, uma propaganda, um catálogo, um guia de eventos, ou até um livro. Se bem que para um livro se for bom dá para encontrar solução procurando um leitor interessado. O porteiro entrega um envelope branco onde está escrito pizza. Pela cor interna do papel dá para saber que é da pizzaria próxima ao prédio. Educadamente digo que não preciso e que vai ser um papel sem uso rolando pela casa, e depois virando lixo. Aí ele responde: mas não tem problema eles deixaram muitos aqui. Desisto e vou embora deixando o envelope. Uma conhecida passa dois catálogos diferentes de programação sobre os quais me interesso. Daqui a pouco ela volta com mais dos mesmos. Digo: só preciso desses, deixe para outra pessoa poder consultar os outros e além do mais isso vai gerar lixo, problema ambiental. Ela: não se preocupe tenho mais aqui para distribuir. E ainda continuo acreditando que vamos mudar nosso padrão, viver de forma a não agredir o meio ambiente, chegar num tamanho de população possível para viver nesse planeta finito.

18/10/2008 - Público e privado
Venho a algum tempo pedindo providências quanto ao uso privado por parte dos construtores de um prédio da calçada de pedestres que é pública. A resposta que recebi é que minha solicitação foi encaminhada para estudos. Hoje, passando por lá tinha um trator manobrando no local sem a mínima condição de segurança dos pedestres. Será que o resultado do estudo só virá quando a obra terminar ou quando acontecer algum acidente?

17/10/2008 - Exposição escolar
Estive na exposição da escola e um dos trabalhos, sobre o cantor Chico Buarque chamou a atenção pelo material e conteúdo da exposição. Uma equipe de alunos do ensino médio estava ali engajada em fazer o melhor para apresentar o cantor. No final fiz uma pergunta a uma aluna: por que hoje os estudantes não seguem tais exemplos e tornam-se mais participativos dos rumos da sociedade. "Acho que é porque somos alienados, temos casa, comida, roupa lavada, diversão e tudo fica como está. É só olhar para o nosso grupo, só conseguimos reunir essas pessoas para um trabalho como esse, que exigiu sair do habitual e pensar sobre o exemplo do Chico." Sugeri então que eles aproveitassem o trabalho realizado e pensassem sobre a possibilidade de saírem da alienação e fizessem uma releitura para os dias de hoje, no contexto atual, onde também se faz necessário o movimento estudantil. Ela disse que essas idéias passaram pelo grupo e que iria falar mais sobre o assunto com o grupo.

16/10/2008 - Viajante
Viajar é muito bom para ampliar o nosso pequeno horizonte, porque mesmo quando viajamos podemos estar muito fechados e nada perceber do que se passa ao nosso redor. Passando por uma vasta região agrícola dá para ver o que é acabar com a água nossa fonte de vida. O pior é que continua-se buscando aumento de produtividade em detrimento da natureza. O que se vê são terras degradadas, nas quais se nada for feito teremos em breve um deserto. Ainda bem que se vê também aqueles que conseguem produzir em harmonia com o meio ambiente. São poucos mas dão o exemplo. Só resta saber se será seguido e se teremos tempo para mudar e entender que somos totalmente dependentes da natureza.

8/10/2008 - Que crise?
É por demais chato ouvir os comentaristas nesse período de crise. Todos falam dos fatos passados, com estilo, bem vestidos, terno, camisa branca e gravata vermelha ou azul. Todos só pensam no sistema causa efeito e bem localizado no setor imobiliário. Será que existe causa única? A população tem aumentado apesar dos indicadores. Aumento no sentido, estão nas cidades e não produzem seu sustento. E existem diversas previsões de que ainda chegaremos a algo em torno de 11 milhões de habitantes. Claro que isso pode não ter valor nenhum como o peru de natal que é alimentado todos os dias e depois de acreditar que tudo está bem morre em um único dia. Algo inesperado para o padrão ao qual ele estava acostumado. Mas, penso que podemos pensar no porque alguns padrões vem acontecendo. Quais são as outras possibilidades que podem estar escondidas. Existe por exemplo um jogo de poder que é exercido desde formas toleráveis até a total sacanagem. No Brasil por exemplo que tem repasses do governo federal para os municípios a conta é feita pelo número de habitantes. Resultado: quem vai querer conter o aumento da população se em tendo mais se ganha mais? Correr riscos é bom porque traz novas oportunidades, no entanto quando o risco é alto demais atinge todo o sistema e o resultado é que os ganhos que seriam auferidos acabam sendo socializados prejudicialmente com todos. E ainda teimamos em achar que o crescimento sem limites é possível. Não conseguimos ver que todo o meio e a natureza em especial são cíclicos, estão conectados em diversas cadeias complexas para poder ter condições de existir. Existe também uma outra possibilidade. As pessoas precisam primeiro estar abrigadas, ter uma casa, apartamento próprio, alugado ou hipotecado para continuarem consumindo. Tudo baseado no consumo exagerado. Abrem-se então linhas de crédito e todos estão felizes. No entanto como arcar com as despesas. No jogo de poder joga-se o prejuízo de volta para todos e aí temos uma crise porque pode ser que esse todos não consiga absorver tal impacto, o sistema todo cai. Precisamos urgentemente repensar tudo isso e sair desse padrão de que tudo sempre vai dar certo por aquilo que conhecemos do passado. Aquilo que conhecemos pode nos ajudar a buscar possibilidades que não aconteceram. Repensar valores, crenças arraigadas e tudo o mais.

7/10/2008 - Educação
Hoje estive acessando os sites dos Ministérios da Educação do Brasil e de Portugal. Fiz uma pesquisa rápida na área de software voltado para a educação. Procurei baixar os programas de Portugal e precisei mandar um e-mail informando que tinha um problema com o link. Recebi resposta em menos de uma hora informando o link correto. Analisando os dois programas tenho uma sugestão no sentido de permitir um intercâmbio de informações sobre os programas. Ambos os ministérios teriam muito a ganhar nesse sentido e a educação de ambos poderia ser enriquecida.

6/10/2008 - Jogatina
Penso que no momento atual com as bolsas de valores despencando pode aparecer uma grande chance de questionar quais os valores que nós seres humanos queremos para continuar existindo como espécie. Tudo parece ter se resumido a grandes apostas de poucos e que são pagas por todos os outros sem condições de protestar visto que precisam sobreviver em meio a esse turbilhão. Os erros cometidos estão sendo pagos por todos nós. Pense bem nisso quando for fazer compras. Reflita um pouco sobre o que há por trás daquela oferta, daquela propaganda enganosa. O fogo só continua ardendo se tiver mais lenha, que tal começarmos a pensar em retirar a lenha e descobrir outros usos para ela ou mesmo diminuir seu uso.

5/10/2008 - Eleições
Hoje é dia de eleições municipais para prefeito e vereadores. O voto é obrigatório e as ruas estão cheias de papel, gerando lixo para entupir bueiros e causar diversos problemas em cascata. O (a) candidato (a) com a maior cara de pau ainda escreve em seu santinho que tem como objetivo principal em sendo eleito cuidar do Meio Ambiente. Dá para acreditar nisso e em tantas outras promessas...

4/10/2008 - Crianças, um reflexo.
Uma grande atividade para crianças e a cada vez comparecem grupos em torno de cento e vinte crianças. Existe um pequeno diálogo e depois é aplicado um jogo de "coisas ao cesto", um jogo com três times e três cestas. No jogo quem tem a bola não pode andar e quem não tem pode aproximar-se do cesto adversário. O jogo é muito bom porque não tem dois times como a maioria que conhecemos e sim três. Deixando a sofisticação do jogo de lado, foi possível observar na maioria das crianças dificuldades para: 1) Ouvir instruções; 2) Formar trios ao invés de duplas; 3) Atuar em equipe. Um lembrete, as crianças tem atividades regulares desse tipo de atividade e não são crianças que passem por necessidades ou privações.

3/10/2008 - Campanha Eleitoral.
Fui ao posto abastecer e o valeteiro ao se aproximar disse: antigamente, as eleições eram diferentes, a gente via um sujeito interessado pela comunidade e aí várias pessoas iam ter com o cabra pra saber se teria tempo para ser vereador e defender os interesses da comunidade. Hoje é jogador de futebol, é artista, é profissional, não tem mais necessidade de ter interesse pela comunidade. Virou uma profissão. Por isso fico chateado de ser obrigado a votar e não conseguir mais levar aquele cara bom que tem interesse por todos.

2/10/2008 - Frase
Hoje li no adesivo de um carro " Deus deu uma vida e que cada um cuide da sua". Meu filho também leu e disse que eram possíveis uma interpretação positiva e outra negativa. A negativa é de que ninguém se preocupa com nada a não ser consigo mesmo. A positiva é de que se eu cuido da minha vida, vou respeitar o outro que também está cuidando da sua. Penso que a última em sendo boa não é a que é comum a maioria. Estamos numa crise civilizatória onde cada um cuida do que é seu e o resto que se dane. Isso sem falar do cuidado com as coisas que são públicas e de uso comum na comunidade. Vejo cada vez mais um uso privado da coisa pública e uma grande irresponsabilidade na manutenção da mesma.

1/10/2008 - O Desconhecido
Estou lendo o livro "A lógica do Cisne Negro" de Nassim Nicholas Taleb. Foi uma indicação de leitura e está sendo ótima tendo em vista os acontecimentos atuais relacionados com a crise financeira americana. Essa crise esconde um jogo perverso onde os ganhos sobre o que não existe são reclamados como de direito. O pior é que as soluções só tenderão a colocar mais lenha na fogueira beneficiando os irresponsáveis e fazendo com que toda a sociedade global pague por isso. Precisamos urgentemente sair dessa economia viciada e sem valores para encontrar outras possibilidades assim como aconteceu com o cisne negro.

30/09/2008 - Muros
Fico triste quando ando pelas ruas e vejo os muros altos para separar tudo. Quem fica atrás do muro sente-se protegido, ninguém vai poder ver o que está acontecendo. Ficando atrás do muro também perde todo e qualquer contato com o que o rodeia. Ver o por do sol ao longe é uma miragem de reflexos. Quem passa e tem o muro ao seu lado, também não vê nada e comporta-se como se nada fosse de ninguém e os outros que se danem. Andar pelas ruas verticalizadas é como andar pelos corredores de uma prisão que todos aceitam e que num ou outro ponto só aparecem alguns protestos da natureza, com suas árvores teimando e ter flores para mostrar que a vida ainda existe.

29/09/2008 - Biblioteca
Estamos colocando em caixas nossa mudança e o trabalho é grande porque existem três bibliotecas em casa. Uma amiga perguntou: precisa de tantos livros? Parei um pouco para responder. Depois dei uma explicação pessoal do porque gosto dos livros. De vez em quando gosto de passar pela biblioteca e descobrir coisas novas. Nos assuntos de meu interesse por vezes compro livros que não li ainda. Ganho livros também e empresto. Já emprestei e não voltou, assim como também estou com dois aqui que não são da biblioteca e preciso devolver. Livros para mim são como amigos inseparáveis que quando menos se espera estão lá para provocar, estimular, alegrar, servir de referência, levar ao prazer da leitura tanto individual como em dois ou mais. Incentivar a leitura é um hábito que jamais deve ser perdido. Lembro que na minha infância os livros eram caros e a biblioteca da escola e a municipal eram um lugar onde sempre tinha prazer em estar e poder vasculhar, passear e encontrar coisas novas, terras novas do pensar. Assim, vou sempre incentivar que se tenha uma biblioteca.

28/09/2008 - Ética do Bem Comum e Ética do Meio Ambiente
"infelizmente somos herdeiros - e por vezes praticantes convictos- de um sistema ético mal-elaborado ou, até mesmo, deformado. Crescemos orientados por preceitos de uma moral individual ( para não dizer individualista). Damo-nos por honrados e probos se, nas relações interpessoais de nossa esfera individual, não nos apropriamos indevidamente dos bens de outrem ou não lhe fazemos violência. Saldar débitos, cumprir a palavra, não causar prejuízos são obrigações das quais, em rigor, não nos poderíamos vangloriar - são comezinhas. Se ficarem nisso, exclusivamente, e descurando a visão social, elas se revestem de certo caráter farisaico. A moral que nos falta - pensando em termos de Ética do Bem Comum e Ética do Meio Ambiente - é aqueloutra menos conhecida e praticada: a moral de cunho e alcance sociais. Mas não temos sido habituados a pensar e reagir impulsionados por este tipo de moral, por esta espécie de cosmovisão que nos faz considerar e respeitar o mundo como "nossa casa". A moral tradicional não desenvolve a necessária solidariedade com o Planeta vivo nem com os nossos semelhantes. Ao contrário, a tendência que provém de instintos primitivos é tornarmo-nos senhores das coisas à nossa moda pessoal e em função de interesses nem sempre justificáveis, embora racionalizados inteligentemente. É como se tudo fosse de ninguém, de tal modo que res nullius fiunt primi occupantis, em outras palavras: "eu ocupo, logo é meu; e em sendo meu, faço o que bem entendo (...), não importando o que e como deva ser moralmente entendido de minha parte". [MILARÉ, Èdis. Direito do Ambiente - doutrina - jurisprudência - glossário. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p.111.]

27/09/2008 - Educação x Escolarização
Aos poucos parece que muitos estão começando a se dar conta de que é necessário que tenhamos mais educação. Diria que precisamos manter viva a lembrança de que existe um processo humano chamado educação. Ele vem desde o momento de nossa concepção e nos acompanha até o túmulo. Usei o termo manter viva a lembrança porque vejo uma grande confusão entre educação e escolarização. A confusão é grande e nem sempre uma boa escolarização garante uma boa educação, porque o processo educacional é mais amplo que emitir informação e cobrar por uma informação recebida e armazenada. Faço uma comparação do tipo: escolarização é como dar instruções a uma maquina, um robô. A máquina repete as instruções mecanicamente até a exaustão, ou quebra de partes e peças, ou falta de energia. Já educar é conviver, perceber, refletir, imaginar, criar novas relações. Uso até a definição estabelecida pela Unesco: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Educação um constante aprendizado.

Crise econômica (continuação)
Observações são sempre bem vindas. Um leitor achou que falar da corrida de Cingapura poderia ser algo muito pequeno frente aos problemas e impactos ambientais. Sempre vou defender qualquer um de dizer o que pensa mesmo que não concorde. Mas, também vou defender meu direito de discordar do que quiser. Se forem medidos todos os impactos da corrida em si, pode não ser muito, mas com certeza uma atitude diversa faria toda a diferença e teria divulgação global. A semente por mais pequena que possa ser contém uma árvore em potencial.

26/09/2008 - Crise econômica
Certa vez ouvi o eco-economista Hugo Penteado dizer em uma palestra que o sistema econômico como o conhecemos iria quebrar antes do Meio Ambiente. Será que estamos chegando nesse ponto com toda a crise americana? Estamos não só numa crise econômica mas numa crise civilizatória. Agora a pouco assisti a notícia que falava da corrida de Fórmula I que será realizada em Cingapura e da tecnologia empregada para iluminar a pista uma vez que a corrida será noturna. A reportagem ainda enfatizava o jargão de que dinheiro atrai dinheiro. Será que não passa na cabeça de ninguém que isso também contribui para os problemas que temos? A corrida em si já é um problema ambiental e ainda vamos aumentá-lo.

25/09/2008 - Liberdade de expressão
Embora não concorde com nada daquilo que você diga acredito sempre no seu direito de liberdade de expressão. Vejo uma propaganda de uma empresa e ela é considerada uma promotora dos problemas climáticos, seja porque seu produto não é biodegradável ou mesmo seu processo de fabricação gera resíduos que a natureza não consegue dar conta. Essa empresa tem dinheiro, pode dizer o que quiser e o canal de televisão agradece. É um sistema muito bem orquestrado que pega a todos e planta lá sua idéia sem que nos demos conta. E aqui estou querendo pode falar sobre isso e tenho somente um pequeno e minúsculo canal de comunicação. Que por mais amplo que possa ser, milhões podem acessá-lo, não consegue ter a mesma liberdade de expressão para a maioria das pessoas. Penso então que além de defender a liberdade de expressão, ela deve ser defendida no mesmo veículo de comunicação no qual outra liberdade de expressão tem total direito e domínio.

24/09/2008 - Mudança
Toda mudança é dolorida porque ela implica em deixar uma zona de conforto. Para que a mudança ocorra é necessário energia, o elétron quando muda de posição precisa armazenar uma energia para saltar, nem mais nem menos. Quando a mudança é iminente e seu ciclo começou o que pode torná-la melhor é observar o pensar, o sentir, as ansiedades e tantos outros. Devemos manter todas essas coisas sob observação durante o processo de mudança porque elas fazem parte. Negá-las seria um escapismo, uma mudança aparente, de fachada. Toda mudança nos leva sempre a uma nova situação, novas descobertas, novas construções. Mudar é bom.

23/09/2008 - Produzimos mais lixo que produtos agrícolas
A informação de que produzimos mais lixo que produtos agrícolas saiu numa palestra que assisti. Produzimos em média 1kg de lixo por pessoa por dia. O meio no qual estamos inseridos não tem condições para reciclar tudo isso e os problemas nós já os vemos por toda a parte. Basta olhar para o chão onde pisamos e refletir um pouco. Ações maquiadoras de nada servem porque precisamos mudar urgentemente nosso modelo mental, que irá mudar nossos hábitos de consumo e que se a natureza ainda nos der essa chance poderá fazer com que tenhamos condições de continuar existindo como espécie.

22/09/2008 - Viver
Hoje foi um dia daqueles bem corridos e quase não sobrou tempo para viver no sentido mais amplo, tinha uma agenda a ser cumprida. Com a crise financeira observo novamente as mesmas questões de poder que tanto permearam nossa história e com a qual parece que não aprendemos e nem se quer nos tornamos mais inteligentes. Continuamos privatizando os lucros e socializando os prejuízos. Nesse caso até mais perverso porque os prejuízos são ganhos que supostamente poderiam ter sido auferidos no futuro. A cartilha econômica ensina que devem ser ponderados os riscos e que perdas fazem parte do processo. Mas, como o sistema de consumo não pode parar e ninguém quer pensar sobre o assunto continuamos na mesma e não aprendemos com as lições do passado.

21/09/2008 - Dia da Árvore.
Com os crescentes problemas climáticos as árvores que são de suma importância para nossa vida deveriam ser mais valorizadas. Assisti ao acaso parte de uma reportagem e estavam recomendando cuidados quanto ao plantio de uma árvore com o argumento de que em breve poderiam gerar problemas nas calçadas e pátios das casas. Claro que precisamos tomar os devidos cuidados no plantio mas, será que não seria mais interessante ir pelo lado positivo dizendo o que fazer para plantar certo e plantar ao invés de um tom negativo quanto ao plantio sem cuidados. Se não plantarmos árvores amanhã os problemas podem vir a ser piores do que os problemas nas calçadas e pátios das casas.

20/09/2008 - Incentivo a leitura versus dicionário.
Ouço muito falar de incentivo a leitura e de diversos projetos e práticas com essa finalidade. No entanto, tenho uma interrogação e de vez em quando busco saber se tem algum projeto de dicionário para todos. O preço de um bom dicionário continua alto o que penso dificulta entender de fato o que está sendo lido.

Podemos ter muitos leitores e é necessário que não sejam analfabetos funcionais que conseguem ler, emitir o som e reconhecer que não existem erros fonéticos em sua leitura. No entanto, a compreensão, a aquisição de conhecimento passa pelo aumento do vocabulário que na maioria das vezes é negligenciado.

Que tal incentivarmos o uso do dicionário e apoiarmos projetos nesse sentido?

19/09/2008 - Início.
A idéia de um registro é para ter a possibilidade de retomar, verificar, aprender com a experiência e poder perceber e aperceber mudanças que podem acontecer naquilo que menos prestamos atenção. Esses pequenos pontos poderiam não aparecer em um texto elaborado, mas podem vir a tona aqui, de forma despreocupada e desatenta, dando lugar para que o acaso possa acontecer.

O mercado financeiro está em crise global, tudo interconectado. E no país do capitalismo segue-se indo contra as leis de mercado injetando mais dinheiro para resolver a situação. O discurso continua o mesmo, precisamos crescer e tudo será resolvido. Continua a ilusão de que é possível crescer sempre.

Saiu uma previsão de que em 2050 seremos 11 bilhões de habitantes no planeta. Do jeito como está duvido que tenhamos condições de atingir essa marca.

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