Cláudio Loes

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2009

Efemérides

Efemérides, conforme o Dicionário Aurélio significa um "diário, livro ou agenda em que se registram fatos de cada dia". Aqui não serão fatos do dia, se bem que possam servir de estímulo muitas vezes, serão as reflexões,as ideias, os sentimentos. Um diálogo constante com o incerto, o desconhecido, o novo.

9/12/2009 Feliz Aniversário
Penso que as efemérides vão entrar em ano sabático. A falha do pensamento individual com poucas trocas torna a esperança azeda e o gosto pela vida um tanto amargo. Assim, como os ciclos naturais que também passam pelos picos de frio e calor, talvez tenha chegado o momento de passar pelo pico do silêncio, até que o curvar da reta possa tecer nova trama para encontrar a continuidade da vida, dos bons encontros.

26/11/2009 Cadeira reservada.
Fomos ao teatro para assistir um espetáculo de dança. Os lugares não eram numerados e fomos buscar um lugar para sentar. Encontramos assentos vazios e quando queríamos sentar avisaram que estavam reservados. Ainda perguntei: como, se não tem numeração?. Aí ela insistiu e disse que toda a fila estava reservada para pessoas que estavam para vir. Só deu para responder que falta muita educação ainda e que a prova estava ali mesmo. Fomos sentar em outra fileira mais atrás e acabou acontecendo que alguém não veio e um lugar ficou vazio. Talvez fosse o convidado fantasma que também queria aproveitar o espetáculo. Precisamos de muita educação, muitos eventos culturais para promover a educação, os modos de vida ditos civilizados. Sempre causa tristeza ver esse tipo de acontecimento e vou aproveitar para comentar com os alunos do projeto na escola para dar uma contribuição e quem sabe podermos continuar comprando entradas para o teatro sem numeração de cadeiras e cada um que chega vai ocupando o lugar que está livre. A numeração nos teatros não é nenhuma prova de civilidade e vida cordata. Ela só reflete nossa incapacidade de convívio.

25/11/2009 Cara de pau.
Esta vez começo sem nenhum título porque provavelmente minha formação tenha se exaurido para conseguir expressar em palavras o que sinto e percebo. É uma sensação estranha do tipo algo precisa ser feito e ao mesmo tempo melhor é não fazer nada. Tudo fica de certa forma sem sentido e não dá para ir muito além. Se tivesse parceiro na mesma linha talvez daria uma boa piada. Hoje indo visitar um vizinho, já idoso, estava pintando a casa. Cheguei lá e ele disse: pensei que o vizinho estivesse bravo porque não veio visitar mais. Respondi: estou morando na roça e assim não venho muito para a cidade, e por falar nisso você também não veio lá em casa. Ele: é verdade, que cara de pau a minha, nem ter aparecido lá. A conversa foi franca, aberta, curta e direta. Não como aquela que responde uma carta começando assim: gostei do seu humor... Acontece que sobre o que queria saber nada, nem uma palavra. E a pergunta foi direta do tipo: quando vamos nos encontrar para resolver o problema? Talvez tenha faltado cara de pau. Prefiro o meu vizinho cara de pau. E depois ainda rimos bastante porque perguntei se estava pintando a parede ou respingando o chão. Ao que ele disse: estou querendo me livrar destes tapetes, mas não conte nada para ninguém. Acho que encontrei um título para colocar: cara de pau. Daria para refletir adiante e teria que ser muito cara de pau para escrever tudo isso, que poderia ser verdadeira em termos de acontecimentos históricos, ou um contar um causo como diria Rolando Boldrim, ou mesmo uma invenção de uma mente sem nada para fazer e com vontade de pensar. No pensar podemos nos refugiar, criar cenários, futuros e saídas para a falta de saída que só com muita cara de pau seria possível. Quem sabe?

17/11/2009 Cooperação.
Sinto dizer e fico cada vez triste quando vejo que a escola de modo geral continua deixando a cooperação de lado e em nome de um trabalho genuíno, ou uma pesquisa genuína seguem buscando o que outros realizam para chamar de seu e acabar não dando nenhum retorno. Nem ao menos um obrigado. É por isso que muitos cansam e acabam recolhendo-se no cantinho. Existem ainda aquelas situações em que o que criticava antes e dizia que tudo devia mudar para ser melhor, quando chega lá pouco faz e desconversa. Existem ainda os que jogam muita coisa fora, coisas de fato, aí você passa e recolhe para contribuir com a diminuição de nosso impacto sobre o meio ambiente. Pronto, agora ele só deixe você pegar se você pagar. Mas, você não tem nenhum ganho em cima, está só fazendo recuperação, plantando umas árvores nativas e nada mais. Assim, a palavra cooperação está cada vez mais longe e talvez eu não possa fazer muito, ou será que se estivesse na condição de fazer, também desconversaria e diria que não é comigo.

16/11/2009 Desenvolver ou crescer?
Ultimamente tenho sempre por perto pontos de decisão entre somente duas variáveis, penso que possa ser um ápice do cartesianismo concordo versus discordo. Todos querem que a riqueza aumente e que possamos sempre mais desfrutar da vida. Que tipo de vida? O que é desfrutar? O reconhecimento é dado para quem tem e pode mostrar o que tem. Aí lembro da questão de Hamlet, ser ou não ser? Existe uma diferença sutil mas que pode ser promissora para mudar o foco do debate e encontrar alternativas. Hamlet tivesse dito: ser ou ter; talvez não tivesse um impacto tão grande, e desta forma poderíamos também mudar o enfoque para desenvolver ou não desenvolver? O crescer desmesurado, infinito, ficaria de lado e o diálogo seguiria pelo desenvolver uma vez que entre as duas opções desenvolver é melhor que não desenvolver. Penso que preciso ler Shakespeare...

10/11/2009 A droga do dinheiro.
Todo dia dá para encontrar problemas de resíduos os mais diversos possíveis. Alguns escondem para ninguém saber que geram tudo aquilo. Aí alguém tem a feliz idéia e encontrou uma solução para aquela tranqueira que está lá. Vai ao local e pergunta como pode combinar para retirar o resíduo e dar destino correto para o mesmo. E ouve a seguinte pergunta: espere aí quanto você vai me pagar? É por isso que dá vontade de em vez de buscar a solução ir para o lado da denúncia. A resposta deveria ter sido, tudo bem quanto custa uma multa se você amanhã for fiscalizado. Mas não foi o que aconteceu, simplesmente o problema ficou lá porque a droga do dinheiro, assim como todas as outras drogas só levam a espécie humana para o seu fim mais rapidamente.

9/11/2009 Segue o engano.
Em 1999 éramos seis bilhões de habitantes e em 2013 seremos provavelmente sete bilhões de habitantes. Os números de cada ano servem para enganar e parecer que a diferença em anos é grande. Uma falha cerebral porque são só 14 anos de diferença, e não nos damos conta do aumento de um bilhão de habitantes em pouco mais de uma década. Certa vez ouvi dizer que o colapso começaria em 2015, começa a fazer sentido porque dizia-se que a terra não teria suporte para mais de sete biblhões de habitantes. Quando vamos acordar?

7/11/2009 Porque escrever é bom.
Muitos dias se passaram desde a última postagem e agora aos poucos tudo se normaliza. Estamos de casa nova e muito por ser pensado e feito. Olhando para o quintal penso em como impactar o menos possível. Este ano tivemos desde que moramos aqui a companhia de 5 casais de pássaros que instalaram seus ninhos nas árvores e agora somente uma rolinha ainda não terminou de chocar os ovos. Um indicador de nossa presença harmoniosa será a presença deles na próxima primavera. Mas, o bom mesmo é estar voltando a escrever e colocar a massa cinzenta para funcionar. Escrever é provocativo, pode um leitor difuso no futuro achar que tudo isso não tem valor nenhum ou encontrar pérolas de pensamento para ampliar seu próprio pensamento, ou poderá também querer entrar em contato para saber mais, trocar, compartilhar, tudo para que possamos continuar existindo enquanto espécie. Uma espécie que mesmo tendo consciência de sua morte no futuro, não perde a alegria e o prazer de viver de forma harmoniosa com tudo e com todos.

17/10/2009 Dr. Hipócrita.
Ando com uma garrafa PET onde levo água para beber e em vez de reciclar prefiro reusar. Gosto de andar com os pés no chão, saber que algumas plantas tem espinhos, as folhas fazem escorregar quando molhadas e que quando secas denunciam discretamente minha presença com seus estalidos. Fazer o que, a defesa dos fracos é essa utilizada pelo doutor hipócrita. Aliás, descobri faz pouco tempo que o título Dr. não é o último, existe o pós-doutorado. Quanta hipocrisia em tantas palavras, e os que fazem ficam sem oportunidade, vivem porque acreditam que algo precisa ser feito, importa encontrar os que querem fazer. Contar estórias e dar aula de como achar um desvio não serve e infelizmente o erro do Dr. Hipócrita acaba com todos, quando não deixa o mais pequeno sentir a natureza, aquela que todo dia gentilmente está lá dando condições para existir. Lembrando, que inclusive não faz distinção e dá até condições do Dr. Hipócrita existir, mesmo acabando com parte dela em nome da higienização e limpeza. Que fim, onde estará o fim, a última passagem para a mudança que tanto precisamos? Com certeza com o Dr. Hipócrita não estará.

13/10/2009 Filósofos continuam sendo perigosos.
Já não causa estranheza perceber que a cada dia tudo é feito e acontece para que se pense menos e sempre menos. Recebi um e-mail de um amigo que ensinava como se pegam porcos selvagens dando para eles milho até se acostumarem com o local e a facilidade. Depois vai sendo construído aos poucos um cercado e eles vão novamente se acostumando, a comida continua lá a disposição. E por fim coloca-se uma porteira e eles também se acostumam a passar por lá para pegar o milho. Pronto, agora é só fechar a porteira. Esse método é usado para deter o poder e podemos ver seu uso em todo e qualquer programa de cotas ou outra ajuda tida como uma chance aos que não tiveram chance, o milho grátis. Se você começar a pensar começará tendo problemas e eles podem acontecer dentro da própria família. Isso porque a maioria tem receio de ser diferente, de pensar, de inovar na forma de viver. Ficam com medo de terem que ouvir o diferente sendo tachado de maluquinho da cidade. Desculpas para não questionar todos tem e elas estão relacionadas com a aceitação pelos outros e como tudo é homogêneo ficam perdidos se não se sentirem iguais e aceitos pelos iguais. Por isso os que pensam devem ser mantidos em círculos bem restritos para não causarem perigo maior. Essa restrição pode ser comparada com o aprisionamento dos porcos selvagens. Um aviso, os que pensam sabem que o milho está lá para enganá-los.

12/10/2009 Incêndio na favela.
Fiquei sabendo por um vizinho conversando ontem a noite na rua. Aqui ainda podemos conversar na rua com o vizinho sem medo de sermos assaltados. Ele falava do incêndio de uma favela em São Paulo, na zona oeste e de grandes proporções. Como conheci de perto, por morar lá, alguns desses incêndios e próximo da marginal, até comecei a pensar no que teria sido e provavelmente algum acerto de contas, uma forma de provocar a saída em definitivo, alguém que foi se vingar por ter sido assaltado na região, entre as muitas opções. A queima de uma favela é muito rápida, tudo é construído na maioria das vezes com materiais altamente inflamáveis como plástico, madeira e papelão. E agora a pouco assisti a reportagem e não dá para dizer que o incêndio foi por acaso simplesmente, se bem que a hipótese de um curto-circuito fortuito poderia ter acontecido. Parte dos moradores foram anteriormente transferidos para um conjunto habitacional e os outros ficaram. Um pessoa responsável por áreas de risco disse que logo a área seria isolada para evitar nova ocupação. Penso que se existisse um pouco mais de inteligência na reportagem, iriam perguntar em seguida qual seria o destino de uma área dessas. Mas, com o tempo talvez possamos imaginar qual foi o motivo do incêndio. E tristemente podemos descobrir que vamos continuar incorrendo no erro enquanto espécie humana de não sabermos ocupar com parcimônia nosso lugar concedido tão gentilmente pela natureza.

11/10/2009 Crença primitiva.
Costuma-se designar nossos índios de primitivos por adorarem o sol e a lua. Provavelmente seriam considerados evoluídos se tivessem alguma religião oficial. Mas, na simplicidade eles agradecem pela terra, pela água, pelos frutos e tudo o mais que dá condições de existência. Ver imagens de ocas sempre faz pensar sobre o equilíbrio. Não vi até hoje uma oca de dois pisos, tudo é horizontal. A cada manhã quando acordo também agradeço pela existência dessas coisas tão simples como o sol por exemplo. Sua energia dá condições de existirmos e ele dá isso sem cobrar um centésimo ou dízimo de ninguém, seja lá quem for. Um dos meus professores de filosofia repetia sempre que "o sol é novo todos os dias". Penso que deveríamos repetir isso e a cada dia refletir sobre para podermos perceber o quanto somos dependentes e que essa depedência é que dá condições para que possamos existir.

9/10/2009 Enquanto não mudar,
e não fizer mais parte do dia a dia o pensamento de que manda quem tem dinheiro e obedece quem tem juízo dificilmente teremos alguma chance. Isso sem contar outras variações que seguem dali por diante. Em outro momento já escrevi sobre isso e volto ao mesmo ponto fundamental. Fazemos tudo isso porque amanhã sabemos que podemos estar mortos, e a consciência de não saber para onde vamos é que provoca tudo isso. Como se saber para onde vamos fizesse tão grande diferença assim. No fundo quem se agarra ao dinheiro, a uma crença, ou seja lá o que for, revela esse medo na mesma intensidade. Depois de determinado tempo, criador e criatura se confundem e temos esse problema cerebral, inerente a todos, de não saber mais diferenciar o real do imaginário nas lembranças. Parte de uma reportagem mostrava a mulher dançando com o filho no colo, em plena rua, atrás de um grupo de dança. A repórter pergunta: o que você está achando? Ela responde: dá vontade de ir junto, eu e meu rei. Apontando para a criança e seguindo em frente. Será que vai ter condições de ser rei ou será mais um nos registros oficiais de assistência. Isto é, estamos nos afunilando e quanto mais, cegos ficamos frente a tudo.

6/10/2009 Até quando...
Na edição 953 da revista Exame, na página 18, temos a notícia da queima de gás pela Petrobrás. A queima é porque existe excesso de produção e como o preço não baixou ninguém está comprando. E ainda temos que ficar ouvindo e vendo a propaganda da mesma Petrobrás sobre sua preocupação com o Meio Ambiente. Quem extrai um recurso natural e depois simplesmente joga fora porque o mercado não está favorável deveria ser punido severamente. A natureza que sempre garantiu nossa existência pode também daqui a pouco resolver nos queimar assim como o gás. Até quando vamos ficar acomodados aceitando que outros ditem nossos rumos, nossa própria destruição. Enquanto a economia for entendida como sendo maior que a natureza não aprenderemos nada. Uma razão assim mostra o quanto ainda estamos longe e nos comportamos como colonizados, aqueles que ficam sabotando o colonizador. No caso, estamos sabotando a nós mesmos.

5/10/2009 Uma sacola não faz diferença.
Dois alunos do projeto de compostagem enviaram um vídeo de George Carlin com título "Save the planet". Um vídeo interessante fazendo uma crítica ácida a nossa pretensão humana de salvar o planeta. Concordo que uma sacola não vai fazer a diferença e que a nossa compostagem de resíduos orgânicos também não faz diferença no caminhão do lixo. O que faz diferença é a atitude, as novas conexões que vão se estabelecendo pelo entendimento de que precisamos nos religar com a natureza que sempre graciosamente nos deu condições para existir. Penso que esse novo entendimento sendo multiplicado poderá fazer a diferença e a natureza talvez possa concordar e continuar dando condições para que mereçamos continuar existindo.

29/9/2009 Não basta ser cidadão.
Reconhecer o erro é aprender. Quando mudamos para a nossa cidade, vinha de uma experiência de participação e exercício da cidadania. Ações voltadas principalmente para as questões ambientais. Quando chegamos aqui, fui procurar todos esses mecanismos e de como participar. A maioria deles existe, só que não de fato. Aliás, aqui não existe nenhuma organização em prol do meio ambiente. Já ouvi muitas estórias, pessoas, e tudo fica esquecido. Outro dia cortaram quatro árvores na rua e fui pedir gentilmente para saber se tinham autorização. Disseram que estava na prefeitura, consegui o telefone do diretor de meio ambiente. Ele não tinha certeza se tinham ou não, mas iria contatar o técnico para saber se foi autorizado. Aí fui na Polícia Militar e expliquei sobre a minha dúvida e sobre o que estava acontecendo. Tentaram contato com a Prefeitura, Polícia Ambiental e por fim como recebi o retorno do diretor de Meio Ambiente, acho que não fizeram mais nada. O retorno que recebi foi de que o técnico não tinha sido localizado, que as árvores estavam no chão mesmo e que na segunda-feira iria ser feita uma verificação sobre e agradeceu por ter avisado. A segunda-feira passou, nenhum retorno sobre o assunto e ainda comentando com outras pessoas, todas mais ou menos disseram: é isso vá em frente a prefeitura tem como fazer e a polícia também poderia ter ido lá porque foi um dano ao patrimônio público. Só que, ninguém se prontificou a ser solidário e seguir junto para dar corpo ao exercício da cidadania. Não basta ser cidadão, muitas vezes é necessário saber que pode ser difícil encontrar outros.

27/9/2009 Até os pequenos...
Na semana passada, quinta-feira, no jornal local, saiu uma notícia de atropelamento e para não darem os nomes, simplesmente usaram como referência a profissão da pessoa que conduzia o veículo. Os termos usados foram educadora e professora. Escrevi um e-mail para o jornal mostrando meu desagrado frente a uma posição jornalística dessa natureza. Enfatizando que quando mais precisamos de educadoras (es), professoras (es), coisas assim não podem acontecer. Não se trata de saber o nome da pessoa, mas o estrago que foi feito. Poderiam ter sido mais inteligentes e usado termos como: a motorista, a condutora, a pessoa que dirigia o veículo, que faria todo o sentido referindo-se a situação em si. Mas, não para aí. Do jornal não recebi resposta e de outros assinantes com quem conversei todos manifestaram seu desagrado, aí perguntei o que fizeram. Pasmem, nada, nem se quer um e-mail. Penso então que não são só os grandes veículos de comunicação que tem seu peso e inculcam a subserviência muitas vezes. Até os pequenos conseguem isso. Até quando?

23/9/2009 Praga
Dias atrás uma notícia comparava os políticos em Brasília como formigas invadindo um jardim, dizendo em seguida que não havia jardim suficiente para tantas formigas. A imagem dá para entender e aqui perto tive o exemplo de lagartas atacando uma palmeira. Não sobrou nada e não saberia dizer qual é o ciclo para entender como de tempos em tempos aparecem. No entanto, penso que o exemplo para os políticos faz todo o sentido nos tempos atuais. Aliás, uma correção, não é dos políticos que estamos falando e sim dos partidários que lutam pelo seu poder. Até o imortal Sarney tínhamos a Lei do Gersom, aquela de levar vantagem em tudo. Agora, com a contribuição do imortal temos a Lei do Sarney, aquela de ser inocente em tudo. E olha que tem adeptos, aquelas pessoas que quando você faz um comentário logo saem dizendo: mas a culpa não é minha. Voltando, a questão é mais ampla, os que estão na política são um reflexo daquilo que somos enquanto espécie humana. Queremos nos multiplicar não importando se a natureza consegue nos abrigar ou não. Ela que se vire, nós estamos para crescer e multiplicar, um tipo de existência que mostra aqui e ali a sua insustentabilidade. Posso convidar você a refletir um pouco sobre isso? Precisamos estabilizar e parar com essa loucura insana de querer crescer, crescer e crescer.

22/9/2009 Coexistência dos opostos
Lendo um artigo de Leonardo Boff, "Yin e Yang: o equilíbrio do movimento", percebo o quanto perdemos a capacidade de conviver com os opostos simultaneamente. Não existe o certo e o errado, o bom de tudo é a coexistência dos opostos porque um dá equilíbrio ao outro. O artigo referenciado no final sugere uma nova síntese. “Atualmente vivemos uma conjuntura toda particular, marcada pelo excesso. Perdemos a coexistência do yin com o yang, de Apolo com Dionísio. Se não encontrarmos um ponto de equilíbrio tudo pode acontecer, até um flagelo antropológico. Precisamos de uma loucura sábia que possibilite uma nova síntese entre esses dois polos para reinventar um novo caminho que nos garanta o futuro.” Penso que esse novo caminho está justamente na coexistência dos opostos. Para ler o artigo é só acessar http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/yin-e-yang-o-equilibrio-do-movimento/.

19/9/2009 Status
Existe um pensamento cristalizado, lapidado por anos a fio na escola, com relação a quem detém o conhecimento sobre determinado assunto. Quem deve ser consultado, quem é a referência para isso ou para aquilo. Isso acontece durante todo o período escolar, na formação continuada e dentro da nossa sociedade como um todo. Aliás, quem desafia o status quo de certa forma está criando um novo status. E assim, os altos e baixos vão se sucedendo no decorrer da história, isso com pessoas, empresas e mesmo sociedades inteiras. Será que não existe outra opção? Menos predatória e mais evolutiva? Poderia sugerir um desafio para os que tem status: coragem para desafiar o próprio status. Isto é, talvez não aconteça, porque ele é uma posição cômoda e não existe vaga para todos chegarem lá mesmo que tenham as mesmas capacidades. Para os que não tem status, o desafio é o mesmo. Em vez de ficar acomodado, resignar-se diante do status dos outros, que tal desafiar o próprio status e cooperar para uma forma mais evoluída de ser humano?

16/9/2009 Educação Ambiental.
Algumas coincidências são interessantes para podermos ampliar nossa visão em relação ao que nos é apresentado como sendo bom. Estava lendo um material de Educação Ambiental distribuído por uma indústria e chamou a atenção que a argumentação para o projeto é como se não existisse nenhum problema ambiental até agora e em nenhum ponto menciona-se a necessidade de mudarmos nossos hábitos de consumo que são insustentáveis. Na sequência, lendo os e-mails, li um artigo de José Saramago, "Quem manda é a indústria". O artigo pode ser encontrado na área de notícias no site www.mercadoetico.terra.com.br. Sugiro que busque e leia o artigo. Além das questões do próprio Saramago colocaria a questão de sempre termos um olhar mais crítico com relação aos materiais distribuídos pela indústria. O material de educação ambiental ao qual tive acesso só mostra o lado bom da indústria, seus métodos e processos que contribuem para minimizar nosso impacto ambiental ao continuar consumindo seus produtos. Falta autocrítica e provavelmente quem tem acesso ao material por falta de conhecimento ou pensar pode passar por cima de conexões que são deixadas de lado. Reciclar é bom, mas precisamos saber que existe, por exemplo, gasto de energia para tal e a geração de energia causa problemas ambientais. Isso sem mencionar as questões de transporte, equipamentos e outros. Tudo está interligado e precisamos estar atentos. Olhar uma ação individual sem as conexões pode dar a falsa sensação de que está tudo bem.


15/9/2009 Ganância socializada.
Assiti uma apresentação de uma cooperativa habitacional. Os argumentos sociais de que as pessoas precisam de moradia e que isso é o sonho de cada um, que são necessários investimentos para atender a toda essa gente, e outros, todos plausíveis, foram apresentados. Aí, surgiu a questão de um conjunto habitacional que está em uma área onde é necessário deixar uma reserva para proteção ambiental. Aconteceram queixas dizendo que no futuro essa área possivelmente será invadida e que não poderão fazer nada. Outra sugestão foi a de no futuro transformar em parque com área de lazer e ainda saiu a pérola: por que não permitem usar essa área agora se vai ser invadida mesmo? O principal argumento que num momento ou outro era repetido é que a cidade está crescendo e isso é bom para todos: comércio, serviços e prefeitura. As imobiliárias foram criticadas por controlarem a disponibilidade de terrenos para conjuntos habitacionais além de outras ações duvidosas. Como era só ouvinte não podia me manifestar e assim estou fazendo aqui para que possamos juntos refletir sobre a questão. Penso que a ganância é o problema central e ela tanto pode estar socializada na cooperativa como particularizada nas imobiliárias. Em ambos os lados o Meio Ambiente é uma lei a ser cumprida e não um compromisso atual e futuro a ser assumido de fato. Isso pode ser observado quando se diz que o empreendimento é bom para todos, menos para o Meio Ambiente no qual estamos inseridos e do qual dependemos para viver. A proposta de todos é ter e ter poder de preferência para continuar crescendo sempre. Parecemos todos como aquele bando de gafanhotos que destrói toda a lavoura. E se não tiver outra para destruir... Precisamos parar e pensar, nosso lugar, nossa Terra é finita e se não mudarmos nossa forma de vida continuaremos aumentando nossas chances de não mais existir, mesmo que tenhamos os melhores argumentos sociais.

12/9/2009 Crise financeira e o futuro.
Sinto falta de escrever e colocar algumas questões que vão e voltam e precisam ser bem melhor entendidas nas entrelinhas. Na grande mídia, para mim pessoalmente é aquela que não precisa de alfabetos, a crise já passou, estamos crescendo e o Brasil é a grande opção com seu petróleo. Outro dia na universidade, essa questão até provocou debates acalorados, de um lado está a pergunta: será que precisamos tirar o petróleo de lá? E de outro: por que não ficar rico com aquilo que se descobre? Mas, voltando, a crise parece que passou e temos durante esses dias a força aérea francesa dando espetáculos acrobáticos no Brasil. Um comentário em jornal escrito até dizia que o presidente francês não precisou ser bom vendedor, o Brasil é que era um bom comprador, porque queria mostrar que precisa se aparelhar depois que os Estados Unidos vão construir bases na Colômbia. É aqui que tudo se juntou. A solução dessa crise para os países ricos está justamente em transformar a América do Sul em futuro palco de guerra. Pode estar sendo um futurismo estranho mas possível. E cada país está caindo direitinho nessa estória. Vamos pegar um pouco os livros de história para relembrar que as guerras só trouxeram prejuízos e foram devastadoras. Se acompanharmos um pouco as guerras atuais veremos que nada disso mudou. Outro futurismo, a questão aqui não vai ser o petróleo e sim as terras agriculturáveis e a água.

6/9/2009 Gérbera amarela
Assim como as pétalas, que mesmo sendo diferentes são todas amarelas, nós também somos diferentes sendo aquilo que somos e somos todos humanos.

5/9/2009 Ao compretar 17 anos
Foi difícil manter o título acima porque hoje em dia qualquer editor consegue no mínimo verificar a ortografia da palavra, podem ainda não estar adaptados à nova ortografia, mas o verbo compretar não existe em português. No entanto, em manchete de jornal ainda podemos encontrar erros ortográficos como esses revelando que continuamos a ler pouco e como resultado escrevemos mal. E só para apimentar um pouco mais, acabamos tendo poucas chances de ampliar nossas ideias pela restrição de vocabulário. Pense uma pouco nessa questão? Precisamos completar aquilo que falta com uma boa leitura.

1/9/2009 Simplificação
Gostaria de compartilhar um pouco sobre a questão da simplificação porque para mim ela é uma questão crucial no dia a dia. De um lado ter uma vida simples, dentro dos ciclos da natureza, das fases da lua e tantos outros é participar da complexidade da vida. A vida pode ser simples no sentido de evitar os excessos de consumo para poder continuar existindo e ao mesmo criar condições para que outros que virão poderem continuar existindo. Por outro lado, fico preocupado quando percebo que a linguagem usada é pobre em seu vocabulário e ainda assim muitas vezes mal empregada. Também não sou isento e cometo erros e na medida do possível busco ficar atento. Penso que a linguagem quanto mais simplificada acaba com o processo de comunicação e os envolvidos vão perdendo o interesse pelo assunto. Falar bem e escrever bem deveriam sempre fazer parte de nossa prática cotidiana. A mera repetição de jargões sem sentido diminuem a qualidade da nossa cooperação. No trabalho com um grupo de alunos combinamos que todos ficarão atentos para que o grupo procure melhorar a linguagem de sua comunicação e melhorar o vocabulário. A dificuldade de ler um texto bem redigido muitas vezes está na falta de conhecimento dos vocábulos. O desinteresse acontece por acomodação, não procurar saber do que se trata, achar que é uma forma de exercício de poder justificam deixar o texto de lado. Assim, precisamos ficar atentos quando queremos algo simplificado porque podemos estar caindo na armadilha do poder da simplificação que acaba com nossa participação nos processos de decisão por uma vida melhor.

27/08/2009 Aterro sanitário
Fomos visitar com os alunos do Projeto de Compostagem o aterro sanitário de Francisco Beltrão - PR. A atividade causou impacto nos alunos e penso que essa visita lá fundo começa a fomentar questões sobre o nosso modo de vida. Claro que ir lá e ver o destino dado ao lixo é uma parte pequena e que outras precisam acontecer para provocar uma mudança de hábitos. O importante é ir fazendo para podermos ter outros questionamentos e perceber quanto estamos contribuindo para piorar ou melhorar a possibilidade de nossa existência enquanto espécie humana.

23/08/2009 Projeto de vida
Penso que chegando próximo dos cinquenta anos muitos valores vão sendo construídos como aqueles anseios da juventude. Fui indagado sobre qual a minha religião? Perguntei em que contexto se histórico ou atual. Era sobre ambos que a pessoa queria saber. Disse que fui batizado na Igreja Católica, fui Frade e que atualmente não era praticante e continuei, no momento tenho meu foco voltado para uma vida melhor numa Cultura de Paz onde o diálogo e a religação com tudo e com todos são o método. Não importa se os outros seguem essa ou aquela religião, desde que tenham consonância com o foco que tenho sempre teremos a possibilidade de atuar como protagonistas de uma vida melhor, equilibrada, dentro de uma ética construída conjuntamente sem dominações ou revelações impositivas de como devemos ser o que somos.

22/08/2009 Projeto de compostagem
Iniciei com mais uma colega da pós este projeto e dá para perceber quanto precisa ser feito em termos de educação, para no mínimo termos uma alfabetização ecológica conforme proposto por Capra. Uma volta as origens, em termos de estar e ser nos ciclos da natureza, da qual dependemos para existir. Depois do primeiro encontro com a turma que se voluntariou para participar do projeto fiquei esperando a segunda tendo em mente que ou a maioria desistiria ou a maioria continuaria. Foi um choque para os participantes saber que não tinha professor e que eles mesmos iriam construir o conhecimento sobre o assunto para poder praticar. Na segunda atividade, surpresa, todos vieram e mais um. Agora o desafio ficou maior e vamos seguir em frente.

20/8/2009 Eliminado.
Nos mais diversos programas de televisão nesses últimos tempos ouço a palavra eliminado. Muitos emitem suas opiniões sobre quem deve ser eliminado e disso não escapam os esportes, onde o destaque é dado para a eliminação. Penso que estamos com sérios problemas porque só sabemos lidar com a eliminação. Se continuarmos nessa linha, daqui a pouco também seremos eliminados como espécie porque a natureza está em dificuldades para nos manter dentro dos padrões que julgamos serem necessários para vivermos. Nós usamos e abusamos de tudo e cada vez mais estamos afundando na lixeira que nós mesmos criamos. A palavra eliminar está no vocabulário porque só sabemos eliminar, perdemos a capacidade de incluir, de buscar outras formas de vida que possam garantir a existência de todos. Já pensou nisso?

17/8/2009 "Sustentabilidade a gente ve por aqui".
Essa não é campanha deste site e sim da Rede Globo. E no mesmo período de tempo passam uma notícia enorme sobre a possível recuperação da economia, isso porque ninguém está apostando seus créditos na recuperação de fato, concluindo com uma frase do tipo: "...isso é bom para a recuperação...[pausa] econômica do planeta." A pausa introduzida pelo locutor é uma maneira enganosa de ligar com o mote da campanha de sustentabilidade. Na sequencia vem uma notícia, com bem menos tempo, sobre a recuperação do Morro Dona Marta no Rio de Janeiro. Basta, chega de tanta besteira. Precisamos no mínimo protestar ante a falta de inteligência que nos é atribuída, fazendo esse tipo de manobra. Se um consegue perceber, nem tudo está perdido, ainda poderá existir opção.

12/8/2009 Nossa casa.
Hoje compramos nossa casa e isso é motivo de alegria. Nosso filho é que encontrou e depois da primeira visita que fizemos ele disse: você sabia que a casa também escolhe os moradores? A casa é o que estávamos procurando, bem construída, tem horta, árvores frutíferas e orquidário. Estamos felizes por poder estar juntos no nosso cantinho aconchegante.

11/8/2009 Jamais desistir.
A cada instante acontecem encontros e desencontros e os encontros ainda podem as vezes não ser muito bons. Assim, jamais devemos desistir de ter curiosidade, experimentar outros caminhos, oportunidades e vivências. Elas ajudam tanto a nós como aos outros que delas participam direta ou indiretamente. Tudo está conectado e o bom encontro é uma delas. Se os encontros não são bons, não existe uma razão externa, cabe a cada um construir, ser um bom encontro para o outro. Dessa forma o importante é jamais desistir.

10/8/2009 Aduladores com dinheiro.
Nesse momento, penso que estar cercado por aduladores é como ter uma pedra amarrada na cintura e ser lançado ao mar. Os elogios vazios e sem utilidade ficam no ar, vagando como moscas na lixeira. Pousam aqui e ali só para deteriorar em seu benefício próprio. Quando você tem algum acordo com eles ou quer desenvolver algo pode ser perigosíssimo. Por que? Se você não estiver presente eles vão fazer qualquer coisa, menos o combinado. E se você reclama dizem: você acha que podemos ficar fazendo o que você acha melhor? E não adianta, mesmo que tenha sido combinado, acertado antes, uma idéia comum. Nada disso acontece e logo em seguida, viram e dizem: mas que pessoa boa você é e você na sua sanidade, olha e não diz nada. É incompreensível no contexto. Aí viram-se e dizem: você está bravo conosco. Olha não podemos fazer nada para ajudar além do que fazemos.

9/8/2009 Reduzidos a presentes.
Fazer parte dos que pensam é cada dia mais triste e muitas vezes dá vontade de desistir. Aliás, quando se está só nem precisa desistir. Como não tem ninguém para compartilhar, construir junto, evoluir, acaba sendo a mesma coisa. No máximo, aqui e ali tecem algum comentário e nada mais. Enfim, dia dos pais, data que deveria ser para comemorar toda uma convivência de dias, meses e anos, que fica reduzida a dar presentes. Em todo canto as mensagens muito bem elaboradas, indicam nas entrelinhas que cada presente revela seu amor pelo seu pai. E como tudo ficou reduzido a presentear, tem algumas propagandas que dão um passo a mais, para vender mais, convidando o filho a também aproveitar e dar-se um presente aproveitando a promoção. Isto é, até o presente deixou de ser especial e a questão é consumir para dar sentido a própria existência.

5/8/2009 Falta de ritmo.
A natureza tem ciclos e ritmos que fazem dela uma graça e beleza que por mais que imitamos com nossa industrialização, sempre teremos algo a aprender de sua experiência de milhões de anos. O ritmo é o que dá vida e leveza para podermos sentir tudo e todos que estão ao nosso lado. O que é feito automaticamente não tem ritmo. Vendo uma apresentação de um robo pianista, foi muito engraçado. Ele toca tudo corretamente, melhor que um pianista humano. Só que não tem expressão, ritmo do corpo que participa da execução de uma peça. Assistir um pianista é muito mais empolgante e cheio de vida, ele vive a música que está tocando, mesmo que seja em cima de um caminhão numa cidade do interior.

2/8/2009 Gripe Suína e outras questões.
Sabemos que existem doenças que matam número maior de pessoas todos os anos do que a gripe suína. As aulas foram suspensas para diminuir o contágio. Em todos os lugares saem informações sobre como se prevenir e tantos outros. E em meio a tudo isso fico com algumas questões para refletir. Por que existe uma atenção tão grande sobre essa gripe? Quem ganha com essa divulgação em massa? Será somente uma exploração da desgraça para vender mais jornais e revistas e ganhar mais pontos na audiência enquanto outras questões simplesmente vão sendo esquecidas? Por exemplo, o senado está corroído por troca de vantagens, obscuridades e tantos outros. Tem um conselho de ética que precisa antes de mais nada ser ético pela própria função que exerce. Os jornais apresentam números que indicam recuperação da economia. E quando analisamos vemos que são tão pequenos e que no fundo continuamos com a falta de distribuição equitativa dos benefícios para toda a sociedade. E continuar falando da gripe suína, que não deixa de ser importante em termos de saúde, pode ser usado para esconder tudo o mais que também é de suma importância para podermos continuar a existir.

31/07/2009 O custo da lixeira.
Dias atrás saiu nos jornais o caso flagrante de envio de lixo da Grã-Bretanha para o Brasil. Como se ninguém soubesse disso. Porém, existem outros transportes e deslocamentos de serviços, e manufatura que podem estar na mesma linha. Por exemplo, aqui na cidade buscam serviços de costura de outros lugares, algo em torno de novecentos kilometros. Para esse negócio sair, com certeza o custo de produção e entrega foi menor do que se fosse feito no local de origem. Existe um custo escondido, que diretamente influi em nossa própria sobrevivência. A poluição gerada, o desgaste da estrada, e tantos outros. Quer um exemplo pior, quando você compra aquela roupa, aparelho ou outro, olhe a etiqueta de origem. Quanto de custo ambiental está escondido? Quando o custo da lixeira vai começar a fazer parte na decisão de compra?

30/7/2009 Mulher e Príncipe.
Na televisão está passando propaganda, acho que de um programa com entrevista de uma pesquisadora americana, e ela afirma: "a mulher para trair precisa de um motivo e o homem precisa somente de uma mulher". O riso dela é um tanto cínico na afirmação. Acreditar que a pesquisa é neutra já é demais. Vou propor aqui uma afirmação possível da mulher: antes de casar eu tinha um príncipe, agora tenho um bruto. E um possível do homem: antes de casar tinha uma mulher, depois de casar tenho uma esposa. Tudo depende do ponto de vista.

29/7/2009 Político, partidos ou um novo caminho?
Passam-se os anos e volta e meia um escândalo aqui e outro ali mostrando o total despreparo para com a coisa pública. Precisamos da política para viver na polis, somos urbanizados e isso exige constantes negociações que precisam de um dinâmica para atender demandas comuns que estão conectadas com demandas individuais. A política é esse diálogo constante para permitir que possamos viver e viver bem nas cidades. Quando me refiro a cidades, entram aqui também as comunidades do interior e tantas outras. Um vilarejo localizado lá longe de tudo também tem uma vivência política e quando avistado de longe da para perceber se ela é praticada ou não. Penso que precisamos ser políticos e educados para tal, as instituições vão se formando, cada uma a seu tempo e de acordo com os anseios comuns. Os partidos também, e hoje eles se mostram desnecessários porque trouxeram para a cena pública os anseios privados de grupos de poder. Claro que a sociedade precisa estar organizada, mas será que hoje as melhores instituições são essas que temos? Alguns caminhos estão sendo propostas com ações que resgatem a vida na polis, a política, onde todos são autônomos, responsáveis e assim seus compromissos de fato. A crise é de partidos que disputam o poder e o controle sem grande atenção com a coisa pública, a vida em sociedade. Eles também são uma parte da sociedade organizada, só que com anseios pessoais e quanto mais eles aparecem, tanto mais vamos degenerando o todo maior da sociedade. A diversidade de idéias, pontos de vista são importantes para a construção de uma visão comum do que a sociedade como um todo percebe como sendo melhor para ela. Quando na mídia as notícias são polarizadas mostrando a disputa entre os partidos é o mesmo que estar assistindo aos gladiadores na arena romana. Essa diversão barata e sem sentido, fomenta um anestesiamento da vida política. E alguém ainda pergunta: qual o seu partido? E respondo nenhum. Aí ele retruca, você não gosta da política. Então digo que gosto da político e que precisamos dela para viver em sociedade, só não penso que os partidos traduzam na prática essa vivência política em sociedade. Se assim o fizessem, estaríamos dialogando sobre novas formas de condução da coisa pública e não simplesmente disputando para ver quem pode mais. Estamos ou para alguns ainda estamos chegando próximos de uma grande encruzilhada onde uma escolha entre diversos caminhos pode não ser melhor do que pensar na construção de um novo caminho dinâmico, compartilhado e atento para podermos continuar existindo enquanto espécie humana.

28/7/2009 Percepção
Estou lendo e relendo, pesquisando sobre a percepção e mais precisamente a percepção ambiental. O que é perceber? Aquilo que percebo pode estar cheios de enganos e poderiam eles também contribuir para entender melhor quais são nossas questões mais profundas. Perceber a percepção dos outros é uma posição difícil, um erro sobre outro não quer dizer acerto. A visão, aquela em que mais confiamos é cheia de enganos, são construções e reconstruções de nossa mente. Penso ainda na questão do mais apto e não do melhor. Talvez estou procurando tirar algo além daquilo que a própria coisa em si - a percepção, possa dar. Isso remeteria a pensar antes da percepção e do que se fará com ela ou quanto de valor devemos dar a ela nas nossas relações com tudo com todos. Talvez a percepção até possa vir a ser o que atrapalha e aí devesse ficar em outro plano e buscarmos na conversação e no diálogo uma visão conjunta, que mesmo tendo elementos de percepção individual, daria oportunidade de abertura para outro olhar, outra subjetividade nesses tempos de incertezas e mudanças. Estou escrevendo porque a questão é profunda e preciso de um outro perceptor, que talvez possa nas entre linha criar esse diálogo, porque percebo uma dificuldade de seguir em frente somente com a percepção, está faltando algo mais, um sentido mais amplo.

27/7/2009 Esperança.
Sempre ouvi de muitas pessoas que a esperança é a última que morre. As esperança mantém nossa vida porque sempre podemos ter esperança de mudanças, encontrar pessoas que compartilham das mesmas questões profundas que a cada dia nos instigam a buscar conviver, pensar e agir de modo mais coerente e conectado com tudo e com todos, mesmo aqueles que discordam de nós. Outras visões e pontos de vista diferentes são ótimos para perceber que o outro está ali e existimos porque ele nos reconhece. O importante é manter firme a esperança de que algo pode mudar, mesmo a mudança sendo dolorida como o frio do inverno necessário para dar um tempo, deixar como está e poder ressurgir na floração e alegria das cores da primavera.

26/7/2009 Depende do ponto de vista.
Estava conversando com um amigo sobre um problema com filtro de água da chuva num sistema de armazenamento em cisterna. Ele colocava o problema, visto que muitas vezes a chuva pode ser torrencial ou não. Colocou a situação e possíveis soluções. Aí deparei com a questão do ponto de vista. Ele via o fluxo da água entrando na cisterna e a necessidade de filtro porque queriam fazer uso de água limpa. Quando ele começou a falar para mim veio imediatamente a imagem de todo o processo, tanto de entrada como do uso. Infelizmente, ou felizmente não consigo mais ter somente um ponto de vista. Aí fiz algumas perguntas sobre o uso da água e deu para sugerir que o filtro não precisa estar na entrada e sim na hora do uso. Na hora do uso quantidade de água por tempo é menor e mais ou menos constante dentro de uma faixa. Aí tinha a questão de que parte da sujeira é pesada e ficaria no fundo da cisterna, aí encontramos saídas possíveis, aplicando novamente pontos de vista diferentes. Resumindo, ter sempre mais de um ponto de vista pode causar desconforto porque queremos a coisa pronta, a solução. No entanto, ela sempre pode ser uma oportunidade de fazer mais com menos e não tem custo adicional além da reflexão e vontade.

25/7/2009 Agora?
A questão é mais ou menos assim. De segunda a sexta você não pode se encontrar com as pessoas porque elas estão assoberbadas em seus trabalhos e afazeres e o tempo é precioso. Quando muito talvez uma tentativa na sexta-feira quando vão tomar uma cerveja, mas nada de assuntos tidos como "sérios", o momento é para relaxar depois de uma semana de intensa atividade. No sábado não vá atrapalhar porque os afazeres domésticos exigem que se cuide da família e tenha-se tempo para ela. Mas, é possível encontrar em alguma festa ou baile. Nada de assuntos que sejam "sérios" o momento é para descontrair. O domingo é um dia para dormir até mais tarde e ficar a toa. A semana já vai começar novamente e é necessário recuperar as energias. Um esclarecimento, assunto "sério" é sobre algo que precisa de reflexão, questionamento, diálogo, cooperação ou outro. Penso que estou diante de um empobrecimento cerebral e uma mecanização exacerbada da vida. Será que a natureza é assim? Será que precisamos ser assim? Ou será que para os detentores de poder é mais interessante que continue assim? Essas questões dizem algo ou provocam outras questões?

22/7/2009 Projeto de Compostagem
Ontem estive no Colégio Estadual Mário de Andrade de Francisco Beltrão-PR numa reunião com professoras, professores, diretora e a colega da pós-graduação que vai atuar conjuntamente no projeto. Aqui não vou citar nomes e sim o fato de que o projeto foi bem recebido e estaremos iniciando as atividades no dia 4 de agosto de 2009 com previsão de término em junho de 2010. É um projeto que visa recuperar a construção de conhecimento conjunta tendo como foco a prática da compostagem, praticar o diálogo, recuperar a inserção dos participantes nos ciclos da natureza, entre outros. Muitos criticam a escola de modo geral, também tenho minhas críticas e principalmente relacionadas com a disseminação do modelo cartesiano como o único para ser usado em tudo. No entanto, existe uma diferença entre somente criticar, o que não deixa de ser valido, e fazer a diferença, levar novos modelos e aos poucos ir provocando as mudanças que se quer ver.

20/7/2009 Fora do sistema
Na atualidade para poder exercer um pouco de sanidade é necessário estar fora do sistema. O sistema é linear, cartesiano, do tipo ação e reação para tudo quando isso somente se aplica para questões de ordem mecanica. Nos tornamos automatos que procuram agradar para ocupar o melhor lugar e dizer quão importantes são. Como se o cemitério não estivesse já repleto de heróis. A maioria deixa de ser sujeito da história para como um nho-nho servir a quem melhor lhe engane e conte falsas histórias. Situações não faltam e fico pensando se vale a pena enumerá-las. Raul Seixas em uma de suas músicas cantava asobre aquele funcionário exemplar que na aposentadoria ganhava uma bela caneta e um pijama. Quando um senhor grisalho entrega um cartão e se diz consultor, logo todos pensam, coitado não conseguiu se aposentar bem. E o pior de tudo é que o senhor grisalho mesmo não precisando trabalhar só consegue transmitir isso pelo seu semblante. Um semblante marcado pelo sistema que já não reconhece o valor da sabedoria adquirida ao longo da vida. Para estar são, de bem com a vida, é preciso estar fora do sistema, religar-se, dialogar para ter a felicidade de novas percepções e idéias, que quando colocadas em prática deixam parte do sistema vigente e sem sentido para trás.

16/7/2009 Crise e Meio Ambiente
Ouvi esses dias uma parte de um comentário na rádio local falando sobre a importância das crises no processo de criação de infraestrutura para a etapa seguinte do desenvolvimento. O exemplo era sobre os grandes investimentos feitos no passado em negócios que criaram uma bolha de prosperidade repentina e que pelo lucro fácil trouxeram muitos investidores que depois perderam muito dinheiro por verem suas ações desvalorizadas. As estrutura ficou e possibilitou o desenvolvimento da etapa seguinte. Refletindo um pouco, penso que será interessante se nesse momento de crise tivermos visionários que possam fazer o mesmo pelo Meio Ambiente. Grande investimentos, que irão criar a infraestrutura para termos uma existência mais sustentável na etapa seguinte. Quem sabe isso possa ocorrer?

8/7/2009 Tristeza da meia idade.
Meia idade é um termo que quando você passa dele passa a ser um elogio, porque ironicamente parece que você ainda tem muitos anos de vida pela frente. Mas, isso é só uma ilusão que faz parte da arte de viver. Arte, lembra quando a expectativa de vida era menor, quantos genios da música, da pintura e todos com uma vida curta e altamente produtiva. Hoje parece mais que estamos para o tipo onde tornar a vida longa passou a ser o único objetivo. A tristeza bate forte, porque já sabemos de antemão que determinadas ações e situações vão se repetir dentro do cenário secular e que as mudanças não são assim tão rápidas. Isso quando não se quer ver é pior ainda. Os tempos vão para os acordes finais e nosso espaço no ciclo da vida um dia também acaba. Como parece ter fim, ao mesmo tempo inicia um ciclo da meia idade, onde já podemos pensar em ousar de maneira diferente. O risco de passar por um vexame agora é de menor duração. Já não importam os importantes, importa oque achamos que importa de fato.

6/7/2009 Dominar x Perder
Tenho uma preocupação pessoal com o uso das palavras porque elas manifestam aquilo que pensamos e ao mesmo tempo transmitem mesmo com seus ruídos nosso modo de vida. Quando falamos de educação ambiental surgem coisas do tipo: a educação ambiental está sendo dominada pelas áreas sociológicas e o pessoal da biologia está perdendo espaço. Se estamos buscando educação ambiental para nos educar numa nova forma de vida estas palavras simplesmente traduzem que nada entendemos até o momento e queremos somente aplicar aquilo que conhecemos. Alguém pode dizer que na própria natureza podemos ver determinada planta ganhando espaço em relação a outra. Será? Não estamos por acaso fazendo confusão e deixando de lado nossa ação que criou essa situação. Quando continuamos com a monocultura a qualquer custo, seja ambiental ou economico, estamos fazendo justamente o caminho inverso, a educação ambiental, o aprender continuo com o ambiente passa ao largo. Na natureza existem os ciclos e quando hoje vemos um local naturalmente com predominância de alguma espécie é porque as condições lhe são mais favoráveis. No longo prazo ela é uma passagem que acontece. Existem plantas na mata que ficam esperando a oportunidade de se desenvolver quando outra morre. Portanto, precisamos ficar atentos com as palavras que usamos, mudar o vocabulário também faz parte da educação ambiental. O predomínio da área de sociologia mostra que muito precisa ser feito para que todas as disciplinas abram as portas para construir um novo conhecimento. O importante é trazer todos para o diálogo e assim podermos nos tornar mais aptos para continuar existindo enquanto espécie.

5/7/2009 O peso do sistema.
Algumas pessoas que como eu buscam manter sua horta em casa estão percebendo que cada vez mais as sementes tem problemas de germinação. Se este problema é geral não sei, na nossa pequena comunidade de praticantes da horta doméstica isto é cada vez mais real e a busca tem sido por plantas que são locais ou crioulas conforme outros. Essas plantas foram tiradas do nosso cardápio e homogeneizadas em algumas poucas espécies. Estou e estamos buscando alternativas para voltar a plantar o que é da região, aquilo que a natureza gentilmente nos oferece e que deixamos de lado. A natureza não existe por causa de nós e sim o contrário, nós existimos porque a natureza assim o permitiu e podemos encontrar nosso lugar dentro de seus grandes ciclos.

4/7/2009 Conscientização e Ruptura.
Até poucos dias atrás pensava que sempre seria possível trazer as pessoas do círculo mais próximo para uma reflexão mais profunda sobre as questões ambientais que no fundo são questões ligadas à nossa incapacidade de responder a perguntas mais profundas da nossa existência. A televisão é ligada todo dia na novela e eles cansam com o mesmo tema, as mesmas risadas forçadas e tudo mais e as pessoas gostam disso. Se todo dia trago uma nova questão, pergunta, percepção ou outro, isso é chato. Por que? Porque tomar consciência exige ruptura, sair da caverna e ver a luz que existe lá fora. Não é mais possível voltar ao colo da mãe, nasceu é para seguir em frente. Assim, comecei a pensar e percebo que para mim também é de certa forma triste romper com as pessoas, mas isso também está se mostrando inadiável. Aqui a busca de iguais está descartada, mas precisa haver um mínimo de diálogo sobre questões mais profundas, novas conexões, evolução. Se você fica ao lado de alguém que só sabe citar e exterioriza algumas poucas coisas só como justificação, torna-se muito difícil atingir um novo nível de conscientização. A ruptura é necessária e ela já aconteceu por diversas vezes com a nossa espécie.

28/06/2009 Grande confusão.
A confusão até começa pela própria reflexão em si. Por onde começar se é que assim pode ser feito pois tudo está em constante transformação. A verdade de ontem pode não fazer sentido nenhum hoje e a falta de um projeto conjunto deixa tudo mais confuso ainda. A ética deixou de ser uma construção conjunta para desaparecer no dia a dia. Está ali no dicionário esperando para ser novamente levada em consideração. A confusão acaba existindo porque perdemos nossa capacidade de estarmos ligados, comprometidos. Ao invés disso estamos vivos somente sem que isso nada venha a fazer sentido. Na medida em perdemos nossas ligações, nosso próprio território ou nos fechando nele acabamos confusos e perdidos. No entanto, essa confusão profunda também é uma grande oportunidade para novas possibilidades e oportunidades. Para quem está perdido abrir uma nova porta pode ser menos problemático.

20/06/2009 Urgência de mudança.
Chegamos num ponto em que ou mudamos, ou mudamos. Nossos saberes fragmentados, fechados em caixas, não servem para nossa compreensão e pensar sobre tudo e todos. Faz-se necessário um abdicar de posições, sem contudo perder o conhecimento adquirido, para poder dialogar com os outros e descobrir novas possibilidades e oportunidades. Os saberes, não somente partilhados e citados, em rede é que podem evoluir. Precisamos urgentemente nos envolver na complexidade que se apresenta para podermos continuar existindo. Na evolução o que sobressai não é o mais forte e sim o mais apto. A cada dia precisamos buscar avidamente aptidões para pensar complexificando. Isto não quer dizer complicar, o que refletiria nossa linearidade, e sim um entendimento amplo de que o pensamento complexo acontece quando pensamos em conjunto com os outros e com eles compartilhamos nossa experiência de vida, nossos saberes, nossas esperanças.

17/6/2009 Continuando...
No dia dez de junho escrevi um pouco sobre a questão dos problemas ambientais e na sequencia viajei para Blumenau, cidade que recentemente foi atingida por fortes chuvas e toda sorte de destruição pela água. Aproveitando a caminhada regular que faço fui ver alguns lugares atingidos e deparei com a seguinte situação. As casas que foram abandonadas por não ter condição segura de habitação começam a virar lugar para depositar lixo. Na beira das ruas lixo, nos bueiros também e ali bem próximo estava presente o estrago que aconteceu. Conversando com algumas pessoas sobre a situação, elas sabiam descrever e falar sobre, mas tinham uma total incapacidade de ligar a questão do lixo com o que aconteceu. Para agravar a situação, uma casa está sendo construída em local que no futuro poderá sofrer o mesmo problema que tantas outras sofreram. Perguntar sobre a construção num local assim parece sem propósito para quem contrói. "Descobrimos que aí o terreno é firme e com um pouco de cimento nos barrancos a água vai embora e não leva a terra." É uma total desconexão do homem com a natureza. Sabemos muito dela, a natureza, e tudo parece ficar lá arquivado nas bibliotecas sem ser lido, dialogado, vivenciado. Quando acontece um desastre lá vem toda uma sorte de desculpas e a falta de conhecimento é uma delas. Quantos problemas mais teremos que ter para aprender a nos religar com tudo e com todos?

10/6/2009 Quantos problemas ainda precisamos.
Um problema é sempre um desafio para uma solução. Um questionamento que nos mantém atentos. Muitas vezes podemos nos achar incapazes frente ao problema, mas a partir de ações individuais, depois organizadas em grupos de interesse e assim por diante podemos sentir que o pouco que fazemos também faz a diferença. Os problemas ambientais são um bom exemplo. Pode parecer que a primeira vista tudo é difícil. Porém, nada impossível. Nossos questionamentos individuais e a busca de soluções no meio do qual fazemos parte contribuem para que outros venham se juntar e mobilizar na busca de soluções. No entanto, resta saber quantos problemas ainda teremos que ter para nos conscientizar e mudar nossas atitudes.

9/6/2009 Urbanismo.
Não tenho formação academica no assunto, mas vivo e tenho experiência de vida em várias cidades. Aqui em nossa cidade, com aproximadamente 80.000 habitantes os passos que estão sendo seguidos são os mesmos de outras que já estão em total desordem e com problemas estruturais variados que no fundo afetam a qualidade de vida dos que nelas habitam. Foi aprovado que os prédios no centro da cidade podem ser mais altos e que os terrenos para escrituração possam ter um tamanho menor. Agora está sendo aprovado o estacionamento de caminhões no centro durante o dia para mudanças. Como temos uma avenida que tem duas mãos e estacionamento central só vai faltar pedirem a retirada do estacionamento central. Penso que isso aos poucos vai minar nossa qualidade de vida e a boa convivencia de todos nos locais públicos. Essas mudanças deveriam passar por amplo debate para que a comunidade como um todo pudesse se manifestar evitando assim que somente interesses economicos tenham peso de decisão. Para viver na cidade é necessário ser político, organizar a polis a partir da participação de todos.

6/6/2009 Poderia não estar aqui.
Outro dia, estava observando a imensidão do céu estrelado com lua cheia. Vivemos pouco para entender tudo e muitas vezes ainda ficamos com questões de terceiros para tirar o pouco da vida que temos. Pensei também que poderia já não estar aqui para apreciar o ouvir do próprio silencio, quando tudo a nossa volta traz ruído e barulho o tempo todo. O silêncio restitui a calma e permite apreciar o estar aqui e agora. Esse contemplar nos religa com tudo e com todos e não somente abstrai para impor uma verdade que pela sua própria formulação sobre uma razão falha deixa de ter qualquer valor.

5/6/2009 Rastreabilidade da carne bovina.
Estava lendo no site do IDEC - Instituto de Defesa do Consumidor, sobre pedido feito aos três maiores supermercados sobre a origem da carne vendida nas gondolas. A resposta que receberam daria para adivinhar sem ter feito nenhum pedido de informação. O peso cultural, de mídia, familiar, social é tão grande que fica difícil acreditar que tenha algo que possa ser feito no curto ou médio prazo. Aqui na nossa região se você não come carne é quase como uma ofensa, logo para não brigar com ninguém... A televisão mostra novelas de boiadeiros e de sua lida que só na TV é que tem cantor famoso. Todos vislumbrados e indo comer na churrascaria. E assim, podemos citar tantos outros. Isso para não falar na questão social do emprego. De tempos em tempos sai uma notícia sobre os empregos gerados pela indústria da carne. Será que eles fariam tanta diferença assim? Produzimos carne de boi, frango, porco e outros para exportar nossos recursos de água. Isso não é apresentado na grande mídia. Agora os jornais estão gastando o maior tempo sobre o acidente de avião. Claro, ele também tem importância, mas quando afunda um barco na Amazônia, com grande número de passageiro, daqui a pouco ninguém mais ouve nada. É difícil, mas não impossível ainda.

3/6/2009 Aqui é frio.
Ontem recebi o primeiro boletim com informação de possibilidade de geada para os próximos dois dias. O frio foi tão intenso que de manhã os pés de repolho estavam cobertos com uma fina camada de gelo. A natureza com seu grande ciclo das estações é uma grande educadora. O frio é bom porque permite a renovação, algumas espécies morrem para dar lugar a outras. Nós podemos aprender muito, deixar velhas idéias morrerem para dar lugar a novas que possam permitir continuarmos existindo.

2/6/2009 A Educação e a Lei.
Alguns seres humanos estão preocupados com a existência da espécie e por isso defendem que devemos preservar o Meio Ambiente (MA). O Brasil tem orgulho de ter uma das melhores legislações ambientais, servindo de modelo para outros países. No entanto, nossa educação para cumprir a legislação ambiental é deficiente. Quando menos se espera tem alguém descumprindo a mesma. Aqui no Estado do Paraná estão com uma operação forte sobre o desmatamento da araucária. E aqui onde residimos vemos a cada dia montes de lenha provenientes de mata nativa abastecendo as casas para o aquecimento no inverno. Tudo uma questão de educação porque não dá para esconder os problemas climáticos que estão a nossa volta. A educação não é tarefa fácil, ela supõe que o educador tenha nova postura e que ele mesmo mude seus modelos mentais para poder transmitir não somente informação mas que juntamente com os alunos crie novos conhecimentos para podermos continuar existindo enquanto espécie humana.

1/6/2009 Conhecimento fragmentado. Será?
Ouvi isso e já li muitas vezes e fico com uma dúvida. Como só poderia ser diriam meus críticos oportunistas. Mas, o que seria da vida sem a dúvida? Sem saber o momento seguinte? Penso que o conhecimento é algo que não pode ser especializado porque deixaria de ser conhecimento. Assim, o que temos e está fragmentadíssimo é a informação. Partes, aqui e ali que nem se quer dariam para compor um mosaico. E aí sim começa o problema. Com base em informação fragmentada criamos um discurso que nada tem de conhecimento. É um encadeamento de parágrafos que fazem sentido, e que no entanto não geram conhecimento, porque falta-lhes o espaço e tempo para o diálogo e a reflexão. Aliás, se algum parágrafo for repetido dificilmente será percebido, a não ser por alguém mais crítico, porque a leitura ou fala ficam vazias e são medidas pelo número de página ou pelo tempo da conversa. Perdemos isso sim, nossa capacidade de gerar conhecimento, porque o conhecimento supõe a interação, a vivência o estar junto com base numa ética comum.

30/05/2009 A natureza por ela mesma.
Quando criei esse site pessoal os meus pensamentos, assim como hoje, tinham uma preocupação com a desconexão que temos em relação a tudo e a todos. Sair da caverna de Platão e ver que o mundo tem luz e cores foi dolorido. Decorridos todos esses anos da minha existência finita, percebo que no fundo essa foi uma preocupação que sempre acompanhou meus passos, mesmo não tendo consciência deles. Neste final de semana colocamos nossa biblioteca nas prateleiras e no meio dos livros encontrei um sobre Ecologia de Milton Menegotto. Usei esse livro quando estava no correspondente ao que hoje conhecemos por ensino médio. Esse observar a natureza, apreciar os processos, vislumbrar os ciclos da vida com seu nascimento, crescimento, maturação e morte sempre estavam presentes. A natureza por ela mesma dando condições para hoje entender que estou ligado a tudo e a todos. Resta ainda acertar o como passar essa experiência adiante, para que possamos continuar existindo enquanto espécie.

29/05/2009 Leitura de trabalhos científicos.
Até hoje não tive grande preocupação com esse tipo de leitura especificamente, se bem que num passar de olhos pela biblioteca, os autores dos livros são mestres, doutores, especialistas e tantos outros. Anos atrás ouvindo um médico, fiquei intrigado com a questão científica. Tudo o que ele apresentava fazia questão de ressaltar que era obtido a partir de pesquisa científica. Um tanto chato até, mas alguma utilidade deveria existir nessa afirmação. Hoje para elaborar um trabalho de conclusão de curso, vou precisar de muita leitura e a recomendação da orientação é que use trabalhos científicos, porque do contrário terei grande dificuldade de publicar o artigo em alguma revista científica. Bom, isso agora da algum sentido do porque das referências e outros. Para ser publicado cientificamente precisa de referências científicas. Mas, será que tudo o que nos cerca, foi descoberto e tantos outros está nessa linha? Espero que ninguém se ofenda, é só uma pergunta.

28/05/2009 Nozes.
Quando alugamos a casa onde residimos atualmente, o dono antes de alugar estava pensando em derrubar o pé de noz pecã. Crianças vinham na época das nozes e isso era incômodo porque ficavam de olho nas casas e rotina das pessoas também. Disse que não teria problema e ele até autorizou a derrubada se quisesse. Hoje descobri o tamanho da encrenca. Meu filho ligou e disse que estavam em nossa horta, pisando em tudo só para pegar as nozes. E quando ele perguntou o que estavam fazendo, fizeram de conta que não era com eles. Ele antes de fazer qualquer coisa, ligou e voltei para casa. Chegando encontrei os pés de ervilha e fava pisados e ainda uma demonstração bem animal de demarcação de terreno. Alguém defecou em baixo do pé de noz. E depois dizem que o interior é mais calmo, pessoas mais isso e mais aquilo. Não quero desmerecer nem um pouco o conceito de que é mais tranquilo. Mas, existem niveis diferentes de tranquilidade.

27/05/2009 Estreito e alto.
Infelizmente vão sendo aprovadas leis para a construção de prédios mais altos e divisão dos terrenos para facilitar a venda. Quanto aos prédios altos, todos esquecem que em baixo vão circular pessoas e veículos. Aqui na cidade vão permitir construir prédios mais altos numa avenida que tem estacionamento dos dois lados de cada mão. Se a construção for regulamentada, não vai levar muito tempo para alguém entrar com pedido para tirar o canteiro e estacionamento central para construir duas faixas em ambos os sentidos. Quanto aos terrenos que estão caros, a solução de permitir uma fração menor também não vai ajudar ou facilitar os negócios. Quem tiver terreno para fracionar, vamos supor que possam ser duas partes iguais dentro da nova metragem mínima, vai vender cada fração como valor superior a 50% do valor original do terreno inteiro. Essa questão do adensamento populacional é defendida por muitos porque gasta-se menos energia e tempo de locomoção. O problema é que queremos sempre tratar os efeitos e não os sintomas. Estamos perigosamente deixando de lado o sintoma disso tudo que é "crescer e crescer sempre mais", como defendido na reunião da câmara de vereadores.

21/05/2009 Instituições.
Estive participando de uma reunião onde estavam presentes instituições representativas da cidade. A apresentação seguiu de forma tradicional com nome e instituição. Como atualmente não pertenço formalmente a nenhuma instituição justifiquei nossa participação a partir do convite feito pela proponente da reunião. Esse caso sempre acontece e por mais que se tenha boa vontade em colaborar independentemente da instituição é difícil a aceitação. Penso que gostamos de rótulos, marcas e tantos outros e esquecemos o ser que cada um é, aquilo que ele traz na bagagem e que somente poucos conseguem perceber a importância. Uma vez num brinde ouvi o seguinte. "Vamos brindar as nossas qualidades que não são poucas mas que nem todos reconhecem." Reconheço a partir da natureza que as organizações são necessárias para dar continuidade aos processos. No entanto, penso ser importante estar aberto para o novo, ele pode trazer oportunidade de novos arranjos, novos pontos de vista, novas soluções.

20/05/2009 Mil acessos.
O site está no ar desde agosto de 2007 e hoje completou mil acessos pela página inicial. Os acessos por pesquisa e outros são bem maiores. Pode parecer pouco mas em reconhecimento a todos que acessaram espero que possamos seguir para uma fase de trocas e construção conjunta. Durante todo esse tempo no ar já aconteceram diversas trocas de idéias, posições, críticas e outros que vão contribuindo para que se possa pensar e viver melhor. Obrigado!

17/05/2009 Biodiesel.
Estão comemorando a instalação de uma mini-usina numa cidade do estado. Não lembro mas existem iniciativas em vários estados nesse sentido. Bom, sinto em dizer, mas isso tudo é um grande engodo que passa pela mídia e aceitamos felizes e contentes com nossa contribuição para o bem estar do planeta. Você sabia que o primeiro motor do Sr. Diesel funcionava com óleo de amendoim. Então vamos parar de falar em biodiesel e ter coragem de fazer algo. Como sempre tenho algumas perguntas para não ferir egos apaixonados por si mesmos e por suas idéias lá vai. Onde ficaria o controle e cobrança de impostos se fossem aprovados veículos para rodarem com cem por cento de óleo vegetal? Nesses anos todos não lembro ter lido sobre qualquer acidente fatal com motores modificados para rodar somente com óleo vegetal? Um pequeno produtor poderia produzir seu próprio combustível com a moagem dos grãos e o restante servindo ainda para alimentar os animais? E ainda existem os que defendem o controle da qualidade do combustível, como se isso fosse líquido e certo, não bastassem as notícias sobre adulteração que vemos todos os dias. Ou será que as notícias sobre adulteração servem para impulsionar os carros bicombustível?

16/05/2009 Verticalização.
Quando leio o jornal, dá vontade de chorar. É como se ali passasse em reprise muito do que conheço e vivi até os dias de hoje. E olha que fico no empate com a cidade que escolhemos para morar, uma diferença de seis ou sete anos somente. A motivação é crescer, tornar a cidade uma potência na região. Uns argumentam que com prédios altos as pessoas vão ter orgulho da grandiosidade da cidade. O setor imobiliário diz que precisa construir mais alto para compensar o investimento, visto que os terrenos estão ficando caros e eles geram empregos. Pura tolice, se ele tem nas mãos a venda dos terrenos e também da construção, não existiria aí um conflito de interesse e uma manobra? Pergunto porque perguntar não ofende a ninguém, tudo depende da resposta. Para a prefeitura é sinal de que a cidade está crescendo, mais arrecadação com certeza. Esse argumento é fechado com o do setor de construção, pois ele afirma que a prefeitura terá mais verba para realizar suas obras sociais. Peço desculpas ao leitor, não estou transcrevendo os textos literalmente, e sim fazendo um apanhado das idéias a partir do que li. Continuando, todos esquecem algumas perguntas que poderiam ser interessantes para pensar naquilo que realmente interessa para a qualidade de vida e para a existência da espécie. Quando se colocam os prédios ao longo de uma rua, avenida ou outro, tudo o que foi afirmado acima é verdadeiro. No entanto ficou faltando saber como será o fluxo de carros na rua, para onde será enviado o esgoto, onde as pessoas irão trabalhar, onde as crianças irão estudar, o que será feito do lixo produzido, qual a demanda de água potável e assim por diante. Crescer é algo que não é mais possível nos ritmos atuais se quisermos continuar existindo enquanto espécie? Quanto mais problemas teremos que ter para que as pessoas tomem consciência disso?

15/05/2009 A criança na praça.
Uma cena que sempre comove é ver uma criança brincando na praça. Recordo das brincadeiras de infância, onde os galhos caídos viravam cavalos, as folhas a pastagem, e algum inseto morto encontrado no chão era visto e apreciado. A praça do bairro da minha infância era muito pequena e nossas brincadeiras eram nos terrenos vazios, ou mesmo no terreno de casa. Parei para observar a criança brincando na praça, numa certa distância para não chamar a atenção. Mas, olhar de mãe não tem jeito. A mãe foi lá sussurrou algo no ouvido da criança e dali a pouco ela foi brincar mais próxima do banco da praça e saiu de perto da árvore. Isto é, penso que as pessoas sabem o que precisa ser cuidado, só que quando não tem ninguém por perto é como se tudo fosse permitido. Sai dali e fui para casa, pensando nos tempos da minha infância, onde sem nenhum adulto por perto sempre tivemos outro modo de ver, viver e apreciar o que estava próximo de nós. Para satisfazer a curiosidade: a criança em questão na praça, estava com um galho que deve ter encontrado no chão batendo com toda a força que conseguia para tirar as folhas de outro galho que ainda estava preso na árvore. Pode parecer algo sem valor, mas convido você a pensar sobre...

14/05/2009 Estabilizar.
Estamos diante de tantas questões que podem tornar todos impotentes mentalmente e piorar a situação. Se tenho uma pessoa que diz que a natureza criou a espécie humana, para que ela destruísse tudo incluindo a própria natureza, para que o novo pudesse surgir, devo ficar preocupado. Arrogância desse tipo tem um preço, sem fazer julgamento de certo ou errado. Poderão existir certezas simultaneas sem que isso gere qualquer problema ou embaraço. O problema é que uma visão simplista dessas é tudo o que se precisa no momento para afundar de fato. É como entregar-se a desgraça como se nada pudesse ser feito. Penso que isso é até uma espécie de antítese do céu que existe na cabeça de muitas pessoas, incutido pela nossa tradição cultural religiosa cristã. É algo como viver de maneira vegetativa. Precisamos sim estabilizar nossa existência como espécie, redimensionar nosso tamanho, já que temos condições para isso, ou será que vamos ficar nos reproduzindo e acreditando em termos percentuais que nossa população está diminuindo? Já somos demais sobre esse solo, essa fina camada que nos sustenta. Posso não entender e compreender o porque cheguei aqui, mas gosto cada dia mais do sol novo que nasce a cada manhã, da chuva fria que tilinta no telhado, do sussurro do morcego que passa por mim na calma do jardim, da abelha que zune nas flores de abóbora. Enfim, de tudo e de todos que a minha volta dançam a grande coreografia da vida, que pulsa, que ri, que chora e que sentirá muita falta no dia em que não mais existir.

4/05/2009 Agrotóxicos - até quando.
Li essa notícia agora a pouco. "De acordo com a Anvisa, em 2008 o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. A agência monitorou os agrotóxicos em alimentos no ano passado. O diretor diz que os índices são preocupantes: 64% das amostras analisadas de pimentão apresentaram irregularidades. O morango, a uva e a cenoura também apresentaram índices altos, com mais de 30% de amostras irregulares cada." no endereço: http://www.agrosoft.org.br/agropag/210200.htm. Convido você para ler a notícia inteira. Assim é fácil ser país de primeiro mundo e jogar todo o problema para os outros. E o presidente da república ainda fica feliz por ser o primeiro a emprestar dinheiro ao FMI. Nós continuamos sendo analfabetos de pensamento. A mídia dá um afago e logo damos tudo de graça, mesmo às custas de nossa saúde e bem estar. A única coisa boa é que os resultados dessas ações são sentidas por todos. Independe se protegidos por um muro ou não. A gripe suína está aí para comprovar. As empresas americanas que estão no México não precisam seguir as leis ambientais do país e nem do país de origem. Agora todos pagam por isso. Assim, até quando vamos ficar tolerando o uso de agrotóxicos? Deveríamos era pensar em como estabilizar, parar de crescer e tornar nossa existência possível.

3/05/2009 Entidade Ambiental.
Outro dia conversando com uma pessoa que estava fazendo poda de árvores uma afirmação chamou a atenção: ainda bem que aqui na cidade não existe nenhuma entidade ambiental, ONG, para incomodar. Percebi então que existe muito para ser feito e que é necessária uma mobilização ampla, uma tomada de consciência. O ar que respiramos é comum a todos. Se não preservo, o outro também será prejudicado. O mesmo acontece quando nos deslocamos de carro sem necessidade. A poluição é partilhada por todos e a própria está dando sinais de que não dá mais conta. Portanto, torna-se imperativo fazer algo, por pequeno que possa parecer. Estamos na situação de que não dá mais para ficar calado num canto esperando que algo aconteça por acaso.

30/04/2006 A lei é igual para todos.
Participando de uma audiência pública, no momento das perguntas uma pessoa perguntou como fica a contribuição de quem mora na cidade. A pergunta fazia todo o sentido, uma vez que para os agricultores as exigências a cumprir são muitas com relação ao meio ambiente. Para poder ampliar a questão seria necessário um espaço maior. No entanto uma coisa é certa. A lei é igual para todos e todos precisam se adequar. Não dá mais para querer jogar todas as exigências para um lado somente. Se o agricultor não preservar rios e nascentes em breve as cidades podem ficar sem água. Mas isso também de nada adianta se as pessoas que moram na cidade continuarem despejando seu esgoto no rio. Todos somos responsáveis pelo ambiente que tão generosamente nos nutre e isso precisa ficar claro para todos. Independente de ser lei ou não a ser aplicada precisamos pensar se com nossas ações estamos contribuindo para que a nossa espécie possa continuar existindo. Nossas leis não são para proteger o meio ambiente, como normalmente ouvimos, elas procuram garantir nossa própria existência. Caso contrário nós simplesmente podemos ser eliminados e a natureza seguirá seu curso.

25/04/2009 Erro e reconhecimento.
Um tanto difícil para começar. Percebo sempre pessoas e mesmo eu em diversas situações onde reconhecer o erro é um ato difícil e dolorido do mesmo modo que reconhecer quando o outro está certo o que não implica em pensar diferente possa ser considerado erro. Quantas vezes estamos perdendo tempo e energia para provar algo simplesmente porque não sabemos tratar com a questão do erro e do reconhecimento. Pensar sobre e uma maneira de iniciar uma reflexão profunda e permite estar atento.

23/04/2009 O fazer...
Até poucos dias atrás estava procurando conversar com as pessoas sobre as questões ambientais e ver o que poderia ser feito para contribuir de alguma forma. Talvez tenha pensado muito grande, ou como estou no interior e dois paulistas já deram o golpe por aqui, fica difícil convencer alguém visto que viemos de São Paulo. Dependendo de onde estiver pode achar engraçado, mas aqui é assim. Outra coisa preocupante é a participação familiar. Se a esposa não aparece junto, mesmo que seja para algo muito banal e simples. Todos também somem. Imagina, se a esposa dele não acompanha, coisa boa é que não deve ser ou não estão bem e o melhor é ficar longe. Assim, não perdendo a esperança e buscando fazer a diferença que tanto cobram e ninguém paga, continuo com minhas pesquisas, a pós, a criação de minhocas e a horta.

21/04/2009 Um milhão de casas.
Esse programa do governo federal vai contra o que se fala atualmente que não dá mais para crescer, crescer e crescer. Existem muitas moradias subutilizadas e caindo aos pedaços. Não que a moradia nova não é importante, mas isso só vai acelerar o crescimento e inchamento das cidades. Precisamos acordar e saber que dormimos em berço esplendido somente quando cantamos o Hino Nacional. Na vida precisamos cuidar para não acabar com o que temos, caso contrário todos vamos acabar sucumbindo.

19/04/2009 Seca.
Todos na região estão reclamando da falta de chuva e várias ações emergenciais são tomadas. No entanto falta um trabalho de médio e longo prazo que poderia ser feito juntamente com o emergencial. Se vão buscar uma nova fonte de água e escavam a terra, por que não fazer um buraco para captação de água da chuva quando ela vier.

17/04/2009 O lixo não é meu.
Existe uma questão aqui na cidade com relação a limpeza dos terrenos desocupados. Devem ser mantidos limpos para evitar a proliferação de ratos e outros animais. A prefeitura fiscaliza a limpeza. Trabalhando na horta, observei como as pessoas próximas jogam lixo no terreno vazio, como se fosse a ação mais natural do mundo. Provavelmente depois ainda vão reclamar sobre a situação do terreno. Precisamos de muitas ações e penso que devam ser positivas. As proibitivas ninguém aguenta mais as pessoas se fecham. Estou começando a mobilizar a vizinhança para recolher os restos de vegetais e deixar conosco em vez de mandar para o lixo. É uma contribuição pequena para a situação. O importante é ao mesmo tempo em que dialogamos para que as grandes mudanças aconteçam, fazer as pequenas no dia a dia. O modelo mental pode mudar se ficarmos atentos em todas as nossas ações e não somente em alguns momentos quando parecemos atentos a situação.

15/04/2009 Sustentabilidade.
Meu amigo Hugo Penteado pediu uma colaboração sobre a sustentabilidade e resolvi escrever sobre o que penso a respeito. Abaixo segue o texto enviado por e-mail.

Quanto a sustentabilidade e tudo o que leio sobre penso que sempre fica uma dúvida sobre a definição de cada um para justificar a sua sustentabilidade. Por exemplo: a empresa diz ser sustentável quando ela tem práticas que garantem a sua longevidade, amanhã ela vai continuar existindo. Outros vão pelo lado da natureza e do meio ambiente e dizem explorar seus recursos racionalmente. Outros ainda exploram a questão social e dizem estar integrados na comunidade onde atuam de forma a garantir a prosperidade de todos. No conjunto ainda não vi nada que de fato atendesse a uma definição de sustentabilidade de forma ampla, enquanto espécie humana. Dizemos cuidar disso e daquilo e no fundo precisamos é cuidar para continuarmos existindo como você muito bem coloca em suas falas.

Atualmente meu pensar está em sintonia com a questão dos ciclos. Nós perdemos a nossa ligação com os ciclos, sejam eles do carbono, do nitrogênio, da água, e tantos outros. Isso remete a perder o conceito de sustentabilidade. Não estou sendo nada científico, consultando livros ou outro. Estou escrevendo sobre o que vejo, observo, sinto e tento por em prática. Os ciclos são sustentáveis porque eles conseguem fazer uma circulação digamos dos bens e elementos de que nosso ambiente dispõe de forma a não reter, simplesmente processar e passar adiante. Isso dá sustentação a todos e quando ocorrem mudanças bruscas os organismos vivos se adaptam procurando manter o ciclo, porque ele garante a continuidade, o existir.

Pode ser um exemplo bem banal, mas meu aprendizado tem sido muito rico com a criação de minhocas, vermelha da Califórnia. A primeira vez recebi numa caixa de um fabricante para de forma doméstica reaproveitar nosso lixo orgânico e devolvê-lo ao solo na forma de húmus para que outras plantas pudessem aproveitar os nutrientes. As minhocas eram bonitas, gordinhas e tudo foi bem.

Dias atrás, estive em contato com uma senhora já idosa que criava as mesmas minhocas com seu marido. Como ele faleceu o negócio parou. Mas, ela ainda tinha em casa para compostar os restos orgânicos da residência. Ela deu uma caixa com minhocas e substrato. Cheguei em casa e montei duas caixas com estrume que ainda tinha. As minhocas não eram tão bonitas e pareciam pequenas mesmo sendo adultas. Passado uma semana, fui verificar a caixa e elas estão ficando do tamanho como as outras. Estão se alimentando, crescendo e transformando em húmus o estrume.

Penso que esse "emagrecimento" foi devido a falta de alimento e as minhocas tentaram manter-se vivas até que pudessem recomeçar em outro ciclo com mais nutrientes. Essa observação fez lembrar o que ouvi numa palestra certa vez sobre uma tribo indígena. Peço desculpas por não ter a referência para pesquisar e ler melhor. Acontecia que em época de menos alimento toda a tribo emagrecia, desde o chefe, o pagé, até as crianças. Não existia quem armazenasse para si, a tribo tinha um conceito de conjunto e todos passavam pelo mesmo processo, no caso menos alimento. Quando os alimentos voltavam todos adquiriam peso novamente e não tinham problemas de obesidade. Comiam o que era necessário, sem gula.

13/04/2009 As vezes...
faço anotações e depois coloco aqui na data correspondente. Não tenho a regularidade de sentar para escrever sendo obrigado. Esse espaço reflete o modo de vida de seu criador. Assim, sugiro que se anotem sempre idéias por mais estúpidas e sem sentido que possam fazer. Hoje ela podem não valer nada e amanhã podem fazer a grande diferença. Ler, pensar e escrever fazem nosso viver melhor e abrem portas e janelas onde antes nem paredes existiam.

12/04/2009 Elitização da informação.
Em tempos de internet e tantas outras formas de comunicação a melhor maneira de deixar tudo como está é tornar a elitizada a informação. Os jornais estão repletos de notícia velha. Quando noticiam um encontro de pessoas frente a questões importantes é para dizer que já aconteceu. Aí você entra em contato e pergunta como pode saber do próximo e aí vem a informação derradeira: as pessoas presentes é que definiram quando será a próxima. Não levem a sério, foi só uma piada. Ou será a questão toda uma grande piada.

10/04/2009 Acreditar na humanidade...
Tem um comercial de televisão que vi por acaso, e dizia algo como: acredite em você, acredite no seu estado e acredite no Brasil. Foi uma martelada daquelas que trazem sinos e passarinhos na cabeça. Dizer para acreditar em você, de qual você ele está falando. A pessoa que comete toda sorte de barbáries acredita nela ou será ela o extremo de quem não sabe mais quem é quem? Acreditar no estado é ainda mais difícil. O estado dos protegidos? O estado dos que são mais iguais? Ou o estado daqueles que precisam inventar uma estória para não dizerem que estão desempregados? E acreditar no Brasil. e um dilema maior. O Brasil segundo a visão de quatro dedos, ou será o Brasil colônia onde até hoje cada um tenta levar vantagem em tudo. Ou estamos falando de um Brasil que por suas riquezas comportou-se como filho de pai rico. Penso que tudo isso não terá valor nenhum se não descobrirmos nossa verdadeira humanidade e de como faremos para que a espécie humana continue existindo. Não é pessimismo e nem realismo maior que o do rei, mesmo ele estando nu. É uma constatação de que não dá mais para só ficar é preciso comparecer e fazer.

07/04/2009 Poço artesiano.
Aqui perto de casa, numa residência estão abrindo um poço artesiano. A empresa que está fazendo o serviço é especializada na perfuração. Até aí nada estranho se não fosse o fato de ter água encanada da rua. Se tem autorização, ou não, qual a lei vigente ou outro, não importa. A questão é que enquanto muitos fazem seu esforço para continuarmos existindo enquanto espécie, outros pensam em simplesmente aproveitar o que podem e pior, tem dinheiro para pagar tanto o trabalho quanto o cala boca em muitas situações. Conversando aqui e acolá para saber se existe legislação, como funciona e tudo o mais, todos desconversam. Isto é, enquanto pedimos para no interior os agricultores cuidarem das nascentes, que abastecem não só eles, mas nós também, na cidade nós permitimos abrir um poço artesiano. E todos pagam essa conta, porque a pessoa que usufrui não vai pagar nada, e ainda vai colocar mais carga na rede de esgoto que simplesmente será bancada pelos trouxas, como eu e tantos outros.

05/04/2009 Recuperação natural.
Hoje é um dia para transmitir um pouco de alegria e otimismo. Uma experiência que não tinha a muito tempo. Ver as plantas crescerem na horta sem uso de nenhum adubo, fertilizante ou agrotóxico industrializado. Disseram que não daria para recuperar, por causa do veneno. Que talvez fosse necessário tirar a terra, jogar fora e colocar outra. Mas, se nós contribuímos a natureza responde de forma fantástica, como quem diz: é só devolver um pouco que retribuo em dobro. Penso que se cada um fizer um pouco - pode ser o simples fato de todo dia ajuntar e dar destinação correta a algo que foi jogado na rua indevidamente, tudo ficará melhor. A natureza não está cobrando muito de nós, ela só não pode ficar sem nada. E a natureza ficando sem nada, ela simplesmente vai buscar e para isso precisará sumir com quem pensou que podia pegar tudo. Estamos entendidos...

04/04/2009 Educação Ambiental
Iniciei um curso de pós-graduação de Educação Ambiental. A primeira disciplina, bioindicadores de qualidade ambiental, foi ótima, mesmo constatando que a minha graduação em engenharia elétrica e filosofia parece destoar para a maioria com a Educação Ambiental. Penso que a questão de educação é para todos e lamento observar como para muitos fica sendo uma conversa de iguais. A educação precisa da participação de todos e quanto mais diversificadas as áreas melhor. Os impactos que estamos sofrendo com as mudanças climáticas refletem justamente essa falta de diversidade de pensamento, idéias e práticas. A natureza é um reflexo de nosso pensar e as ações subsequentes. Quando iguais agem, a natureza responde apresentando poucas espécies e falta de vida. Portanto, peço a você a gentileza de refletir sobre essas poucas palavras e ampliar o diálogo sobre essas questões o máximo que puder. A natureza irá agradecer e talvez possa manter a existência de nossa espécie.

01/04/2009 Dia da mentira.
Lembro da brincadeira que fazíamos nesse dia quando garoto. Era o dia em que se permitia contar uma mentira com a justificativa de que era o seu dia. Lendo a notícia sobre a expectativa de aumento das importações de fertilizantes pela Câmara Temática de Insumos Agrícola, reunida em Brasília no dia 30 de março, penso que deveria ser somente uma brincadeira do dia da mentira. Quando estamos sofrendo as consequências cada vez mais desastrosas do uso de fertilizantes com o consequente empobrecimento do solo, esta notícia soa muito mal. Precisamos estar atentos, nos mobilizar e recuperar nossa ligação com a natureza, com tudo e com todos. Incentivar a produção sustentável, com os recursos que a natureza tão gentilmente põe a nosso dispor é o que fará com que tenhamos condições de existir enquanto espécie.

30/03/2009 Tratar como iguais os diferentes.
Ontem assistindo à sessão da Câmara de Vereadores de Beltrão, veio a questão desse tratamento com os agricultores. De um lado você tem a lei que precisa ser igual para todos e de outro você tem dúvidas que sempre existirão. Vamos a uma situação hipotética. O produtor A produz 500 litros de leite e dista 150 km do laticínio, o produtor B, produz 1500 litros de leite e dista 50 km do mesmo laticínio que adquire o leite de ambos. Na conservação da estrada, qual seria a opção do executivo municipal se tiver de escolher entre um dos dois para atender, devido aos limites de sua capacidade operacional. Podemos imaginar outras situações, invertendo as proporções. A ampliação do diálogo portanto é necessária. Saindo um pouco da questão de quem atender, que talvez se resolva no próprio desenvolvimento dos trabalhos, vale ressaltar que o ponto positivo do projeto de lei para atendimento aos agricultores é a de que existem contrapartidas que devem ser observadas e algumas estão relacionadas diretamente ao Meio Ambiente. Isso é importante e indica que todos são iguais não só perante a lei mas também frente às questões ambientais.

26/03/2009 Quando uma vez não basta.
Recebi um e-mail convidando para participar da Hora do Planeta no sábado. Já tinha ouvido falar e enviei a seguinte resposta. Se essa for a mesma campanha que ouvi na televisão, penso que ela seria mais eficiente se no horário proposto os canais de televisão desligassem todos os seus sistemas e parassem de transmitir. Isso sim seria uma campanha de vulto e engajamento. Essas campanhas geram marketing, negócios e dinheiro, e dificilmente farão qualquer diferença, porque depois de uma hora todos vão voltar aliviados para seus consumos cotidianos, dirigindo seus carros pesados e poluentes, parando em congestionamentos assombrosos enquanto a natureza tenta descobrir outras saídas antes de nos tirar de vez do seu caminho.

24/03/2009 Exercício da cidadania.
Ontem na sessão da Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão o público presente foi um dos maiores que vi até agora. Nem quando o prefeito vem apresentar o relatório da prefeitura isso acontece. O presidente da Câmara até aproveitou para convidar a todos para virem nas outras sessões e acompanharem os trabalhos dos vereadores. Esse grande público reflete um grave problema que ainda está arraigado em nossa cultura. Colocamos o interesse privado acima do público. Vamos lá para ver o que podemos ganhar e depois os outros que se virem. É uma pena que isso aconteça e nesse caso um pouco pior porque a presença de grande número de jovens aconteceu por causa da votação sobre repasse de verba para o futebol de salão da cidade. Penso então sobre a ligação do esporte com a cidadania. O que falta? Claro que não é possível e nem viável todos comparecerem às sessões, mas um percentual equilibrado seria o reflexo de exercício da cidadania. Será que estamos somente preocupados com coisas privadas e somente vamos a público quando interessa disputar uma fatia do bolo? Pessoalmente, só posso convidar você a refletir sobre e se quiser aprofundar o diálogo podemos manter contato. Lembrando que essas e outras questões mais dia ou menos dia também afetarão cada um de nós.

20/03/2009 Vida nova.
Para decidir mudar para Francisco Beltrão, durante aproximadamente um ano e meio ficamos estudando e percebendo a dinâmica da cidade. Tínhamos uma possibilidade de voltar para o sul e aqui surgiu a oportunidade. Agora quando converso com moradores da nossa cidade, perguntam como sei tanto sobre muitas coisas e algumas dinâmicas. A resposta sai como de um namoro. Namoramos Francisco Beltrão e estamos casando com a cidade. Todo lugar tem seus problemas, maiores ou menores, depende do ponto de vista. Porém, os problemas são oportunidades de vivências, melhoria de qualidade de vida.

Estive assistindo a palestra do prefeito de Curitiba, Beto Richa. Já conheço a muito tempo o desenvolvimento de Curitiba e sua referência em várias questões. Uma capacidade de planejamento que foi construída durante décadas. Resta agora não sabotar nada e sempre poderá ser melhor. O sabotar aqui pode até ser uma leitura superficial de alguns números e deixar de perceber os movimentos que acontecem. Curitiba está ficando maior com as pessoas indo do interior buscar oportunidade numa cidade modelo. Esse número só aumenta, basta verificar os atendimentos aos carentes, só aumenta e isso deve ser um sinal de atenção.

19/3/2009 Pedido de desculpas.
Foram dias bem corridos e com muitas novidades, música de vida numa natureza que mesmo com nosso descuido ainda revela suas belezas e capacidades. Um pedido de desculpas por não fazer tudo o que deveria ser feito para melhorar a qualidade de vida de nossa nave mãe terra. Sim, esta mãe que nos acolhe mesmo quando somos os que jogam lixo no terreno baldio, queimamos e sangramos as árvores, depositamos entulho em qualquer lugar desde que não seja visto por alguma testemunha e por cima de tudo ainda queremos segredo em determinados tramites públicos. Que ser humano é este? Fico na dúvida e espero descobrir aquilo que sou junto com tudo e com todos. Vamos em frente, algo precisa ser feito e já foi o tempo em que podíamos esperar em berço explêndido.

09/03/2009 Pequenas atitudes.
Em meio às mudanças que teremos pela frente e que sempre tivemos, cada época com seu jeito, penso que algumas coisas tem um valor que perpassa a tudo. Aqui não venho trazer grandes heroísmos, Cazuza já cantava: " meus heróis morreram de overdose...". Falo de coisas pequenas que como todos sabemos podem fazer a diferença em determinadas situações. É aquele ponto que muda tudo e depois até podemos nem saber qual foi, mas a mudança aconteceu. Precisamos reconhecer e dar conhecimento do que foi feito para que outros se animem e façam a diferença, possam exercer seu protagonismo sendo aquilo que são. Porém, se o conhecimento e reconhecimento não acontece, isso não deve ser motivo para desistir, continuar a fomentar pequenas atitudes é como o cuidado com a horta. Aos poucos ela vai mudando, e retribuindo quem dela cuida.

08/03/2009 A Paz não tem dono?
Observando algumas manifestações em favor da paz e da compreenssão entre os povos, ações por demais positivas e bem vindas seja onde for, fica sempre uma questão no ar. A Paz não tem dono, porque se tiver alguém terá que se subjugar ao outro e nesse caso a Paz não terá condições de florescer. Aliás, prefiro o termo Cultura de Paz, porque ela é uma ação de conjunto, onde todos participem, dialogam, controem, erram, acertam e procuram formas de ser e estar numa Cultura de Paz. Ouço observações do tipo: não faça nada nesse sentido porque você conhece pessoas que lidam com presos e outros e isso tudo não seria bom. Se o diálogo não é possível, mesmo numa troca de idéias, onde possibilidades reais nem estão sendo cogitadas, só da para esperar um trabalho árduo pela frente. Mas, minimamente deveríamos pensar que um dia podemos ns estar lá, em situação reversa e como gostaríamos de uma oportunidade, que muitas vezes é negada a muitos, para construir algo diferente, uma forma de vida melhor que a de hoje, onde possa ser possível, ter dignidade, carinho e respeito para consigo e para com os outros. Se a cultura da guerra, da dominação foi possível até nossos dias, então existe a possibilidade da Cultura de Paz e ela não tem dono, tem adeptos, aqueles que acham que conjuntamente é possível.

06/03/2009 Deus existe?

03/03/2009 Política.
Ouvindo a declaração de alguns polítcos é de tirar o chapéu quanto ao que se fala e ao que se pratica. Penso que a maioria é desconexa, e tiram proveito dos outros que também são e assim continua o domínio do político, como um benfeitor da coroa. Uma declaração muito simples do tipo: o meu voto é pela minha família, pela minha razão e pela minha vontade. Palmas, aplausos, já ganhou a próxima eleição. Todavia, é preciso ser muito pouco participativo para saber que existem jogos de interesse que vão de um extremo a outro e de que essa fala é uma falácia narrativa. Engana pela empolgação e continua tudo na mesma. Existem as diretrizes do partido, os anseios pessoais, as disputas. No momento atual, só sendo trouxa para acreditar.

02/03/2009 Dia de greve.
De tempos em tempos essa estória que ouvi e também não lembro onde foi passa pela cabeça. Um reino era por demais tranquilo e tinha uma vida pacata, sem grande diferenças sociais entre as classes dos nobres e dos camponeses. O reino vizinho no entanto, era governado a ferro e fogo e os camponeses decidiram protestar cruzando os braços. Um dia sem trabalhar. A notícia se espalhou e chegou ao reino que era tranquilo. A notícia que veio foi de que os camponeses pararam por um dia, fizeram greve. Os camponeses do reino tranquilo, foram ao rei e disseram que também queria ter um dia de greve. Afinal, o reino era estável e próspero e eles não podiam ficar para trás e não ter seu dia de greve. O rei então perguntou o que era e eles disseram: vamos ficar um dia sem trabalhar. Aí ele perguntou e o que vamos fazer nesse dia. Eles pensaram, pensaram, até que um deles disse: vamos fazer uma festa de todo o reino nesse dia, onde todos comerão da mesma comida, usarão os mesmos talheres e tudo o mais. O rei concordou e decretou o dia de greve com essas atividades e marcou a data. Todos foram embora já pensando nos preparativos e seguiram sua lida diária.

01/03/2009 Ocupar os espaços.
De várias conversas, a preocupação com relação aos jovens e seu futuro sempre acaba aparecendo. São preocupações mais do que justas de pais, avós, tios e tias, amigos e amigas, porque cada vez mais existem problemas de todas as ordens e que deixam todos de certa forma paralisados. Sabem o que não querem e param aí. Por exemplo, o filho não gosta de ler e estão preocupados porque isso vai tornar difícil a vida dele. A conversa continua e descubro que nunca fizeram uma leitura de estórias para o filho ou filha. E querem que ele seja um leitor. Ora, como querer algo que não é apresentado. Como degustar da sobremesa se ela não veio a mesa. Se estamos preocupados com drogas e outros problemas, precisamos ocupar os espaços com atividades sadias, lúdicas que também dão prazer de viver. Também não adianta preencher os horário com aulas extras disso ou daquilo. São atividades que vão acontecendo naturalmente. Um jogo diferente, uma pedalada pela cidade, uma observação de insetos desconhecidos, só para citar algumas possibilidades. Isso vai criar outras amizades, territórios e gosto por viver. Quem se habilita a participar. Aqui estamos abertos para experimentar, temos uma quadra móvel de badminton em frente de casa, se vier de bicicleta podemos dar um passeio e também podemos ficar observando os insetos que aparecem a noite próximos da lâmpada e mesmo obervar o movimento das estrelas nos fundos de casa.

27/02/2009 "Jornalismo de Paz".
Com o lançamento da Campanha da Fraternidade, cujo tema deste ano é a segurança pública, as reflexões feitas sobre a mídia sairam defendendo um "jornalismo de Paz". É louvável e muito bem vinda essa reflexão, porém deve-se ficar atento ao seguinte. A Cultura de Paz não é prerogativa de nenhuma religião, grupo social, organização ou outro. A Cultura é uma construção conjunta onde todos participam e através de suas ações promovem a mudança. Se fosse exclusividade de alguém seria fácil resolver o problema, era só fazer parte do grupo. Cuidado, não estou denegrindo o trabalho de ninguém pela Cultura de Paz, ela só não pode ter um dono, uma detenção do poder. Aliás, isso é o que menos combina com a Cultura de Paz. A mídia com certeza tem grande impacto e como dizia uma chamada de um canal televisivo: " a sua vida passa por aqui". Existem vários sentidos: você se vê nos personagens, você passa a vida sem um olhar atento e ainda, sua vida passa a ser o que a mídia quer. Então, promover um jornalismo de Paz é muito importante, mas a construção precisa ser do conjunto de toda a sociedade para que possa tornar-se Cultura de Paz. Pela situação atual de crises ambientais, sociais, financeiras, econômicas e outras tantas dá para desconfiar que está mais do que premente e urgente a busca de outra cultura, Cultura de Paz, que possa permitir que continuemos existindo enquanto espécie.

26/02/2009 Propaganda da Petrobrás.
No intervalo do jornal televisivo assisti a propaganda que tem o menino brincando de piloto rodando um pneu. Uma brincadeira que muitos de nós devem ter conhecido. No meu tempo usava-se um pneu de bicicleta, era mais fácil para fazer manobras. A propaganda segue o modelo das corridas e tem a bandeirada de chegada e a comemoração. A comemoração é uma ação totalmente iresponsável nesses tempos de problemas ambientais. O garoto esguicha água para comemorar. Penso que não preciso nem dizer qual é a mensagem. Enquanto gasta-se de um lado para incetivar o consumo consciente da água, aqui o dinheiro está solto promovendo justamente o contrário e em horário nobre. Dá para acreditar...

23/02/2009 Luto ambiental.
Hoje, próximo do horário do almoço assisti a notícia sobre o lago do Parque da Aclimação em São Paulo, que ontem simplesmente sumiu depois que o tubo de controle vazão se rompeu na sua extremidade inferior. Até o final do ano de 2008, morei próximo ao parque e fazia parte do conselho gestor do parque. Tivemos muito trabalho e mobilização para impedir as construções em volta que afetam o parque. Muitos até diziam que seria uma luta em vão porque as pessoas não estão preocupadas com o lago. Em reuniões com técnicos que entendem do assunto, uma das motivações para não se construir próximo do parque era o problema geológico que poderia inclusive afetar a existência do lago. Ele não era um lago natural. Assim, só consegui ligar para a administradora do parque e saber do que precisava. Ela precisava de cordas para poder chegar ao centro do lago, agora um lamaçal, para retirar os cisnes. Fiz algumas ligações e espero que tenha conseguido ajudar. Estou longe e me pergunto: quantos acidentes mais, por excessos de chuva ou de sol ainda precisam acontecer para que tomemos consciência de que é preciso fazer algo? Tudo e todos estão ligados, a natureza é de uma presteza grande para os que dela sabem cuidar. Será que teremos pessoas suficientes para cuidar dela?

22/02/2009 Sabedoria da natureza.
Observando a árvore que já pela idade abriga um cupinzeiro, percebo o quanto a natureza é sábia. A árvore não morre, ela continua viva no cupim que dela se alimenta. Já pensou se a árvore teimasse em ser eterna, continuar existindo para sempre. A natureza só existe pelo fato de que os elementos que delam fazem parte seguem naturalmente seu ciclo de nascer, crescer e morrer. Existem ciclos curtos e alguns mais longos, mas nenhum que queira beirar ao existir sempre. Epa! Você está certo em chamar a atenção. Onde fica o homem? Perceba a pergunta, ninguém pergunta: e a espécie humana onde fica? É que o homem desligado da natureza, pensa que pode tornar-se imortal em detrimento de tudo e de todos. Pensa que pode dominar, progredir e que nunca será cobrado por isso. O homem precisa religar-se com a natureza, com tudo e com todos sob pena de não mais existir. Precisa aprender com a árvore que até o último momento de sua existencia abriga o ninho do pássaro que possívelmente no próximo verão não mais a terá por companhia. Isso é o que precisa ser aprendido...

21/02/2009 Arrogância.
Penso que o mais triste é ter que conviver com a arrogância e seus defensores. São pessoas que por grande sorte e apoio de outros conseguem galagar postos de relativa tranquilidade financeira em meio a toda essa crise. Aí dá-se o pulo do predador. Quando pode deixa a vida de todos um inferno sem o menos constrangimento. E a sorte de todos os outros é que o sol é novo todos os dias. Isso dá um certo descanso merecido e o silêncio é a melhor resposta, porque as palavras já nada valem e por isso que tudo gira em torno do valor monetário. Conversando com um prativante da agricultura familiar ele dizia que todos diziam para ir trabalhar e comprar as coisas de que precisava. Ele disse: olha é difícil com gente assim, são poucos os que entendem a diferença. O arrogante possivelmente menos ainda.

20/02/2009 Faltam médicos no interior.
Nesses últimos dias as notícias que circulam são da falta de médicos no interior. Estive até numa reunião onde pediam para que a universidade implantasse cursos na área de saúde para cobrir a falta nessa área. Fico pensando se a saída é aumentar a oferta de cursos, visto que existem cursos bons e próximos. A questão é outra: quando na universidade todos só veem as belezas dos grandes hospitais, com seus equipamentos e atendimentos não há o que fazer. É como a novela, tem um chamariz que ilude grande maioria. Todos querem ir para a grande cidade ou cidade pólo de uma determinada região. Lá é que as coisas acontecem e tudo isso porque o sistema se realimenta. O professor convidado é um doutor de grande centro, o medicamento tem que ser o de última geração ( mesmo que tenham dúvidas sobre a eficácia ) e assim por diante. As pessoas querem crescer, as cidades querem crescer, e ninguém faz a pergunta básica: para onde? Ser médico no interior também é possível e com uma vantagem, aquilo que o (a) médico(a) normalmente recomenda, melhorar a qualidade de vida, pode ser vivido no dia a dia.

18/2/2009 Fases da lua.
Como a vizinha pediu para ver a questão dos galhos que estão sobre o telhado da casa, fui até a prefeitura pedir a visita de um técnico para fazer a avaliação do que pode ou não podar de acordo com as normas ambientais atuais. Hoje quando ele estava examinando, chegou e disse: olha o senhor pode cortar essa noz pecã no eixo central lá em cima para ela parar de crescer para cima e assim fica bonita e não precisa se preocupar com a altura e dias de trovoada, mas cuidado, é bom cortar na lua minguante. E continuou: mas é bom não podar sempre nessa fase porque pode matar a árvore. Ainda perguntei sobre as outras fases e ele foi contando, anotei alguma coisa no papel e o resto estou pesquisando. É um conhecimento que preciso recuperar, lembro que funcionava quando na juventude tínhamos um sítio. Mas um lembrete que encontro também em todas as leituras. As fases só agem onde a agricultura é orgânica ou a situação natural. Se você não tiver horta, pomar ou vaso de plantas, experimente e observe, verá que em muitos outros assuntos as fases podem ser observadas.

17/2/2009 O entulho não é meu.
Aqui na cidade o proprietário de um terreno precisa mantê-lo limpo por causa de ratos, insetos, dengue e outros. Até aí tudo bem e muitos emprestam o terreno para outro plantar e assim também atendem ao quesito limpeza. Daqui de casa posso observar um terreno e a situação é hilária. Os vizinhos, jogam seus entulhos e capinas no terreno que só tem capoeira. Mais tarde, ligam para a prefeitura e o dono do imóvel é notificado para fazer a limpeza. Se não fizer a prefeitura vem e faz a limpeza, cobrando a multa mais a limpeza. O que falta para sermos educados de fato? Continuamos com as maneiras de colonizados, que quando podem sabotam a coroa e na falta dela sabotam o vizinho que tem somente um terreno vago ao lado. Quem manda ele ter o terreno e não cuidar? Não é assim que se pensa? E os lugares da natureza que não foram tocados, que precisam ser reservados para continuarmos a respirar, os rios que não tem dono mas abastecem a todos, os aquíferos e tantos outros. Por um acaso não fazemos o mesmo que o vizinho com o entulho? Pense nisso...

14/2/2009 Aprender sempre.
Hoje foi muito divertido e reconheço que eu mesmo me surpreendo. Gosto da vida assim, onde eu mesmo posso causar espanto, rir de mim mesmo e tornar tudo melhor. Fui com amigos num CTG - Centro de Tradições Gaúchas. Chegamos muito cedo e com a troca do horário de verão tudo virou confusão. Afinal, para começar as 23:00 horas, uma grande dúvida, no mesmo dia acontece duas vezes o horário de 23:01. Gosto de dançar e danço muito mal. No entanto, com uma professora de dança gauchesca diplomada nessa data foi mais fácil. Ainda bem que ela prometeu não contar a ninguém quantas vezes ia pisar no pé. A dança foi muito alegre, um prego sendo conduzido no salão, o prego sou eu. Alguém pode perguntar: qual a surpresa? Bom, a surpresa é que a filha do meu amigo tem idade para ser minha família e fiquei surpreso que ainda tenho capacidade para aprender, com diversão e alegria. Só quem sabe aprender sempre pode talvez pensar em ensinar ou compartilhar algo com outros.

12/2/2009 Abrir e fechar portas.
O computador que muitos ainda tem como uma das grandes maravilhas de nosso tempo não passa de um abrir e fechar portas para a passagem ou não de elétrons. Tão mecânico, linear, quanto nosso pensamento de ação e reação. Para cada ação uma reação. Pudera, não poderia ser diferente, aquilo que achamos o máximo é de fato o máximo do que conseguimos. Esse modelo está entrando em colapso pelo simples fato de que o abrir e fechar de portas em velocidades muitos altas não funciona, isto é, os elétrons passam livremente como se a porta não existisse. O computador como o conhecemos está longe do nosso cérebro. Enquanto escrevo, existem várias funções sendo executadas ao mesmo tempo e não tem um sistema de abre e fecha portas, ele é mais complexo, moléculas que qual mosaico vão dando conta dos trabalhos e nem precisamos para para pensar nisso, algumas funções são automatizadas após treino. Quando digito, por ter treinado, algumas teclas saem automáticamente e nem preciso ficar olhando para as mesmas. Uma constatação muito simples, nós somos mais do que um porteiro que abre e fecha a porta, precisamos exercitar mais as ligações e percepções que temos, para sair dessa armadilha que nós mesmos ampliamos e demos valor. A vida é complexa e nós podemos pensar, refletir, e agir assim.

10/2/2009 Ampliando horizontes.
Ouvindo uma citação de que primeiro nos preocupamos conosco mesmos, depois com a família e depois com a sociedade, penso que isso é uma questão estrutural sobre a qual nossa sociedade está alicerçada. Como não temos um entendimento enquanto espécie, na maioria dos casos. Existem relatos de tribos indígenas, onde quando a quantidade de alimentos é menor todos emagrecem, incluindo o chefe da tribo. Se começarmos a nos ligar e percebermos nossa existência e sobrevivência enquanto espécie possivelmente começaremos a ter primeiro uma preocupação mais ampla para lá no final ter uma preocupação individual. Isso é possível e muito pode ser feito, basta que cada um pare e pense a respeito, leia mais sobre outras experiências e tomando consciência perceba as vantagens que isso acarreta. Se a espécie continuar existindo, os indivíduos também existirão.

9/2/2009 Brejão.
Precisaria criar um pouco mais de disciplina e escrever todo o dia. Afinal, assunto não falta e sempre existe com quem possa trocar. Hoje foi o primeiro dia de aula do ano letivo do filho. Ele voltando das aulas disse que tinha uma indagação dos outros alunos. O que faria alguém sair de São Paulo e vir para o Brejão, é assim que eles nominavam a cidade de Francisco Beltrão. E ele completou dizendo: sabe quais são os lugares para onde as crianças viajaram nas férias? Vão para São Paulo, Florianópolis e tem os que ficaram na roça (usam essa designação para sítio ou fazenda). Perguntei então o que ele tinha respondido, ele não falou muito, porque tem saudades, mas ao mesmo tempo diz: eles não conhecem tudo lá para dizer que é bom. Pelo meu estilo de viver e de pensar, nunca direi que um lugar é melhor ou pior do que outro. Cada um tem suas qualidades e defeitos. A decisão de vir, foi a oportunidade que surgiu aliada a um entendimento de que os locais com grandes aglomerados humanos vão ser os primeiros a serem atingidos pelas condições adversas pelas quais iremos passar. Problemas com emprego, falta de água e outros. Aqui, resta a atenção para não cometer os mesmos erros, se ainda puderem ser evitados, para que o Brejão tem orgulho de ser Francisco Beltrão pela sua qualidade de vida, alegria das pessoas, a convivência em paz com a natuereza, com tudo e com todos.

7/2/2009 O lixo na rua.
De vez em quando para e ajunto algum lixo quando existe uma lixeira por perto. Por questão de higiene faço uma avaliação prévia e até meu filho sugeriu que deveríamos adaptar nosso bastão de caminhada para poder catar o lixo. No entanto, já ouvi o seuinte comentário: você não vai dar conta de tudo, existe muito por aí e as pessoas não se importam. Ao que respondi: se cada um ajuntar um, dificilmente vai sobrar algum e com o lugar sempre limpo aquele que joga vai ficar com vergonha de jogar, porque tudo está sempre limpo.

6/2/2009 A riqueza da nova ortografia.
Reconheço e faço um mea culpa. Ainda não estou alfabetizado nas mudanças ortográficas e vejo que aumentei a riqueza na construção das frases e do pensamento. Quando surge alguma dúvida, acabo fazendo novas construções que não precisam passar pela regra, novos pensamentos surgem e o novo fica bem melhor. Mas, isso não é uma defesa da não adoção da nova ortografia.

4/2/2009 Legislativo de Loesnópolis.
Claro que essa cidade, situada no mais distante rincão da imaginação não podia ser diferente de muitas das que conhecemos. O nome é literário e com seus poucos habitantes se for reconhecida por mais de um já será sucesso. Como todo município, o legislativo começou seus trabalhos. Uma sessão que fica entre a tribuna e o altar, com tempos enormes de reflexões bíblicas e terapia pessoal dos ilustres vereadores. Tudo em nome de decisões que como bem lembrado por um reeleito, deveriam ser postos de lado e organizados numa única comissão. Tudo isso porque a Câmara de Vereadores é conhecida por seu árduo trabalho de conseguir telefones públicos e quebramolas. Mesmo em tão grande estilo, a sessão seguinte não podia ser diferente e o comovido arrependimento não poderia faltar na conversão de mais um vereador. Não saberia dizer bem conversão para o que, mas a sessão seguinte com certeza poderá dar mais luz para que o mais desconhecido e humilde cidadão possa entender a razão e poder finalmente descobrir qual a definição de trato com a coisa pública que acontece. Ao que tudo indica parece ser diferente, mas tem algo em comum com as outras cidades, existem os que pagam e não tomam conhecimento e nem exigem retorno sobre o que pagam. No máximo fazem piadas para aliviar a tensão e depois reclamam que nada melhora ou acontece. Atenção! Acordem!

3/2/2009 Folha não é lixo.
Como é gostoso caminhar pela cidade e apreciar os belos jardins das casas. Sob o sol as flores ganham cores e a grama se mostra nos diversos tons de verde. Mas, o que é isso? Os galhos podados estão na caçamba de entulho. Saindo mais a noite, um cheiro de mato queimado. Pensamos incialmente que era incêndio na mata próxima. Mas não. É o vizinho que a algumas quadras está queimando a grama que foi cortada durante o dia. Gente, que ledo engano os belos jardins. Folha não é lixo. É adubo de um belo jardim. Precisamos pensar, uma ação conjunta, educacional, de solução para o problema, o cuidado com as podas e tantos outros. Estamos buscando fazer a nossa parte incentivando os vizinhos a nos dar os restos de suas aparas e podas. Isso ainda pode ser pouco. Precisamos encontrar uma multiplicação maior nessa linha...

2/2/2009 Aos cuidados do estado.
Continuamos vivendo numa colonia e queremos sabotar a coroa, só que a coroa não existe mais e sabotamos a nós mesmos. As invasões estão aí a todo instante e como sempre próximas de locais que se desenvolvem. O discurso de vereadores é de que precisam ser construídas casas populares e reclamam quando o executivo vai em direção a outras prioridades. Ora, quando é que vamos cair na real e perceber que não dá para crescer indefinidamente, que a palavra progresso pode ser um grande problema em detrimento da qualidade e longevidade da vida. As famílias pobres continuam teimando em ser numerosas. Ficam cegas ao que podem oferecer, porque não acham que a responsabilidade é sua e sim do estado, da coroa. A curto prazo isso funciona, mas a médio e longo prazo é um desastre total. Basta olhar as grandes cidades e ver o que aconteceu. Se o modelo de crescer, crescer e crescer fosse bom, ninguém estaria fugindo de lá. Tudo bem em buscar alternativas, mas está na hora de não repetir o mesmo erro do lugar de origem.

1/2/2009 Relação com a natureza.
Ontem fomos ao Parque Alvorada. Ficamos encantados com o crescimento das árvores e principalmente sabendo que é o Sr. José quem cuida delas, um defensor nato. Em determinado momento, encontramos no caminho, três adultos e cada um com um cachorro. Aí o cachorro para, defeca e a condutora do mesmo se vira para o pai e diz: pai, olha a sujeira que ela fez. O pai vindo atrás desvia e ambos continuam sua caminhada. Será que em casa eles tem o mesmo comportamento, deixar a sujeira para depois por descuido pisar? Existem crianças que andam descalças pelo parque, brincam na grama, será que não é hora de pensar que existem outros num lugar público. No parque, onde também se levam os cachorros para passear, os donos precisam dar um destino adequado para os excrementos. Vamos ser mais educados no trato com os outros, antes que a lei obrigue, mostrando que de fato somos melhores.

31/01/2009 Tristeza
Ontem fomos ao cinema assitir o filme " O crepúsculo". Passando pela calçada, em frente ao Fórum Estadual, as lixeiras estavam tombadas. Elas existem pela cidade e são fixas na calçada sendo que os recipientes podem ser girados para esvaziar quando cheias. Vento com certeza não foi, alguém acha que a calçada por ser de todos não é de ninguém e por isso mesmo pode ser destruída. É triste ver isso, num lugar tão bonito, tranquilo e gostoso de viver. É necessário movimentar-se e procurar formas de melhorar esse tipo de comportamente que com certeza não tornará nossa cidade melhor. Mais tarde fui passear de bicilceta no centro da cidade. Tem um parque infantil que estava sendo ocupado por jovens de idade superior a permitida. Paramos de bicicleta e ficamos olhando o comportamento destruidor dos jovens com relação aos brinquedos. Não falamos nada, estava eu e meu filho. Depois de alguns minutos os jovens foram se retirando dos brinquedos. Estavam saindo e devem ter percebido que para ficarmos observando algo deveria estar fora do combinado socialmente. Está certo que ali não faz sentido eles usarem os equipamentos devido ao peso e tamanho. Mas, e o que será oferecido a eles? Será que temos algo? Será que querem algo ou o prazer está em destruir, tomar posse e dane-se?

28/01/2009 Muito por fazer.
Os problemas e comportamentos sociais estão ligados ao modo como nos relacionamos com o mundo e com tudo o que nos cerca. Gostamos de viver na caverna que nos engana a todo instante em sua janela quadrada, mesmo quando o apelo é de um programa educativo que já nasce com problemas porque foi concebido num modelo linear de pensamento que extremamente focado queima toda e qualquer nova possibilidade de vida e consciência. Temos muito por fazer para evoluir de fato, isto se tivermos tempo enquanto espécie, que com um nível de consciência sabe que amanhã pode não mais existir. Viver é isso, pensar, refletir e agir, mesmo sem nenhuma certeza quanto ao futuro.

27/1/2009 Rir ainda é o melhor remédio.
O riso no mínimo melhora o humor, permite o exercício dos músculos e ainda pode dar um colorido especial para esta vida que alguns dias teima em mostrar-se cinza. O marido chega em casa e diz: querida, hoje numa reunião descobri oportunidades na área pública. A mulher sem ouvir mais diz: você deve estar brincando, quer trabalhar na área pública e não quer prestar concurso, isso nunca vai dar certo. O marido, perdendo a paciência: olha, você insistir em concurso é o mesmo que eu insistir para você aprender a dirigir. Ela: daqui a pouco nem para ser motorista você serve e aí vou querer saber qual a sua função nessa casa. O marido, com toda a sua sabedoria, aprendida durante anos, diz para si baixinho: manda quem tem dinheiro e enquanto pode e obedece quem tem juízo e sabe que um dia pode ser diferente. Em tempos de crise é isso, a linearidade aumenta e a beleza de viver vai embora. Se você estiver dando risadas da situação do marido é sinal de que soube aproveitar. Se não achou graça é melhor procurar um psicólogo ou então você pode estar fazendo o papel da mulher na situação acima.

23/1/2009 Água.
Agora que mudamos para Francisco Beltrão, e moramos numa casa, temos a oportunidade de exercitar um pouco mais nosso cuidado e zêlo pela natureza. Coletamos água da chuva para molhar as plantas e não lavamos calçadas ou outras partes externas, tudo com vassoura e pano. E aí eis que acontece um exercício magnífico de eu posso pagar, eu posso consumir. Acontece numa casa da rua, dá para ver do nosso portão, durante mais de duas horas, calçada sendo lavada com essas máquinas de pressão. Vi outro dia uma propaganda dizendo para comprar a máquina porque economiza água, esquecem de dizer por quanto tempo de uso e qual a energia consumida. Quando vamos acordar para o problema. Será que precisamos de mais quebras de safra e outros para saber que a situação não está boa. Que precisamos mudar de atitude para ver se ainda conseguimos nos manter como espécie nessa fina camada de vida do planeta terra.

22/1/2009 O imprevisível...
Após todos esses dias penso que realmente não dá para prever nada com exatidão. A maioria pode achar isso uma bobagem e poderão dizer que muitas previsões são precisas e acertadas. Acontece que dentro do universo de previsões feitas, os acertos são ínfimos. Estamos quase no final do mês e muitos assuntos teriam sido interessantes para abordar, no entanto sem conexão e muita confusão eles foram ficando para trás e dando lugar a outros. Estou morando a partir desse ano em Francisco Beltrão. Uma cidade interessante no sudoeste do Paraná. A cidade é nova e tranquila. Não dá para prever como será, e assim só resta observar o fluxo de sua vida própria e inserir-se. O meio nos afeta e nós afetamos o meio.

7/1/2009 Voltando ao dia a dia.
Os acontecimentos desse final de ano, com nossa mudança para Francisco Beltrão dariam uma bela estória. Aos poucos vamos conseguindo colocar a casa em ordem e nem bem chegamos já estamos viajando amanhã. A vida é uma grande viagem para a qual precisamos estar sempre de malas prontas para poder aproveitar e ampliar horizontes, conhecer pessoas, modos, costumes e tantos outros que em muito enriquecem nossa experiência de vida e daqueles com quem mantemos contato. Aos poucos vou retomando o acesso a esse espaço que espero em fevereiro possa voltar a sua regularidade, trazendo sempre algo para pensar e refletir. Como não poderia deixar passar, com todos os acontecimentos recentes fica aqui uma pergunta: por que nós, mesmo sabendo de nossa exisência por demais curta, ficamos nos apegando ao ter ao invés de procurarmos ser mais gente, pessoas que buscam a paz e que vivem bem com tudo e com todos?

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