Cláudio Loes

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2011

Efemérides

Efemérides, conforme o Dicionário Aurélio significa um "diário, livro ou agenda em que se registram fatos de cada dia". Aqui não serão fatos do dia, se bem que possam servir de estímulo muitas vezes, serão as reflexões,as ideias, os sentimentos. Um diálogo constante com o incerto, o desconhecido, o novo.


Quem somos nós?

Estamos no topo da cadeia alimentar e precisamos da cooperação de toda a natureza para continuar existindo. No entanto, nós mesmos teimamos em querer simplesmente usufruir achando que a natureza dará conta daquilo que nós simplesmente descartamos. Tudo a nossa volta é um consumo desenfreado daquilo que a natureza oferece gratuitamente.

Para muitos é algo inevitável, sempre foi assim. Outro dia ouvi alguém dizer que os tempos de intenso calor e perda de safra sempre aconteceram. Ele só não mencionou que nossa pressão sobre os recursos naturais eram menores em tempos idos.

É triste ver como locais que não são usados para agricultura nem se quer são cobertos por árvores. Dizem que o custo é alto e não compensa. Claro, se for visto individualmente é impossível. Porém, em um conjunto tudo seria viável e possível.

Deveríamos aprender um pouco mais com a natureza e agir como bandos ou cardumes. Individualmente qualquer um não poderia existir, no entanto, no grupo todos continuam a existir. Uma pista para a pergunta: quem somos nós?

Nossa organização social, em suas mais diversas formas, sempre tem um controle central que se mostra cada vez mais ineficiente. A inteligência está no grupo, no conjunto das ações. O outro é quem me define que traz à tona toda a possibilidade de existir.

Assim, para descobrirmos quem nós somos, precisamos aumentar nossas relações com tudo e com todos. Observaremos, por exemplo, que aqueles que estão no topo da cadeia alimentar sempre estão em menor número e isto é o que garante sua existência enquanto espécie.

Para de fato sermos uma espécie evoluída precisamos nos inserir nos ciclos da natureza, ciclos estes que garantiram que chegássemos até aqui. O resíduo de uma espécie é o alimento de outra. Nós somos a espécie humana e pensar como espécie é totalmente diferente daquilo que a maioria dos seres humanos faz nos dias atuais. Pare, pense e reflita. (20/12/2011)




Pobreza ou desigualdade?


Aqui e ali o assunto pobreza, combate a pobreza, tirar da miséria, é tratado com todo o empenho. Combate à fome num primeiro momento e agora a questão da miséria. De certa forma dizer que a pobreza vai ser combatida soa bem aos ouvidos de todos. Afinal, não queremos que o outro sofra que não tenha um prato de comida e um abrigo durante a noite.

A ONU – Organização das Nações Unidas estabeleceu 8 Objetivos do Milênio ao analisar os maiores problemas da humanidade. No Brasil eles são conhecidos como 8 Jeitos de Mudar o Mundo. O objetivo número preconiza: acabar com a fome e a miséria.

No dia 24 de outubro de 2011, quando a ONU completou 66 anos, o subsecretário-geral e diretor executivo do Programa das Nações para o Meio Ambiente – PNUMA, Achim Steiner em seu discurso lembrou os temas da conferência Rio + 20: “Economia Verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da eliminação da pobreza, e um quadro institucional para o desenvolvimento sustentável”.

No site do Plano Brasil sem Miséria, temos dois iconográficos: “O Brasil cresceu porque a pobreza diminuiu” e “Já pensou quando acabarmos, de vez, com a miséria?”.

Certa vez ouvia um coordenador de uma empresa, todos eram sócios e tinham os mesmos ganhos, dizer: é melhor trabalhar com uma pessoa que decida sobre o que vai comer ao invés de alguém que ganha uma cesta básica decidida pelo patrão.
Alguém na plateia argumentou que muitas vezes o trabalhador acaba gastando em outras coisas e não leva comida para casa. Ele retrucou: então vamos dar condições para que ele aprenda sobre o assunto e não continuar decidindo por ele.

Então, voltando à proposição do título deste, pobreza ou desigualdade? Todas as ações que tenho visto sempre são para erradicar a pobreza, dar condições “mínimas” para viver bem. Enquanto que a desigualdade não faz parte dos debates. É como se a diferença sempre fosse necessária. Será? Ou será que manter a pobreza é bom para garantir o poder de poucos sobre muitos?

Podemos erradicar a pobreza, a miséria e mesmo assim continuarmos com um fosso social enorme. Diminuir a desigualdade não necessariamente seria dar mais a quem tem menos, mas os que tem passarem a viver com menos e assim garantir nossa existência enquanto espécie. Ou será que somente sabemos lidar com base no consumismo de coisas desnecessárias? Uma desaceleração a partir do topo pode ser uma saída. No lugar do consumismo retomar a educação, o pensar, as rodas de diálogo, a cultura, a arte, a pintura e tantas outras que desenvolvem nossa mente sem necessariamente precisar destruir nossa própria casa, a terra. E assim poderíamos continuar sendo diferentes sem termos que ser desiguais. (30/10/2011)


Tempo para reflexão.


Estou um pouco afastado das efemérides por razões várias e tenho refletido sobre essa questão do todo da vida e nossa relação com tudo isso enquanto espécie. É uma viagem pelos fios do pensamento que tecem um tapete no qual é possível ampliar a compreensão e quem sabe poder viver melhor.

Assistindo documentários de nossa evolução, muitas vezes voltando a assistir os mesmos depois de anos, ficou mais clara uma situação que antes não compreendia desta maneira. No início éramos caçadores/coletores. Um bando aqui, outro ali. Tinham que estar unidos, caçar em grupo para garantir a sobrevivência. Não existia depósito ou outro para o dia de amanhã.

Nestas idas e vindas dos grupos, peço desculpas por não estar sendo preciso em termos históricos, lembrando que estamos numa viagem cerebral no mundo das ideias. Em determinado momento, um grupo passando pelo mesmo local depois de longa data percebe que nasceram plantas de frutos comestíveis no local onde estavam. Foi um salto, ele poderia voltar ao local e encontrar a chance de sobreviver depois de um tempo.

Um pouco mais para frente, os membros do grupo começaram a cuidar para espalhar o que sobrava, digamos que uma espécie de agricultura bem rudimentar. Algo lógico, pela percepção do resultado. Temos estes traços nos dias de hoje quando se pratica a agricultura de acordo com o que a terra permite. Volta-se ao estado original dos grupos.

Dando mais um salto para frente, os grupos começaram a perceber que poderiam ficar em determinada área restrita se praticassem o plantio daquilo que precisavam para viver. É aqui que começa algo que não tinha estado atento até então. Quem planta melhor, sabe escolher sementes e local produz mais. O grupo ainda tinha o espírito caçador/coletor e tudo era repartido entre todos. No entanto, quem produzia mais ficava atento que os outros passavam a depender dele para existir. Começa o exercício do poder com base inicialmente na troca.

Os que não conseguiam bons resultados precisavam dar algo em troca, um melhor local no abrigo, lenha para o fogo, sabe-se lá. Podemos usar a imaginação porque hoje temos a mesma situação de forma institucional e reconhecida.

Nosso ancestral que produzia mais ficou com o conhecimento enquanto que os outros passaram a depender dele. De certa forma organizou-se novamente a cadeia alimentar. Deixando mais claro, como caçador/coletor os grupos eram menores. Eles tinham que estar adaptados como predadores ao ambiente e suas possibilidades. Assim, dentro da própria espécie, no caso a nossa, um grupo minoritário ficou no topo da cadeia alimentar, enquanto que os outros abaixo recompõem a base de sustentação.

Pode ser que tenha algum erro neste pensamento se comparado com altos estudos e aqui não é esse o objetivo. Mas, fico pensando se este modelo é o melhor porque ele continua repetindo-se hoje em maior ou menor escala. Uma espécie com esse tipo de divisão interna para ajustar-se na cadeia alimentar tem chances de continuar existindo? Será que temos de fato uma preocupação de continuar existindo ou acreditamos que tudo será resolvido em outro lugar? Será que existe somente esta maneira de viver? Onde fica a ética, a justiça social, a solidariedade? Isto sem falar do ambiente como um todo que para os predadores é só uma fonte a ser explorada?

Este tempo de parada tem sido bom para avaliar o quanto posso estar simplesmente servindo a predadores que nunca serão solidários, amigos, ou mesmo que tenham qualquer interesse pelo conjunto da espécie humana. Dinossauros já se foram... (20/10/2011)


Quando o social domina.


Todos os assuntos que afetam as pessoas direta ou indiretamente sempre são relacionados com questões sociais, atender a demanda social, por uma sociedade melhor e por aí vai. No entanto, esta dominação do social parece mais com um discurso que soa bem aos ouvidos do que um entendimento da complexidade de nossa existência humana.

Em 2009 foi aprovado um loteamento social na Câmara Municipal de Vereadores de Francisco Beltrão (CMVFB), um exemplo a ser seguido porque ia além das exigências ambientais em lei. Algo digno de nota e elogios. Passados dois anos, vem o pedido para alteração do projeto e aumentar o número de lotes neste mesmo loteamento. Ainda restará uma área maior de preservação do que a exigida em lei. Um caso de dominação do social como tantos outros. Todos devem ter direito a moradia e ponto final, voltamos a seguir a lei somente.

Esta questão dos loteamentos é a que faz mais uso do argumento social tendo em vista que a população só cresce e não existe a menor preocupação com qualidade de vida, com aquilo que irá permitir a perpetuação da espécie. Aterram-se os vales e aplainam-se os cumes, tudo pelo social.

Por trás existe outra questão que poucos atentam. O que é melhor para o município? Quem administra quer ter mais recursos para realizar mais o que? Claro, mais realizações de cunho social. Mais ruas pavimentadas, praças, creches, escolas, comércio, e tantos outros. Ao final, tudo impresso em papel especial a prova de água como vem ocorrendo na Prefeitura Municipal de Francisco Beltrão.

Quem ousaria questionar a dominação do social se desde pequenos aprendemos que o homem é um ser social? Sim, ele é social e podemos dizer que a natureza se falhou conosco também dará um jeito como já deu com diversas espécies ao longo das centenas de milhares de anos. Ou alguém está vendo um dinossauro andando por aí?

A nossa espécie já passou por várias experiências sociais e cada vez guarda-se menos na memória os acontecimentos para não repetir os mesmos erros. Alguém se lembra da pax romana? O nosso direito vem de lá, mas esquecemos do que foi acontecendo no conjunto social da época.

Voltando a questão dos loteamentos. Favorecer a aglomeração hoje, como desculpa de que socialmente é mais justo é pura balela. O custo virá mais a frente quando se fizer sentir o efeito da falta de planejamento de tudo isso, entendendo que nós somos uma parte da natureza e que o social é uma das atenções da espécie humana. As enchentes e deslizamentos estão aí para comprovar.

É preciso estar atento que o social é importante, mas não encerra em si tudo o que precisamos para viver a vida que temos. Estamos conectados com a teia da vida, onde somos uma espécie que faz parte do todo e todas as partes contribuem gratuitamente para podermos existir. Precisamos sair do discurso e praticar, ir além do que as leis exigem para viver melhor e não mudar de opinião ou atitude pela simples dominação do social. (11/10/2011)


Aprender.


Trabalho com alunos do ensino fundamental no Projeto de Compostagem (ProdeCom) e é cada vez mais nítida a diferença entre ensinar e aprender. Aprendi esta diferença com o passar dos anos e por isso gostaria de partilhar e convidar para aprender a aprender.

Malcolm Margolin cita o ditado indígena: “Quando ensina algo a alguém, você está privando a pessoa da experiência de aprender isso. Você precisa tomar cuidado para não tirar essa experiência de ninguém”. A citação está no livro Alfabetização Ecológica de Fritjof Capra e outros, publicado pela Cultrix em 2006.

Quando li este livro foi como encontrar a luva para a mão, serviu bem e reforçou o que já vinha fazendo e continuarei fazendo. Os alunos que participam do ProdeCom nestes anos ficaram mais entusiasmados quanto mais foi-lhes dada a oportunidade de aprender. Deu para perceber isso claramente com o primeiro grupo nos primórdios do projeto. A oportunidade de poder criar, experimentar, poder errar, entender quando deu certo melhorou a convivência, a cooperação e uma competição saudável, não predatória, entre eles.

Mas, como propiciar essa oportunidade de aprender? A escola faz isto em seu dia a dia? Não posso responder pelo dia a dia da escola porque não tenho este tipo de atuação diária. As pesquisas científicas, as notícias, os relatos de educadores, mostram que existem várias iniciativas no sentido de aprender e os resultados são promissores.

Para os adultos é sempre possível aprender desde que se escape das armadilhas dos que querem “ensinar”. Ensinar no sentido de deter o poder sobre determinado assunto, informação ou conhecimento. Somente ensinar não desperta nenhum interesse porque a experiência de aprender fala mais alto. Ao invés de saber tudo sobre a bicicleta é muito mais emocionante pedalar e sentir a brisa no rosto.

Possibilitar a experiência de o outro aprender é o que pode ser feito. Na medida em que isto acontece tudo começa a fazer outro sentido. A troca de experiências enriquece e contribui para inspirar mudanças e ações. Manter o foco no aprendizado tira a autoridade que muitos gostam de exercer e em contrapartida aumenta o respeito, a consideração, a cooperação e a estima.

Recentemente no projeto plantamos um canteiro de hortaliças. A possibilidade de plantar, colocar a mão na terra, experimentar, relacionar-se, pela alegria dos alunos comprovou o quanto é importante aprender.
Colocar estas reflexões sobre aprender não tem o objetivo de ensinar porque não acredito que alguém ensina algo, é o outro que aprende. A proposta destas linhas é abri espaço para trocar experiências e chamar a atenção, como Margolin, para o cuidado de não tirar a experiência de aprendizado de ninguém. (6/10/2011)


Sacolas plásticas, até quando só elas?

Esta temática já estava aguardando na fila um bom tempo e lendo o artigo da Cristiane Sabadin no JdeB, “Distribuição gratuita de sacolas acaba a partir de 16 de novembro”, edição de 1/10/2011 do Jornal de Beltrão, lembro da pergunta sobre sacolas feita pelo Baggio, Rádio Onda Sul, dias atrás quando estava sendo entrevistado sobre o Projeto de Compostagem.

Lineares como somos, dicotomizados, temos logo os que são contra e os que são a favor quanto a distribuição de sacolas plásticas. Cada um dos argumentos é válido em ambos os lados com um pequeno detalhe, contextos e modelos mentais diferentes. Quem é contra diz que as pessoas vão continuar poluindo porque vão comprar sacos plásticos para o lixo e que as sacolas plásticas são 100% recicláveis. Os que são a favor tem o argumento da não poluição, o estrago no ambiente aonde um animal pode se confundir e morrer asfixiado e ainda levam muito tempo para se decompor.

A mudança de hábito com relação à sacola é necessária devido ao alto volume de nosso consumo. Se o lixo que vai para o aterro vai fechado nela, ele também ficará lá armazenado por muito mais tempo. Os fabricantes de sacolas vão reclamar porque não terão seu ganho. Para encontrar uma saída financeira e manter o negócio dizem que os sacos de lixo se decompõem mais rápido. Será? Se fosse, seria fácil resolver o problema não acham?

A empolgação é boa e ruim ao mesmo tempo. Diz-se que não conseguimos nos defender de um elogio. A questão das sacolas vai ser uma boa alavanca para pensar sobre os problemas que temos com relação ao ambiente, a natureza e a nossa própria existência enquanto espécie humana.

Não se trata do caso isolado de uso de sacola ou não. Aliás, a iniciativa em nossa cidade não sendo via lei e dando certo será um marco importante. Aqui em casa nós usamos caixas plásticas já tem mais ou menos quinze anos. Foi uma decisão que relacionou o problema ambiental e o custo benefício. O custo benefício é que morar em apartamento exige que você faça dois movimentos a mais com as compras, que podem ser evitados. Tirar do carro e colocar no carrinho e depois novamente tirar do carrinho. Se você usa a caixa, é só colocar a caixa com tudo e tirar com tudo, sem manuseio dos itens individualmente.

É necessário ir mais adiante para não perder a janela de oportunidade e possibilidade. O caso das sacolas é uma ação que será do consumidor. Ele é que vai ter que se virar. O comércio como sistema não precisa fazer nada, aliás, vai deixar de fazer, não irá comprar sacolas plásticas. Qual será a contribuição efetiva do comércio, até quando serão somente as sacolas?

Um conhecido radialista de anos atrás dizia que sempre é bom usar uma pequena dose de “veneno”. Imagine que o veneno de cobra é usado para curar quem foi picado por uma cobra. Então, um pouco de veneno não fará mal. Lá vai.

O que o comércio ele mesmo vai fazer para contribuir com a diminuição dos problemas ambientais? O comércio poderia tomar uma iniciativa de acabar com toda e qualquer distribuição de folhetos promocionais pelas ruas e casas e contribuir com sua parte de fato para um ambiente melhor. Será que farão isso ou será somente por lei? (3/10/2011)



Pergunta inspiradora.

Lendo a opinião “Marrecas, vida ou morte” de Valdete Fátima Hang, Jornal de Beltrão de 29.9.2011, não posso deixar fazer algumas considerações respondendo à questão colocada. Quem pergunta espera obter uma resposta ou no mínimo provocar a reflexão e gosto de valorizar a reflexão escrevendo.

No texto encontramos “No quesito educação, o que pode ser feito para que as novas gerações sejam tocadas por um grau de sensibilidade e consciência capaz de reverter o atual quadro?” Posso dizer que a questão não é o que pode ser feito, mas sim fazer aquilo que é possível. Informações e exemplos práticos têm de sobra. As bibliotecas, os repositórios na internet possuem milhares de documentos, muitos de grande qualidade e de pouco acesso.

Tempos atrás uma pessoa estava criticando abertamente o plantio de árvores que acabam não tendo cuidado e morrem. Algo deveria ser feito e assim por diante, seguindo um tom crítico e irritado na fala. Deixei que terminasse e aí perguntei se via alguma saída. A resposta foi de que a secretaria de meio ambiente deveria cuidar disso e não somente distribuir mudas na praça. Concordei e perguntei se aceitaria uma sugestão de como mudar isso. Ele fez menção de ouvir e continuei.

Comece com algo pequeno. Uma escola, um grupo de cinco alunos, que toda semana plantam 5 árvores. Em um mês você terá 20 árvores plantadas e no final de 10 meses 200 árvores. Com uma diferença, todas terão acompanhamento semanal e um histórico será colocado num site da internet. Isto é, ao final do ano cada aluno será o guarda de 10 árvores, fazendo a rega, cuidando do entorno, etc. Aí, depois de dois anos mais ou menos você poderá falar, criticar e tudo o mais porque fez e tem como provar. Até hoje ele não voltou para conversar.

A educação é responsabilidade de todos e algumas partes formais existem tanto para garantir acesso a todos, como dar chance para que as pessoas possam viver a partir dela como profissão. Educar é permitir que o outro aprenda. Educar não é ensinar, conscientizar ou outro. Se isso fosse possível todas as ditaduras teriam dado certo. Seria somente uma questão de ensinar, colocar na cabeça.

Passo toda noite, a pé, pela ponte sobre o rio Marrecas. É triste ver o rio assim, sujo e servindo de lixeira. O rio por ser de todos acaba não tendo o cuidado de ninguém. Todos usufruem - o rio faz parte do equilíbrio natural - e poucos são os que cuidam. Uma das ideias possíveis e que poderia ser iniciada da mesma forma como o exemplo acima, reunir um grupo de alunos e adotar um trecho do rio. Algo duradouro, que depois de determinado tempo fizesse a diferença. Teríamos a competição para ver quem cuida melhor de seu trecho do rio e não somente esperar que ele fique sujo para ir lá limpar.

Aliás, aprendi esta lição muitos anos atrás com a administração do Metrô de São Paulo. Se você quer que os trens não tenham pichações, vândalos, sujeira ou outro, não pode deixar ficar por muito tempo. Isto é, sujou, estamos limpando em seguida. Depois de ver limpo por tanto tempo o costume de sujar deixa de fazer sentido.

A ideia é somente uma sugestão porque exatamente em setembro de 2010 propus uma ideia que já tinha um ano de existência. Mesmo assim ela não seguiu em frente. Hoje, depois de todo esse tempo, minha ideia tem dois anos de existência e já ocupamos muito espaço de mídia para além de perguntar, questionar, instigar, dizer parte do que pode ser feito em se tratando de educação e mais especificamente educação ambiental. E o máximo que posso esperar é que outros também encontrem suas ideias, coloquem em prática e façam a diferença. Acreditando que ainda encontraremos a possibilidade de existência da espécie humana.


Da indústria da seca a indústria da enchente.


A “indústria da seca” foi um termo cunhado pelo jornalista Antonia Callado, quando se referia ao uso do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contras as Secas) que as elites nordestinas faziam em proveito próprio. Isso no ano de 1959. Isto é, toda a seca era bem vinda para garantir mais recursos e subsídios.

São mais de cinquenta anos e continuamos repetindo este modelo de fazer uso dos problemas alheios e investir para que se perpetuem. Uma pesquisa rápida mostra inúmeros exemplos que passam por todos os locais onde as enchentes acontecem. Todos eles seguem com os mesmos argumentos, é preciso mais investimentos, precisamos atender aos menos favorecidos e por aí vai.

A lição foi bem passada e hoje corrói qualquer possibilidade inteligente de viver bem na cidade. Aqueles que podem fazer algo para melhorar também não fazem e assim restam algumas perguntas para refletir e quem sabe mais pessoas dispostas a fazer algo e não somente quando o barulho da multidão passar na porta.

Porque é permitida a construção de casas, ou mesmo reforma em área atingida por enchentes recentes? É só andar por nossa cidade, próximo aos rios, e ver como temos construções novas e que ficaram novamente embaixo da água.

Qual o motivo de isentar, dar subsídio ou outro para pessoas atingidas pelas enchentes? Ganhar o apoio futuramente quando em época de eleições? Já ouvi muito isso. Nós vamos votar neste ou naquele porque ele sempre nos ajudou quando deu enchente. Só esquece-se de contar quantas enchentes e porque é preciso ser assim.

A Defesa Civil sabe os locais possíveis de enchente e que neles não se deve morar. Porque não fazer parques lineares ao longo dos rios e tirar as casas de lá? Alguns argumentam que custará muito e que as casas tem valor. Que eu saiba qualquer casa atingida por enchente perde seu valor. E depois, em nossa cidade não estamos falando de milhares de casas. O problema é que até loteamentos estão sendo construídos em áreas inundáveis com o consentimento dos órgãos responsáveis ou será que não?

Falei com alguns vereadores, ontem, na Câmara Municipal de Vereadores que isentar as pessoas em área de enchente, quando desde os mais antigos sabem-se os locais que inundam, será um investimento na pobreza, na diminuição da qualidade de vida e um estabelecimento retrógrado de ações do passado que já provaram serem inúteis e demagógicas.

Citei o exemplo de sobrados novos que foram construídos recentemente. Estão na beira do rio Urutago. Como quem construiu não está morando lá, eles foram construídos para obter ganho financeiro. E aí? Quem compra já compra com a garantia de ser isento de algum pagamento ou ganha um barco inflável para entrar e sair de casa como transporte alternativo? O pior é que foi dada autorização para construção e tudo o mais. Ou será que nem todas as licenças foram dadas e as pessoas já estão morando lá? (28/09/2011)





Quando somente informar não basta.

A inspiração para escrever veio de uma situação que de tempos em tempos, por algum descuido ou falta de entendimento maior, surte um efeito inverso ao desejado. Por mais que se tenha cuidado com o que é transmitido lembro sempre do escritor Humberto Marioti que dizia algo mais ou menos como: “quando você diz algo você não tem mais controle sobre aquilo que transmitiu”.

Isto acontece porque estamos envolvidos numa teia de comunicações, com dispositivos diversos, formas as mais variadas e assuntos tantos quanto se possa imaginar. O controle não existe e quando não se estabelece uma ética comum para o trato da informação acontecem situações constrangedoras.

Uma pessoa pode não entender nada do assunto de outras duas. No entanto, se ela tiver a capacidade de gerar conhecimento de valor para as outras duas e não existir um acordo prévio, poderá perder qualquer oportunidade de compartilhar aquele valor. Depois todos já sabiam. É só lembrar-se das experiências de determinadas sugestões que depois todos esquecem quem deu.

Existe outra possibilidade. Quem tem a informação e em seguida gera conhecimento, este em determinado contexto, quando passa para outro, tem o conhecimento adulterado e faz-se outro uso da informação original. Nas empresas isto é uma preocupação constante. Um relatório de problemas ambientais levantados no âmbito da empresa que irão servir para fixar metas de melhorias pode ser levado aos órgãos competentes e gerar o fim do negócio. Não estou sugerindo que se esconda, mas a mesma informação gerou conhecimentos e consequências diferentes.

Estas deturpações e usos do conhecimento fora de contexto e sem estabelecimento de uma ética comum geram mais problemas que soluções. Muitas vezes a própria comunicação de informações deixa de ser feita quando se avaliam os riscos de seus usos. Por isso, temos a classificação das informações e os termos de sigilo e confidencialidade, tanto na vida real como no mundo virtual.

Assim, informar exige antecipadamente ter uma ética comum entre os que partilham da informação para evitar que informações de valor comecem a ser deixadas de lado única e exclusivamente pela percepção de que possam causar algum prejuízo, uso indevido ou não valoração de quem a partir delas tem a capacidade de gerar conhecimento. (23/09/2011)



Primavera.


Depois de um inverno com geada, muita chuva e enchentes os pássaros começam a voltar, as flores brotam aqui e ali anunciando uma nova estação, a primavera. Viver as estações do ano parece ser algo obrigatório, mas nem sempre é assim. As estações sofrem alterações naturais ao longo de muitos e muitos anos e nós contribuímos com nossa imposição sobre a natureza porque muitos ainda acreditam no “crescei e multiplicai-vos e dominai a terra”.

A vida como nós a conhecemos só é possível porque o sol fornece a energia para as plantas, que por sua vez produzem o alimento para o restante da cadeia alimentar. Para existir sempre aconteceu a cooperação em todos os níveis. Nós muitas vezes só ressaltamos a competição pela sobrevivência. Esquecemos que na natureza os predadores sempre são em número muito reduzido. Isto é, estou deixando de lado o predador da espécie humana que continua teimando em querer ser maior do que sua base alimentar. O topo da cadeia alimentar existe de acordo com a possibilidade que a base permite.

Dias atrás estava observando como alguns dias de calor em pleno inverno fez algumas árvores florirem antes do tempo. Ano passado por razões várias a produção de frutas no quintal foi menor e este ano está sendo melhor. Estas mudanças do clima afetam todo o ciclo natural da cadeia alimentar e esquecemos isso porque produzimos impondo-nos a natureza. Industrializamos e guardamos os alimentos. São avanços que não podemos negar.

No entanto, as mudanças do clima estão sendo profundas e a reposição dos estoques de alimentos fica comprometida fora o desperdício em todo o processo. Basta ficar atento às notícias aqui e ali de quebra de safra e outros, se bem que sempre em letras menores do que a superação da produção aqui e ali.

Finalizando, nem pessimismo, nem otimismo, e sim aproveitar a primavera para florir novas ideias e ações que possam contribuir para encontrarmos o equilíbrio dinâmico de nossa existência enquanto espécie. (22/09/2011)


E agora?


Foi aprovada por 8 votos a favor e dois contrários a adequação da Lei Orgânica de Francisco Beltrão com a emenda constitucional. Houve muita confusão e a sessão foi das mais longas das quais já participei desde que resido na cidade.

O plenário estava lotado dentro de sua capacidade e foi interessante observar que quando foi anunciado que a votação seria mais tarde pessoas se retiraram como se o restante da pauta não fosse importante. Isso comprova que assim como muitos que estão na vida pública só vão pelo interesse direto as pessoas em sua maioria seguem com a mesma prática. Quem teria interesse pela coisa pública? Fica a impressão de que o que é público serve somente para ser usufruído e ninguém é responsável pelo seu cuidado.

Como a sessão da votação quanto ao número de vereadores foi uma continuação da sessão do dia anterior a presença da plenária na sessão do dia que se sucedeu foi mínima. Provavelmente alguns ficaram porque já estavam lá e outros ainda queriam encontrar os vereadores na saída. O que aconteceu na sequência de encerramento da sessão do dia quando os vereadores deixaram o local.

Espero que os manifestantes se organizem para cobrar mais do legislativo que depois das eleições é de todos e não somente dos votos lá representados. Pode-se começar por um trabalho junto ao legislativo nesse sentido. Porque é muito fácil e cômodo ficar somente com os representados, deixando os outros de lado.

E agora? Como colocado na sessão do dia, agora será necessário fixar o número de vereadores e aí sim cabe o exercício da cidadania e um trabalho junto aos vereadores. Sou a favor de aumentar o número de vereadores pelo aumento da diversidade, da representatividade e para uma melhor fiscalização das ações do executivo. Quanto aos custos desse aumento, sugiro que se fixe um percentual de gastos da Câmara Municipal de Vereadores (CMV) e que aquilo que não for gasto tenha sua aplicação realizada pelo executivo com indicação de toda a CMV.

Aí teríamos a seguinte possibilidade. A CMV abriria espaço para receber sugestões sobre a aplicação com ampla divulgação para todos os francisco-beltrenses. Após receber as sugestões, dialogar sobre as mesmas, realizar estudos, e verificar a viabilidade todos os vereadores fariam a indicação. Possível? Penso que sim e a própria possibilidade pode instigar ideia melhor. (21/09/2011)


Sessão tumulto.

Ontem a sessão da Câmara Municipal de Vereadores de Francisco Beltrão (CMVFB), onde seria votada a adequação a Emenda Constitucional 58, que no caso do município estabelece um teto máximo de até 15 vereadores, tinha muito barulho, tumulto e uma confusão geral.

Primeiro, foi excedida a capacidade máxima do plenário e isto tornou impossível o trabalho legislativo dos vereadores. Ficou nítido o total desconhecimento de como funciona a CMVFB pela maioria dos presentes. A manifestação é sempre bem vinda e mostra que existe algo que não fecha. Será a vontade política da população? Será uma simples manobra em busca de holofotes? Será uma expressão digna de consideração?

No início dos trabalhos a presidente da CMVFB leu o regimento interno sobre como portar-se nas sessões. Àquela altura daria para imaginar que não seria compreensível porque quem veio não estava mais ouvindo. Salvo uma ou outra liderança que fazia questão de não se dizer líder. Hora, vamos e convenhamos se alguém faz um sinal com as mãos para silêncio e sendo acatado pela maioria, se não for líder acabou de ser reconhecido como tal.

A presidente, vereadora Atanázia, falou que estava sendo votada a adequação da Lei Orgânica com a Emenda Constitucional 58 e que depois uma resolução é que definiria o número de vereadores. Isto é a definição sobre o número de vereadores, entre 9 e 15, será definido posteriormente. Quem veio para a sessão também não sabe disso. Aliás, o vereador Paulo foi quem tirou o melhor proveito e aplausos dos manifestantes. Ele disse que é contra 15 vereadores, mas não disse que prefere 13.

Os vereadores que conseguiram falar acabaram aqui e ali se equivocando e tinha-se a impressão de estar em plena campanha eleitoral. No entanto, estavam ali exercendo a função de legislador e como tal deveria ter sido feita menção ao regimento quando do “grande expediente” e ater-se a matéria em pauta.

Isto são os fatos pinçados aqui e ali. O que importa é estar atento com as entrelinhas. Uma manifestação relâmpago como esta com certeza ficará na história da cidade. Seu efeito só será duradouro se houver continuidade desta participação no dia a dia da vida política. Neste ponto penso que falta muita educação política para uma participação constante e engajada. Porém, por ser instantânea ela reflete aquele dito que “cada povo tem o governo que merece” e completaria um é espelho do outro. Se os candidatos só aparecem em época de eleição e muitos reclamam disso, o mesmo se observa do lado da população. Aconteceu um evento de mídia e depois?

Uma atenção deve ser dada a políticos de longa experiência. É melhor declinar, ficar calado e deixar seguir. Amanhã todos esquecem e volta-se ao dia a dia partidário. O problema não está no número de vereadores e sim na pulverização das candidaturas. Aqui temos perto de 50.000 eleitores e os eleitos tem aproximadamente uma soma total de 12.000 votos, informações dadas pela presidente da CMVFB vereadora Sra. Atanázia. Fazendo as contas dá para saber que tem muito mais descontentes do lado de fora, excluídos na sua representação e os velhos guerreiros partidários em época de eleições convencem muitos a se candidatarem sem a mínima possibilidade, somente fazendo número.

Este acontecimento reflete duas possibilidades: crise da vida política pelo sistema partidário vigente ( os partidos e seus representantes não mais representam a maioria e sim uma elite dominante), crise do poder estabelecido ( quando um partido, um grupo, permanece no poder por muito tempo ele começa a degenerar, o mesmo acontece com as monoculturas na agricultura).

Ao final, posso dizer que o tumulto foi bom para arejar as ideias e quem sabe pensar em proposições mais inteligentes. Por exemplo: deixa-se a lei como deve ser entre 9 e 15 vereadores e depois se realiza uma consulta junto a todos os eleitores oficialmente e regulamenta-se na sequência. Todos sairão felizes e continuamos com as duas crises acima. (20/09/2011 - manhã)


Alimentação do futuro.

Hoje o Jornal de Beltrão (JdeB) trouxe uma matéria sobre a questão da alimentação, "Merenda na escola com sabor de saúde". Interessante e bem apresentada, chamando todos para a responsabilidade, família e escola.

No entanto, a certa altura encontramos "Na rede pública, a merenda escolar é acompanhada pela nutricionista Lígia Fraga Giacobo. Ela prepara um cardápio de acordo com a necessidade da faixa-etária dos alunos. São 21 escolas e 15 creches que recebem orientações nutricionais e participam de palestras preparadas pela nutricionista". Como não temos mais informação é de supor que a referência é para a rede pública municipal.

Então o correto seria informar rede pública municipal para não confundir com as escolas da rede pública estadual. Estas, da rede estadual, podem estar tendo outra prática e seria interessante uma matéria e comparativo a ser realizado pelo JdeB ou outro meio de comunicação.

Será que não seria interessante uma comparação dos tipos de alimentos? Sua origem? Se industrializados ou não? Temos inclusive curso de engenharia de alimentos que poderia contribuir com análises laboratoriais.

Aproveitando a oportunidade, gostaria de saber se alguém pode informar como descobrir o fornecedor de um alimento para a escola tendo como única informação o alimento e o rótulo. Pediram minha ajuda outro dia e não consegui obter a informação.

Se tanto falamos que nossas crianças são o futuro e assim serão, então não podemos ficar silenciosos esperando que outros cuidem delas. Podemos fazer aqui e agora, é só uma questão de vontade e viver nossas próprias palavras. (16/09/2011)


A questão do número de vereadores.


Com a adequação que as Câmaras Municipais de Vereadores (CMV) estão fazendo em relação a legislação o confronto apareceu. Muito já foi escrito e aqui espero simplesmente esboçar considerações porque elas são necessárias pessoalmente.

Em primeiro lugar, penso que pelo nosso analfabetismo político, acabamos sendo partidários somente e deixamos de ser políticos, o modo de se relacionar daquele que vive na cidade. Quando as eleições passam, a CMV é de todos ou será que não? Quem ganhou está lá defendo os interesses de todos para uma vida melhor na cidade ou? Isto é cada um dos vereadores tem suas prioridades, mas elas devem estar pautadas na coisa pública que é comum a todos.

Aqui começa o primeiro entrave também. Se o entendimento acima não ocorre, quem não ganhou e não está lá representado quer mais que tudo termine. Gostamos de particularizar os lucros, ganhos e socializar o prejuízo, aquilo que não dá certo. Tem-se que a CMV é um espaço que é de todos e mesmo quem não elegeu com seu voto nenhum vereador ou legenda, sendo cidadão, pode participar, opinar, ser ouvido e contribuir para o público com interesse genuíno por melhorar o que é público.

Em segundo lugar temos a questão da reatividade. As CMVs têm sido em grande parte reativas aos projetos do executivo. Tomaram certa distância da própria sociedade e por isso sofrem duras críticas. As críticas são válidas, porque se você como vereador de uma cidade não ouve os habitantes da mesma algo vai mal. Porque não temos conselhos legislativos para assuntos mais amplos, tribuna popular, sessões itinerantes e tantas outras possibilidades?

Toda esta reatividade pode ser percebida e fica cada vez mais clara. Por exemplo, aqui em Francisco Beltrão, ainda não temos uma Câmara de Vereadores Mirim, mas quer se convidar os alunos a participarem das sessões. Resido e sou eleitor aqui desde 2009 e somente agora estou percebendo a preocupação com uma divulgação institucional. Até aqui se estava em berço esplêndido e nada era preciso ser feito.

O problema para nossa cidade não é o número de vereadores e sim o que a CMV irá fazer em seu conjunto. Os investimentos em trabalhos bem feitos são aceitos e de nada adianta simplesmente comparar com outros. Qual será o diferencial daqui para frente da nossa CMV? Podem-se propor mandatos não remunerados? É uma questão de mobilização.

Contudo, avançando um pouco mais precisamos ficar atentos porque manter o número que aí está de 10 vereadores é perigoso. Qual o critério de desempate em votações? Com dez é desnecessário, (a)o presidente só vota em caso de empate. Penso ser desnecessário dizer que (a)o presidente dependendo da condição futura pode meramente tornar-se figurativo.

Em nosso sistema de exercício de poder, os três poderes, legislativo, executivo e judiciário precisam estar equilibrados para bem funcionar. Como a CMV é quem fiscaliza o executivo, para este é cômodo uma CMV pequena. Em Francisco Beltrão temos dez secretarias, se cada vereador fiscalizar uma já tem trabalho de sobra, fora outras questões. Tudo depende da qualidade, mas não porque ela pode estar sendo percebida como em falta que por isso não se deva buscar o equilíbrio entre os poderes.

Todos esses protestos contra a adequação das CMV com a legislação federal estão deixando de considerar que no tempo em que tudo tramitou ouve silêncio. Ao menos, o percebido por mim. Uma pitada de pimenta com um questionamento não seria de todo errado. Os três poderes, vão medindo forças e os números já subiram, desceram e em outros tempos até acabava-se com todo o legislativo. Conhecemos o resultado das ditaduras. Agora, vamos e convenhamos o que é melhor um vereador eleito como cabo eleitoral ou um candidato a vereador não eleito como cabo eleitoral? Para pensar?

No fundo disso tudo, penso que existe uma grande crise que alguns erroneamente chamam de política porque no fundo ela é partidária e tem a ver com o poder. Se a representação dos que vivem na cidade não estiver nos partidos, outra instituição ou possibilidade irá aparecer porque a política precisa evoluir para garantir a vida em sociedade. Seria bom ficar atento e ver movimentos que aqui e ali vão garantindo maior participação dos cidadãos do que a representatividade deste ou daquele que ganhou uma eleição. 14/9/2011


Quando é preciso.


Ontem estive com a esposa num evento literário do SESC aqui de Francisco Beltrão. Palestra com Ignácio de Loyola Brandão, do qual li “Não verás país nenhum”. Ouvir o autor fez refletir e voltar a escrever, claro que não tenho as pretensões de um grande escritor, somente um simples mortal que aqui e ali escreve para estar são e assim sonhar o viver que se aproxima em cada esquina, a cada curva.

Dificilmente saberei que gênero literário seguir, pode ser uma crítica, uma observação, uma atenção passageira do pássaro que canta próximo a janela e que muda o rumo da história deste momento. Quem saberá?

Enfim, um convite para refletir e pensar nestes tempos de infortúnio econômico. Sem deixar de lado aquilo que julgar importante e tendo sempre em mente a evolução e o bem viver do dia a dia.

Também não sei se vou manter a rotina, porque aqui não tem patrão pagando para ter seu texto, comentário ou coluna no dia tal, no horário tal. É uma experiência assíncrona de trazer aquilo que nos é mais caro, a linguagem, hoje passageira, amanhã provocadora de inspiração, crítica ou mesmo lástima pelos tempos perdidos para saiba-se lá o que? (14/9/2011)

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