Cláudio Loes

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2014

Efemérides

Precisamos cair no buraco?

Toda vez que leio estórias de superação, quadros de mensagens e tantos outros. A maioria dos quais mostrando alguém na desgraça que superou tudo fico com muitas perguntas. Quantos ainda estão lá no buraco e dificilmente conseguirão sair porque não existe lugar ao sol para todos? Todo o sistema garante que seja e continue assim. Porque precisamos deixar cair no buraco, estou usando um termo politicamente correto, o que também já supõe ficar onde se está?

Tenho uma experiência pessoal neste sentido. Muitos anos atrás tinha a oportunidade de desenvolver um projeto com crianças numa escola. Estava desempregado e como toda pessoa de brio estava procurando trabalhar para viver. Para trabalhar nesta escola precisava unicamente da recomendação de uma religiosa da congregação que cuidava da escola. O resultado é que por mais que soubesse quem eu era e o que fazia a religiosa não fez a recomendação e eu fiquei na mão.

Muito tempo depois num contato com a religiosa ela perguntou como eu estava e falando como se nada tivesse acontecido no passado. Quando quis voltar ao assunto ela despistou e aí fui direto ao ponto com uma única pergunta que finalizou nossa conversa. Será que vou ter que cair lá no buraco e estar um dia pedindo esmola na escadaria da igreja para que a religiosa possa então sentir-se importante me ajudando, quando poderia ter feito algo simples e dado dignidade com uma simples recomendação.

Continuamos caindo no buraco e cada vez mais fundo. Ver estórias de superação em drogas e tantos outros serem compartilhadas e levadas em frente diz que o caminho continua sendo o mesmo. Prefiro estar alegre e em paz comigo mesmo quando encontro uma aluna, que anos atrás era um caso perdido para a escola e ela teve somente este aqui que acreditou e resolveu não esperar que estivesse na escadaria pedindo esmola. Esta aluna hoje passa, para, cumprimenta, abraça e faz questão de dizer. Professor; passei em primeiro lugar, estou lendo muito e me sentindo muito bem. Tenho outros tantos casos e acredito que não é preciso esperar cair no buraco. O tempo urge, e a hora não está marcada.

Um jogo - zero a zero.

A caminhada durante o jogo de ontem foi ótima, um silêncio de cemitério para ouvir pássaros e ser acalentado por uma leve brisa morna. A calma das ruas e avenidas foi ficando maior, todos colados naquela caixinha que a ficção já tinha dado a conhecer.

Depois do resultado, melhor ainda, a maioria caída para todos os lados, a cara morna, a academia tinha mais gente. A volta para casa sem comentários, dava para ouvir o Marrecas na ponte da Cango.

Como alguns são prepotentes. Julgam os outros pelos mais diversos problemas e desgraças da vida e caem por um zero a zero.

Mais filosofia.

Meu amigo José Baldo escreveu um artigo sobre Conselheiros Pessoais (
http://on.fb.me/1oAGk4N) e sou grato por trazer o assunto. A lista destes assistentes e conselheiros fez lembrar as consultorias das grandes empresas. Existiam as de “primeira linha” que faturavam alto, e quem ousasse na empresa sugerir outra empresa de consultoria para determinado assunto, do qual a empresa não tinha muito conhecimento, estava sujeito a ser o primeiro na fila de demitidos.

Hoje não fica muito diferente, porque as pessoas vão buscar outras de supostamente sucesso para que ajudem no mesmo sentido. Em um mundo competitivo, alguém ajudar o outro a subir, só até determinado ponto. Caso contrário, como o conselheiro pode ajudar alguém que possa passar por ele e deixá-lo para trás. Perceba que deveria existir uma interrogação na frase anterior. Sem a interrogação ela ficaria assim: o conselheiro sempre irá ajudar o outro e ele sempre será incentivado a chegar lá, muito embora no fundo saiba que pode nunca chegar e para isto encontra desculpas para o próprio conselheiro.

Perceba que a falácia se mantém porque não assumimos nossa própria existência com todos os seus erros e acertos. É sempre mais fácil jogar a culpa para este ou para aquele. Assumir aquilo que se é, sem status, ou como na letra da música “sem lenço e sem documento” é difícil. Todos querem ser o “the best”, o melhor ou seria somente maior?

Posso então dizer que estes assistentes e conselheiros descobriram um filão do mercado. É como aquela campanha de um grupo religioso na rua. Assisti uma vez e pensei como a ignorância pode gerar renda para uns poucos espertos. Faziam uma roda e convidavam quem passava para participar. O coordenador dizia: agora todos irão orar e fechar os olhos, seguindo-se de frases de efeito por algum tempo. Em determinado momento, conforme o combinado, alguns davam um passo para trás. Quem coordenava dizia: agora você que se sente tocado dê um passo para frente e sinta a benção em sua vida e venha participar conosco daqui para frente.

Quanta alegria era estampada no rosto de algumas pessoas, com muitos problemas e sem capacidade para pensar sobre os mesmos. Um acontecimento que pela desatenção ao redor, acabava impulsionando para algo diferente.
De certa forma para continuarmos existindo ao longo de nossa evolução sempre precisamos de instituições que permitissem uma convivência do grupo. Caso contrário, estaríamos nos digladiando a todo instante. O mito, a religião, as instituições sociais, organizações sempre cumprem esta função e foram criadas a partir o pensar de homens e mulheres.

Estes controles todos acabam sendo necessários porque deixamos de realizar um exercício com o qual a natureza nos brindou em especial. Pensar, ter ideias, poder expô-las, comparar, e saber que um dia que não sabemos qual vamos morrer. Isto aflige profundamente. Muitos já pensaram sobre isto, outros ainda vão pensar e nós podemos não estar querendo pensar sobre isto. Preferimos viver com alguém dizendo como devemos ser para sermos vistos e reconhecidos.

Penso que a tentativa de uma clínica de filosofia até venha nesta linha. Mas, poucos seriam os que de fato iriam encorajar a pensar com autonomia, para trocar e cooperar sem esperar respostas definitivas. Com um agravante, quem iria pagar para ele mesmo ter o esforço de pensar? Em vez de sair com uma resposta do consultório, acabar pagando e sair com mais perguntas?

Podemos começar por aqui sem precisar de consultório. A quem interessam estes consultores e assistentes? Poderia ser ao mercado para empurrar mais produtos e serviços totalmente desnecessários? Levantei somente duas perguntas para que o leitor não desista de ao menos tentar e não se sinta pressionado a pagar e com comissão para meu amigo que deu “start”, acionou esta reflexão.


Horóscopo.

Esta vai ser muito boa para pensar profundamente e rir ao mesmo tempo. Rir é uma crítica bem-vinda nestes tempos de notícias ruins e quando muito enganosas. As fontes sempre precisam ser verificadas. Mas, vamos ao horóscopo.

Numa conversa de rua a pessoa pergunta qual seu signo? Fiz um pouco de graça perguntando signo de que. Aí ela retrucou, só pode ser sagitariano, sempre enfiando a verdade goela a baixo. Olhei com mais incredulidade ainda e perguntei: como assim? Você é sagitariano, acha que está sempre certo e que as pessoas precisam aceitar. Você deve mudar: esperar que as pessoas perguntem.

Respondi que estava bem e não iria esquecer do conselho. Não sou entendido no assunto mas fiquei com uma dúvida e são as perguntas que movem o mundo, levam nossa evolução em frente se quisermos. Existe no mínimo para mim um erro de lógica. Como esperar que as pessoas perguntem se elas talvez nunca foram apresentadas para determinado asssunto ou ponto de vista.

Isto é mais ou menos como as espionagens que os governos, empresas e outros fazem o tempo todo. Todos sabem e ninguém pergunta nada, até o dia em que alguém diz o que ficou sabendo. Como aconteceu recentemente. Os governos espionados só se preocuparam porque as informações vazaram. E o país do espião disse que o mesmo será julgado pela divulgação. Ora, ora, alguém iria perguntar para obter uma resposta de um possível espião?

Se eu for seguir o conselho que recebi iríamos parar no espião e pronto. A situação não permite e vou apresentar por fatos e correlações para não ficar a impressão de que estou impondo minha vontade e verdade. Poderíamos supor que esta quetão da espionagem tem pouco a ver e que existem coisas bem mais profundas para se preocupar. Vamos pegar os serviços de rede sociais, onde as pessoas escrevem, postam fotos e outros. Encontrei um site que faz uma análise de perfil psicológico com base na escrita. Fui lá para testar. Curiosidade.

O programa do site pega tudo o que escrevi na rede social que apontei, traça um perfil, bem generalista mas com certa possibilidade de acerto que reconheço. Eu escrevo em português, o programa em inglês, tudo foi traduzido e passado para lá. Ainda posso comparar com celebridades ou alguém conectado diretamente a mi.

Assim, pensando um pouco mais e como ficção. Quanto mais o serviço da rede social é usado, mais é possível traçar um perfil, genérico e com erros de seus usuários. Isto é confidencial ou quando entramos nos sistemas gratuítos não temos escolha? O que pode acontecer é se todos sairem a rede morre, mas virá outra e assim por diante. Então a espionagem de curto prazo, comercial de preços e outros tem menos importância do que a de longo prazo.

No longo prazo, dá para estudar um país inteiro, ter melhores informações do que as pesquisas de mercado das empresas especializadas. Isto não é de todo ruim, mas se continuarmos sendo somente belicosos e não tivermos uma atenção geral para o fato de que a espécie é que segue em frente podemos ter sérios problemas. Desaparecer como a rede que desaparece quando não tem mais usuários.

As vezes é bom não misturar.

Continuamos insanos misturando coisas bem distintas. Ops! A nossa CF dá direito a liberdade de crença e para os não crentes? É necessário ser crente para viver? Estes erros já aconteceram no passado e continuamos teimando em não aprender. Se eu preservo uma árvore no meu quintal não quer dizer que vou passar a ser crente. Respeito a crença de cada um, assim como admiro e cuido respeitosamente da árvore que está no meu pátio. Dependendo , ela, a árvore, até dá frutos comestíveis.

p.s.: Os acontecimentos estão cada vez mais inquietantes na medida em que se aproxima algum fim que a todo instante acontece. O início da frase já foi. Percebe?


Diálogo Ambiental.
Minha coluna para o Jornal de Beltrão de 8/6/2014.

As expressões “problemas ambientais”, “questões ambientais”, “poluição ambiental” e tantas outras estão presentes em nosso contato com diversas fontes de informação. Muitas vezes passam despercebidas porque podemos estar entendendo que as mesmas não nos atingem diretamente e nossa atenção é até desviada em muitas situações pelo excesso de informação. Assim, a proposta é iniciar a partir do diálogo ambiental para melhorar a percepção frente às condições adversas. Condições que provocam mudança por escolha ou mesmo imposição. O diálogo ambiental supõe a prática de uma interação constante com tudo e com todos.

A natureza em seu longo processo evolutivo nos deu condições de existirmos. Os ciclos naturais nos quais estamos inseridos são dinâmicos e tem capacidades limitadas. E mais, as informações de que dispomos mostram que o nosso uso da natureza está indo além daquilo que ela pode repor. Exemplos não faltam, lembrando que em muitas regiões e mesmo localmente temos problemas com a falta de água. Temos em Francisco Beltrão prejuízos com as secas, bem como com as enchentes.

Assim, precisamos estar atentos para as condições nas quais vamos continuar existindo ou não. Para continuar a existir nós precisamos nos religar com a natureza. Compreender que a natureza tem recursos finitos. Nossa terra é finita como o local em que moramos. Se formos receber convidados em nosso local de moradia, o número deles é limitado pela capacidade que temos para acolhê-los bem.

Na proposta do diálogo ambiental é urgente deixar de ser somente competitivo e também cooperar. Cooperar não é fazer pelo outro ou dar uma ajuda assistencialista. Existem momentos em que precisamos competir para buscar as melhores ideias, propostas e ações. Precisamos cooperar para que toda a espécie humana possa continuar existindo.

A natureza neste sentido é uma fonte de inúmeros exemplos e ela mesma em seu processo é um equilíbrio dinâmico entre a competição e a cooperação. As abelhas, por exemplo, precisam das flores para se alimentar e ao mesmo tempo polinizam mantendo a diversidade das plantas. Agora, experimente chegar próximo de uma colmeia e verá como existe competição, as abelhas se defendem do intruso.

Outro dia lendo uma matéria sobre mamíferos em extinção surgiu uma interrogação. Será que esquecemos que somos mamíferos e que poderemos estar daqui a pouco na lista? Penso que para muitos é uma pergunta que não faz sentido por estarem sempre lutando e acreditando que é possível sair-se bem individualmente. Este individualismo se aplica tanto para uma pessoa como para um grupo de pessoas. Ser individualista é um entrave para o diálogo porque tira toda e qualquer possibilidade de troca. O individualista é aquele que quer levar vantagem tão somente.

No início foi colocado que as mudanças acabam acontecendo por escolha ou imposição. Assim, iremos querer qual das duas opções? Tomando como base inicial para o diálogo ambiental o religar com a natureza e o equilíbrio dinâmico entre cooperação e competição, será que podemos continuar existindo fazendo mais do mesmo? Esta pode ser uma boa pergunta inicial para continuar, o diálogo supõe o outro e a continuidade. O convite está feito para quem quiser participar.

Cláudio Loes
Filósofo, engenheiro e especialista em Educação Ambiental.


Sobre a participação cidadã.

Longe de defender este ou aquele ponto de vista, daqueles que se escondem atrás do exercício do poder e não da cidadania, do bem estar comum, de uma vida melhor e equilibrada, livre para decidir seu futuro.

O Decreto Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014, que Institui a Política Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, e dá outras providências, vem sendo questionado em todos os meios de comunicação. Quando ouvi sobre o mesmo pela primeira vez foi na estrada, numa notícia da rádio. Pela notícia não dei muita importância porque parecia mais daquilo que já conheci.

Instituem-se políticas, programas, conferências e outros que surtem muito pouco resultado e são usados para obtenção de informações para campanhas e usos em época de eleições. Participei de duas conferências até o nível estadual. A de Meio Ambiente e a de Proteção e Defesa Civil. Em ambas, no nível estadual, a preocupação maior era saber quem seria eleito delegado para representar o estado em Brasília na conferência nacional. Em termos de propostas a serem levadas adiante o diálogo foi sofrível.

Quanto à conferência de Meio Ambiente, participei de uma virtual, com pessoas dos mais variados locais do Brasil. E pelas contribuições, trocas, posições e outros, muito mais interessadas nos debates e em de fato contribuir. Não saberia dizer o porquê desta percepção a não ser o fato de comparar com as participações reais que tive. Nesta conferência virtual, como tudo é escrito, exige-se num primeiro momento um sujeito alfabetizado participando, caso contrário, é muito simples não tomar conhecimento pela justificativa de não entendimento. Assim, surgiram boas ideias e propostas para serem levadas para a conferência nacional após votação nesta virtual.

Depois da votação surgiu uma grande dúvida, uma vez que a conferência virtual não elegeria delegados para a conferência nacional, quem iria defender as propostas levantadas por este grupo. Não tenho como precisar a informação, mas ninguém com direito a voto a partir da conferência virtual. E aí? Participação virtual, livre, aberta, a todos que tivessem uma conexão com a internet e tempo disponível.

De certa forma quando você não ganha para escrever belas colunas, ou tiver seu nome reconhecido como formulador de opinião, você começa a cansar em sendo repetitivo e pelo visto somente para si. O restante se comporta como paredes brancas que nem se quer eco produzem. Existe também uma vantagem, pode-se escrever livre leve e solto e quem sabe um dia algo surge que possa melhorar tudo. Do jeito que vai não temos saída por estarmos num sistema falido de representação, juntamente com a falência de um sistema que quer ser superior ao natural, tanto faz se capitalismo ou socialismo, ambos incorrem no mesmo erro.

Vamos lá, quando a totalidade de votos diretos recebidos pelos Deputados Federais é inferior a quantidade de votos diretos recebidos pela(o) Presidente da República, com certeza não haverá equilíbrio de forças entre o Legislativo e o Executivo. A Câmara Federal torna-se fraca ao legislar e fiscalizar e temos os casos de corrupção constante. Sem defender este ou aquele período, todos tiveram seus percalços. Algum dos lados quer mudar isto? Equilibrar o poder entre os poderes Legislativo e Executivo?

Assim, tendo já esta diferença porque não ampliá-la para aumentar o poder? É este um objetivo de fundo do decreto mencionado no início. Aí saem todos informando sobre a perda da cidadania, uns serão mais que outros e que o sistema democrático de representação está em perigo, podemos virar uma ditadura, entre tantas outras. Concordo e estão todos certos e digo mais só poderia acontecer isto. Se existe o desequilíbrio de poderes, nada melhor do que eliminar o outro em definitivo.

Porque os deputados federais que representam a população não se manifestam se o decreto é uma afronta a toda população? É só voltar dois parágrafos e descobrir que ser legislado por uma minoria é muito parecido com o decreto, ou não? Falta completar para mudar, quem participa?

Perda de direitos.

A Lei 12.663 de 5/6/2012 estabelece em seu Art. 7º que “O INPI adotará regime especial para os procedimentos relativos a pedidos de registro de marca apresentados pela FIFA ou relacionados à FIFA até 31 de dezembro de 2014”. Isto é, as marcas foram publicadas, analisadas, antes de todas as outras que estão aguardando na fila de análise. Para brasileiros, empresas brasileiras, o que vale na prioridade para análise é a data do pedido. Isto é, queremos continuar sendo colônia, aceitamos a imposição de regras externas e foram tirados direitos não só adquiridos como em vigor de quem acredita ser brasileiro. Dá para acreditar na seriedade de um país que não tem respeito pelas suas próprias leis?

Sobre o discurso do culpado pela situação atual.

Uma boa leitura é "Capitalismo parasitário" de Sygmund Bauman.

Pessoalmente penso que o problema é mais profundo e vem desde o princípio de nossa espécie. Somos a única espécie que sabe de sua existência finita, tem consciência de que amanhã vai morrer. E este amanhã é finitamente incerto

Assim, ao longo dos tempos foram sendo criadas as mais diversas maneiras de lidar com isto, postergando o problema e dando certa segurança, apaziguando o que continuava lá, o medo da morte. Crenças, mitos, religiões, ideologias, sistemas e tantos outros, onde um grupo representa a maioria ou detém o poder sobre a maioria, o que de certa forma dá no mesmo.

Por isso, penso que primeiro deva-se parar de aceitar que alguém representa ou fala em nome de um grupo de pessoas o tempo todo e em segundo, deve-se tirar o poder de um só sobre todo e qualquer grupo de pessoas. Neste sentido uma boa leitura é o “Discurso da Servidão Voluntária” de La Boétie.

Portanto, é preciso conviver com o medo da morte, comum a todos os seres humanos. Saber que não existe salvação individual e sim a perpetuação da espécie. Viver num diálogo constante com tudo e com todos. Um diálogo que supõe equilíbrio dinâmico, num constante religar com a natureza e seus ciclos de vida e morte.



Representatividade e participação.


Temos aqui na cidade de Francisco Beltrão no momento a questão do número de vereadores da Câmara Municipal. Tudo porque quem legislou deixou uma margem para o número de vereadores de acordo com o número de habitantes. Teria sido muito mais fácil a criação de uma fórmula direta e pronto.

A Câmara Municipal se propôs a ouvir a sociedade organizada para saber qual o melhor número. Fui à última audiência porque ela não tinha restrição para participar. Aliás, só podia assinar quem fosse representante de alguma entidade. Diga-se de passagem, vieram tantas que até pedi a palavra dizendo que não estava representando ninguém e simplesmente manifestando qual a minha posição como cidadão. Sim, porque a exigência de representatividade dava o tom. Isto é, o cidadão que não pertence a nenhuma entidade com CNPJ era desqualificado.

No jornal saíram crítica quanto a ficar ouvindo entidades que não representam nada e que não tem o peso de outras que são atuantes e representam de fato seus associados. Uma piada novamente porque lá na audiência as entidades de representação de peso não estavam presentes e pode ser que nem aí para a questão do número de vereadores.

Logo, o que é representatividade e o que é participação? Porque continuamos querendo ser tutelados, ou obrigados a tutela, para manifestar nossa opinião sobre algo com o qual estamos diretamente relacionados? Vamos supor que uma única pessoa fosse tomar a decisão, seria bem diferente e pensando bem a consulta da Câmara de Vereadores só está sendo feita porque os vereadores não querem se queimar com seus eleitores.

Os eleitores, muito mal informados, não sabem que somos governados por um legislativo que recebeu em torno de 25% dos votos. Qual a força de um legislativo com este percentual se o executivo municipal tem mais de 50% dos votos. Nossa cidade pelas coligações vai criando somente partidos que acabam não tendo expressão nenhuma, dificilmente conseguirão eleger um vereador. Então, funcionam como cabide de emprego político partidário.

Se a quantidade de vereadores aumentarem isto muda. Os partidos podem não querer coligação porque sabem que tem uma chance. Mais cabeças fiscalizando também não agradaria o executivo. Fora que não daria para fazer determinadas negociações facilmente. E o ponto positivo seriam novas ideias e novas lideranças.

Quanto aos gastos do legislativo, este está fixado em lei e não seria problema nenhum. Mas, a população com tantos casos de corrupção não quer saber de ter o teto máximo de vereadores e sim o mínimo. Isto porque não sabem de tudo até aqui posto. Não existe interesse neste sentido e os próprios vereadores argumentam que as entidades precisam levar para a comunidade o que o vereador faz. Ora, ora, assim ou não precisaria de um ou de outro.

Voltando a representatividade, acho que é totalmente desnecessária e sempre devia haver consulta nos casos que afetam a todos. De todas as entidades do município nenhuma me representa e nem sinto qualquer falta ou necessidade até o momento. De que adiantaria pertencer a uma entidade que decidisse não estar presente porque o assunto não lhe afeta, ou que não estivesse dentro de seus objetivos institucionais. Já passei por esta situação várias vezes e percebo que de fato nada muda.

É preciso incentivar a participação cidadão, desapegada para o bem comum. Se os líderes de entidades, os donos de empresas de renome, e a lista ficaria cada vez maior, não se interessam é porque o problema é mais fundo e este ninguém está tratando. Só para uma introdução: interessa se for para fazer algum negócio e puder ter algum lucro em cima. No restante, deixa-se para que os abnegados resolvam os problemas criados por estes que justamente poderiam fazer algo e não o fazem. E ainda por cima querem exigir representatividade de quem faz quando deveriam incentivar a participação, o diálogo, a cooperação para uma sociedade melhor para todos.

Incentivar e não estar presente.

Cada vez que vou ao teatro sendo patrocinado, independente do setor, fico com uma dúvida e a reflexão vem na sequência. Conversando após o espetáculo com quem fez a apresentação, ouço que é assim mesmo e que é preciso fazer mesmo com pequeno público quando a possibilidade seria maior.

Existem diversos problemas e um deles penso ser a divulgação. É como se fosse feito porque é preciso, mas no fundo existe pouca mobilização. Se por exemplo quem promove não consegue mobilizar os seus é compreensível que outros não queiram vir.

Ainda pode ser pelo tipo do espetáculo, uma vez que muitos programas são estaduais ou até nacionais e assim a decisão de trazer pode não estar em sintonia com o gosto local. Mas, vamos e convenhamos, muitos vão para os grandes centros justamente para ter acesso a mais cultura. Logo, ter espetáculos diferentes é um atrativo.

Educação e Cultura são algo que vai sendo construído aos poucos e apreciar o diferente é sempre mais difícil. Exige pensar e tem os que apontam ser este um motivo para a pouca participação. Também pode ser.

Resta a pergunta: o que fazer? Apontaria varias ações que começam pela divulgação, pelo incentivo de participação entre os colaboradores dos próprios patrocinadores, neste caso mais do que oportuno, uma boa divulgação e continuar o movimento de trazer espetáculos diferentes.

Pessoalmente, vou continuar incentivando, fazendo divulgação e promovendo porque entendo que a cultura assim como a educação faz parte da vida como um todo e por isto são necessárias. É o alimento para novas ideias, possibilidades e oportunidades.

Continuamos sendo vassalos.

Outro dia a propaganda dizia que o futebol era uma paixão de todo brasileiro. Fico contente que esta declaração não conste da Constituição Federal, porque não tenho gosto por futebol. Mas, infelizmente o bombardeio é tanto que chegam propagandas como esta.


Fonte:
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Aproveitando o momento da copa sendo realizada no Brasil chamar a atenção para questões ambientais, para a sustentabilidade. Ora, ora, ora. Se gasta para propaganda de pouco resultado e o grosso passa.

Se a página for mesmo do Ministério do Meio Ambiente no Facebook pior ainda. Porque não foi cobrada a sustentabilidade da própria copa do mundo para servir de exemplo globalmente. Ou este todo mundo não está nem aí para o que pode acontecer aqui?

Em que acredito?

A pergunta feita no passsdo, em outro contexto, agora é pessoal. Mais fácil é dizer em que não se acredita e pode ser que lá pelo final da lista sobre muito pouco ou quase nada. Numa sociedade consumista e globalizada, quando ouço brasileiros que vão para países desenvolvidos, que consideram ícones do que deu certo, dizendo que o Brasil não tem mais jeito, que tem vergonha etc. e tal, fico mais triste comigo mesmo.

Viajei somente uma vez para o exterior e cada vez que lembro fico triste porque não consegui fazer quase nada por estas terras para uma vida melhor. Uma vida que joga cada dia mais pessoas para a margem. Verdadeiros rejeitos humanos de uma sociedade que não compreende a existência da espécie e acredita piamente na salvação individual. Um lugar onde muitos são explorados para o prazer singular de apreciar belezas e curtir maravilhas de muito poucos. Fico triste porque num bairro próximo a violência só aumenta e eu não fiz nada para melhorar isto.

Os gastos exorbitantes de dinheiro público de modo ineficiente, para não citar o roubo, gerado com os impostos e constato que os cobradores de impostos continuam sendo tão eficientes como sempre foram ao longo da história. Hoje eles estão mais sofisticados e automatizados. Automatizados como uma indústria de móveis planejados que com três máquinas e três funcionários consegue fazer de quase tudo.

Se outros países são tão desenvolvidos, éticos e evoluídos, porque aceitam a exploração destas terras e adquirem produtos que exportamos, água através da soja, para citar um exemplo? Isto é, elas, desenvolvidas sofrem do mesmo problema e colocaram aqui seus administradores mais fiéis, para continuar mantendo este jardim produtivo ao seu dispor. Basta levantar todos os casos de propina envolvendo empresas estrangeiras. No país de origem não pode e vão para a cadeia, se fizerem aqui não tem problema. Ou estou enganado?

Respondendo minha própria pergunta, ela não tem resposta no momento. A resposta vai sendo construída na medida em que for sendo autônomo, crítico e aprender fazendo. Acreditar que mudanças são possíveis e que uma vez tendo partido já não existirá volta e sim o aprendizado do que foi vivido. Acredito que tudo possa ser diferente e este é o aprendizado mais difícil.

A minha cidade - vai continuar assim?

Perguntaram se estava contra o governo municipal atual. Gostaria de deixar bem claro que não é nada partidário e que se tiverem dúvida é só perguntar quem autorizou os loteamentos morro acima no passado, porque o lixo foi escondido nos locais em questão, porque a tinta branca para as faixas de pedestre só é usada em cruzamentos que importam visualmente, e poderia citar um número infindável.

Mas, isto tudo de nada importa, o que importa é saber o que vamos fazer. Quem quer ir comigo e começar a fazer algo independente da religião, do partido ou da associação existente no momento e sem querer levar qualquer louro para esta ou aquela religião, este ou aquele partido, esta ou aquela associação? Podem dizer: calma aí, você não quer ajuda de ninguém? Aí respondo: não, porque se deixaram tudo estar no ponto em que está precisamos de algo diferente que com certeza sei que não poderá ser o que temos.

Se alguém duvidar é só provar, sou humilde o suficiente para reconhecer quando estou errado.

A minha cidade - um triste fim.

Quando caminho pelas ruas de nossa cidade, percebo que ela segue cega do mesmo modo como tantas já seguiram. Crescer, crescer e crescer é a única coisa que importa no desfile de aço com setenta quilos ou mais de um espécime humano. Somos de fato sem sentido e um erro possível do que quer que possa ser denominado de evolução.

Cinco anos atrás quando mudamos para cá, viemos porque tinha uma chance de ser um lugar onde ainda fosse possível ter desenvolvimento sem a estupidez do crescimento indefinido. Passado todo este tempo, percebo que continuamos sendo um lugar pobre, um interior favelizado como os ingleses afirmavam em seus estudos na época da ocupação colinização.

Somos tão pobres que cada centímetro quadrado de terra precisa ser transformado em dinheiro, em ganho. E o que ganhamos com isto? Infelizmente só perda da qualidade de vida. Os assaltos são rotina, as drogas não precisam mais ser consumidas nos cantos escuros. O lixo se acumula nos entornos enquanto na cidade, as vias principais são matidas limpas.

No final de semana fui para os lados do Horto Florestal, onde nem se quer entrei e segui em frente na mesma rua, passando por algumas indústrias e adentrando o terreno onde deveria ter sido construído no passado um grande empreendimento. As fundações estão lá como testemunha e uma edificação que vai se deteriorando com o tempo.

O lixo acumulado no local é grande, plásticos, metais, restos de aparelhos e tantos outros. Na volta de lá passei perto de uma árvore e lá estavam dependuradas num galho algumas calcinhas, indicando outros usos do local. Estão escrevendo artigos sobre os problemas de segurança e do que vem acontecendo em nossa cidade. Mas, ninguém quer ir a fundo.

Alguém quer atacar o problema de frente? Quem estaria disposto a sacrificar sua reeleição para levar o município rumo a sustentabilidade? Qual entidade estaria disposta a abraçar a causa e deixar de fazer ações assistencialistas que encobrem o real dano do crescimento sem limites? Até o momento penso que ninguém. Podem ter certeza, um crescimento sem limites traz todos estes problemas e outros mais, porque é um investimento na pobreza e a nossa cidade será como tantas outras, um cartão postal para visitantes, somado a alguns locais turísticos e só.

Lições do manual de redação.

Com as notícias governamentais sendo expedidas por notas e lendo seu conteúdo fico pensando para que serve o "Manual de Redação da Presidência da República". Onde, por exemplo, encontra-se o seguinte trecho:

" A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de idéias.

O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito."

Ops! Se você leu até aqui, uma informação adicional, a versão do manual é de 2002 e não foi atualizada e pode ser que nem utilizado foi.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ManualRedPR2aEd.PDF

Educação.

Com o tempo descobrem-se algumas pérolas e por assim dizer irei tecer o comentário aqui, sem comentar na linha do tempo de mais ninguém, porque a ira provocada desnecessariamente não será nada favorável para vivermos melhor. Bem entendido, nem sempre viver mais é viver melhor.

Com relação a Educação, muitos comentários sobre a reportagem do programa de televisão no final de semana. Primeiramente, assisto pouco ou quase nada de televisão, mas minha percepção é de que o circo romano continua valendo e tudo depende de quem está no poder. Se o espetáculo será bom ou não.

Assistir televisão, me remonta a obra da Márcia Tiburi, "Olho de vidro", a televisão como aquele olho que devora e quem assiste se encanta porque ele vê sua própria desgraça e fim de forma tranquila sentado no sofá. Pelo comentários todos assistiram as mazelas e descasos em diversas escolas, o esforço de alguns para educar e...

Preciso me preparar para não cometer um suicídio literato com este texto porque muitas vezes cansa pensar e repensar. Mas, quanto a mazelas da educação não é preciso ir longe se quisermos de fato provarmos nossa pertença a sociedade e nossa corresponsabilidade humanitária e social. Quantas salas de aula são construídas? Muitas ultimamente. E a formação? Continua sendo a mesma? Perguntava isto no final de semana para uma professora que reclamava que após cinco anos na escola o aluno nem sabia escrever seu nome corretamente. Ela não entendeu minha pergunta.

Precisei ser um pouco mais enfático e perguntar: os alunos que estão agora na carteira por um acaso não são filhos de quem foi seu aluno no passado, visto seus longos anos de profissão? A conversa parou por aqui.

Mas voltando, as construções físicas são fáceis e ficam visíveis. Ou alguém tem dúvida de que tudo o que vem do estado está atrelado a alguma forma de se manter no poder. Tem até um ditado popular para manter a formação, "manda quem pode e obedece quem tem juízo". Pessoalmente troquei o final para ...obedece enquanto precisa.

Existem ainda casos mais escancarados onde trocam-se salas de aula por ginásios que são melhor lembrados nas eleições. Ruas recapeadas onde a sinalização para pedestres foi embora. E os pedestres votam e justificam dizendo que poderia ser pior. Algo também formatado pela formação.

Fala-se de educação e continua-se formando e formatando pessoas. A base, fazendo uma síntese do até aqui exposto, é o circo, o espetáculo, o anestésico para depois continuar tudo como antes. Dos que reclamam, dos que julgam, atribuem esta função aos estado ou outro em seu lugar, quanto fazem para educar? A resistência é pacífica e precisa acontecer como sempre o foi em todos os tempos, estamos aqui por alguns poucos que tiveram esta visão da importância de educar fizeram sua parte. E nós, vamos continuar sendo os expectadores do circo, acomodados nos sofás, ou vamos ler um livro, contar uma estória para uma criança, cantar um canção com amigos, assistir uma peça de teatro, um grupo de dança,...?



O que dizer?

O dinheiro não sabe o que é bom ou ruim. Outro dia um ditado dizia algo mais ou menos assim, que quem precisa de religião para ser bom é um cão adestrado. Para muitos a religião passou a ser ganhar dinheiro e que o digam os diversos templos isentos de impostos. Estes, grandes arrecadadores e de outras coisas mais, ou alguém já viu dar nota fiscal de contribuição para a igreja. Assim, a maioria está adestrada para ganhar dinheiro e nem sabe bem para que. E assim, encontro em meu caminho pessoas adestradas, sem sonho, sem rumo. Seria uma ruptura?

O pior lugar para frequentar é qualquer um que tenha televisão.

Sempre penso naquela ficção onde em cada lugar tinha um monitor para vigiar e passar mensagens. Hoje está tão eficiente, indo além da ficção, que as pessoas pedem para ter a televisão em qualquer local. Isto é nem precisa vigiar, é só manter o sujeito ligado e as mensagens, bem, elas passam sem qualquer critica. Afinal, o motivo de estar no local pode ser a fila do hospital, da lotérica, do banco, ou outro. E a mensagem passa fácil. Mantendo a mediocridade que aí está. Existem as exceções que são raríssimas, bons programas e documentários, mas nenhum deles nos locais de atendimento ao público.

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